VIVER PARA SUBSISTIR
Lucas 4. 1-4
Há pessoas que simplesmente passam pela vida. Não exercem influência significativa sobre ninguém. Algumas chegam a adquirir seus quinze minutos de fama e logo se vão. Outras deixam um legado de boa influência que vai sendo repassado por gerações. Com certeza, você pode lembrar-se de um professor que marcou sua vida, um líder religioso, um profissional ou mesmo seus pais ou um de seus parentes. Gente que fez mais do que apenas sobreviver. Dou início à meditação sobre as tentações que Jesus sofreu no deserto e detecto três tipos delas no texto de Lucas 4.1-13. Hoje, vamos estudar a primeira tentação que se encontra em Lucas 4.1-4.
Após seu batismo, Jesus volta cheio do Espírito Santo (v.1). Ser cheio do Espírito Santo é deixar que ele guie sua vida, seguir a sua missão debaixo da orientação dele. No caso de Jesus, o Espírito o levou ao deserto para ser tentado. Veja o que acontece com Jesus: por dentro, cheio do Espírito; por fora, um deserto sem vida. Ser cheio do Espírito Santo nem sempre o levará a uma vida de prosperidade, popularidade e poder mas a um árido e tortuoso deserto. Se hoje você está num “deserto”, talvez este seja o caminho que o Espírito escolheu para que você descubra a vontade dele para sua vida.
Jesus ficou quarenta dias no deserto, sem comer nada neste período (v. 2). Certamente, bebeu água pois a abstinência foi apenas de alimentos. Ele devia ser um homem-forte física e espiritualmente, pois aguentou firme esta situação difícil. Este período teve um objetivo: ele seria tentado exaustivamente pelo Diabo. Preste atenção: foi o Espírito Santo que o levou para ser tentado, para passar por esta prova. Seu adversário, o Diabo, é um torturador perito e vai investir com todas as suas armas contra este homem. O Diabo também deseja tirar suas últimas dúvidas sobre a identidade desta pessoa: ele tem sérias desconfianças de que este Jesus de Nazaré seja o próprio Filho de Deus. No final dos quarenta dias, teve fome. Vamos entender esta “fome”: ele sentiu fome desde que começou o jejum. Ao final de quarenta dias, ele estava com sua condição física totalmente comprometida, à beira da morte. Jesus corria um seriíssimo risco de morrer.
Neste contexto, ocorre a primeira tentação (v.3). O Diabo tenta-o colocando em dúvida sua relação filial com Deus: “se és o filho de Deus”. O que ele quer dizer é o seguinte: “como é que você está nesta situação aflitiva se é o filho de Deus? Não pode ser assim. Isto não está certo. Você é o filho de Deus e tem direito a uma vida boa, tudo com fartura, do bom e do melhor”. O Diabo sempre tenta opor Deus a nós. Quando passamos por períodos de doença, tristeza, desemprego, frustração, relacionamentos rompidos, ele vem sussurrar em nossos ouvidos que Deus não gosta de nós, que ele não se importa conosco. O Diabo nos diz que Deus só gosta daquelas pessoas cujas vidas vão muito bem. A proposta do Diabo a Jesus é que ele mandasse a pedra transformar-se em pão. Afinal, ele precisava viver. Sua subsistência física deveria ser o objetivo de sua vida. Esta é uma tentação forte que persegue os seres humanos. O Diabo tenta nos enganar dizendo que a sobrevivência física e a satisfação dos prazeres humanos tais como comida, bebida, corpo sarado, sexo, vícios e outros são a razão de nossa existência. O apóstolo Paulo cita um dito de sua época e que retrata bem este tipo de pessoa: “comamos e bebamos porque amanhã morreremos” (I Co 15.32). A sociedade atual organiza-se ao redor do prazer. Analise as propagandas para a venda de produtos hoje. Observe por qual motivo as pessoas estão roubando e matando? Por que famílias, de longos anos de convivência, estão se separando? O motivo é um só: o prazer de satisfazer nossas necessidades físicas e nossos desejos tornou-se a razão de nossa existência. E mais: não importa se esta satisfação for imoral ou ilegal, importa consegui-la de qualquer maneira.
Jesus responde ao Diabo com a Palavra de Deus (v. 4). É a Bíblia que vai dar discernimento e vitória ao lutar contra esta tentação. Sua palavra foi: “nem só de pão viverá o homem”. Jesus quer nos dizer o seguinte: se sua pretensão na vida for apenas satisfazer suas necessidades e prazeres pessoais, então você não viveu! Você apenas passou pela vida. A verdadeira vida, embora conste da satisfação de nossas necessidades básicas, tem propósitos muito mais elevados de existência. A grande pergunta a ser respondida é: “eu existo para quê?”. A brasileira presa na Rússia em 2013, por causa de atividades do grupo Greenpeace, elegeu a causa do meio ambiente para sua vida e não apenas sobreviver. É tocante a foto de um menino negro tocando violino e chorando no funeral de seu professor que tirou muitas crianças da marginalidade para ensinar música. Este professor encontrou seu propósito de viver. Segundo a Bíblia, o maior motivo para viver é promover a glória de Deus: “assim, quer vocês comam, bebam ou façam qualquer outra coisa, façam tudo para a glória de Deus”. E você, leitor, apenas sobrevive satisfazendo seus prazeres e necessidades ou vive por uma causa maior que você?