Governo indica que dará cargos ao PMDB para aprovar pacote fiscal


Ministro Aloizio Mercadante (à dir.) deixa residência do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (ao fundo)
Após amargar derrotas no Legislativo nas últimas semanas, o Palácio do Planalto sinalizou nesta segunda (23) que está disposto a fazer concessões ao PMDB para aprovar no Congresso o ajuste fiscal com mudanças em leis trabalhistas e previdenciárias.

O governo indicou que pretende contemplar seu principal aliado com nomeações nos cargos de segundo escalão e conferir mais peso à sigla nas decisões do governo.

A ofensiva em busca de apoio para o pacote fiscal começou com um almoço entre o ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) e o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), desafeto de Dilma.

O ministro foi o primeiro emissário da presidente Dilma Rousseff a buscar uma articulação direta com Cunha, que derrotou o candidato do PT, Arlindo Chinaglia, na eleição à presidência da Casa. 
A tentativa de aproximar o Planalto de Cunha ocorre após o ex-presidente Lula aconselhar Dilma a apaziguar a relação com o presidente da Câmara. Em encontro no último dia 12, Lula disse à sucessora que o governo não pode viver em ''guerra'' com o Congresso em meio à tarefa de aprovar o ajuste fiscal.
Noutra frente para afinar a articulação com o Congresso, o ministro Pepe Vargas (Relações Institucionais) se reuniu com o líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), e o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), e seriam finalizadas em um jantar do ministro Joaquim Levy (Fazenda) com a cúpula do PMDB nesta segunda-feira. 

Diante da relação desgastada com a base aliada, o governo quer acelerar as nomeações dos cargos logo abaixo de ministros ou nas estatais. A lista de desejos do PMDB e outros aliados inclui as diretorias do setor elétrico, como Eletrobras e Furnas.
No encontro com Cunha, segundo a Folha apurou, Mercadante perguntou sobre o segundo escalão. O presidente da Câmara disse que o vice-presidente, Michel Temer, é quem iria coordenar tratativas sobre o assunto. 

PACOTE FISCAL
 
A mobilização dos assessores de Dilma pelo ajuste fiscal é motivada pela resistência das centrais sindicais e dos governistas às medidas. 

O Planalto quer preservar a essência do pacote que muda regras para concessão de seguro-desemprego, abono salarial, pensão por morte e seguro-defeso para pescadores artesanais. A economia será de R$ 18 bilhões neste ano. 

O governo conseguiu retirar da pauta de votações do Congresso desta terça-feira o veto presidencial à proposta de correção da tabela do Imposto de Renda em 6,5%.
Um grupo de aliados pressionava pela discussão da matéria, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) aproveitou uma manobra regimental e adiou a análise da matéria para a sessão seguinte. O Planalto defende atualização de 4,5%, mas estuda uma alternativa.
Folha de São Paulo/Brasília