Por Emerson Araújo
A seleção brasileira de futebol não jogou pra mim e nem pra ninguém nesta tarde/noite de terça-feira no Mineirão. E nem a capela do belo hino nacional harmonizou as pernas de jogadores trôpegos diante de um adversário que tomou conta de todos os pedaços da arena mineira.
Na verdade não houve uma partida de futebol entre dois times iguais, mas sim uma sinfonia do escrete vestido de cores emprestadas que subjugou uma seleção que não honrou em noventa minutos a festa das ruas, o povo que aboliu o complexo de vira-lata na feitura da copa eficaz.
É preciso dizer que a derrota da seleção brasileira, neste dia sem sal, foi humilhante não pela derrota já desenhada na escalação do time, na ausência de táticas consistentes como as do passado glorioso não tão recente, mas pelo vergonhoso placar elástico de 7x1 e pela entrega dos nossos símbolos pátrios aos alemães vorazes.
Mas há uma esperança presumida nesta tragédia de cunho nacional, nesta terça-feira amarga para o nosso escrete, o fim, entre nós, de uma era do futebol burocrático e desarrumado, de treinadores que apostam na covardia retranqueira, na teimosia e falta de coragem de inovar e liberar a criatividade dos nossos moleques bom de bola. É uma lição visível para que os patronos atuais e futuros da CBF saiam do gerencialismo que desprestigia a vocação brasileira pela vitória, pelo drible que sai na cara do gol e balança a rede.
Repito, a seleção brasileira de futebol não jogou pra mim e nem pra ninguém nesta tarde/noite de terça-feira no Mineirão. E reconhecendo que a realização da copa do mundo de futebol/2014 como um gol de coragem assumida pelo país, fica a lição nas sábias palavras de Mestre Gaudêncio, meu vizinho de Tuntum, a Alemanha não nos deu uma pisa, nos deu um piseiro. Este é o sentimento dos 199.999 milhões de brasileiros agora.
Emerson Araújo é professor.