Escola Digna muda história de 50 anos de abandono à educação no Maranhão


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Blog do Jorge Vieira – É fato que para uma nação, estado ou cidade crescer a chave está na educação, mas apesar disso a história no Maranhão mostra que nos últimos 50 anos essa não foi a regra no estado. Apenas este ano, se viu pela primeira vez, o empenho de um governador para mudar a realidade nefasta de estudantes de diferentes séries aglutinados em barracões de barro com telhado de palha.
O programa Escola Digna lançado pelo governador Flávio Dino não poderia ter nome melhor, é de fato dar dignidade não apenas a estudantes, mas também aos professores dessas unidades. Acima de tudo, o programa é um socorro aos municípios, uma vez que o problema ocorre essencialmente nas redes municipais.
O que se viu em quase 50 anos de mandato político do grupo Sarney foi um fechar de olhos para esse problema, deixando os prefeitos à revelia e castigando principalmente o futuro de pequenos maranhenses penalizados com a falta de estrutura e condições tão adversas para o aprendizado.
Para este primeiro ano do programa, a meta anunciada do Governo do Estado é licitar a construção de 300 escolas, sendo que 182 já estão com processos em andamento e em Marajá do Sena já foram iniciadas as obras das 12 primeiras escolas.
O socorro urgente à educação nos municípios não inclui apenas a estrutura física, as prefeituras que fizeram o credenciamento e adesão ao programa também terão assistência técnico-pedagógica para os professores e para as secretarias municipais de educação.
É a primeira vez que o Governo do Estado descruza os braços para um problema grave e apresenta uma alternativa de socorro para os prefeitos de todo o estado. Investir na educação significa acreditar na riqueza que os maranhenses podem proporcionar.

Música para paz

Pesquisadora argentina defende mudanças no processo de escolarização para tornar o aprendizado eficaz e relevante

Guillermina Tiramonti: as mudanças em curso no sistema educacional ainda são dispersas e marginais


Ricardo Braginski
Guillermina Tiramonti: as mudanças em curso no sistema educacional ainda são dispersas e marginais
Esta entrevista foi feita em um dia fora do comum na cidade de Buenos Aires. É terça-feira, mas as ruas estão em completo silêncio. Não se escuta o som dos carros, e não se vê nenhum ônibus. Não há jovens nas escolas. É um dia de feriado nacional, decretado pelo conjunto das centrais de trabalhadores que pedem a revogação do imposto de renda que atinge diretamente os assalariados. Em meio a tanto silêncio, a pesquisadora Guillermina Tiramonti recebe Educação em sua casa para falar sobre a especialidade com a qual vem trabalhando nos últimos anos: o ensino médio. 


Tiramonti é pesquisadora na Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso) e professora da Universidade Nacional de La Plata. Licenciada em ciências políticas, toda sua carreira foi feita na área de educação, como professora e como pesquisadora. Nos últimos anos, especializou-se no ensino médio e escreveu pesquisas e livros sobre o tema. É uma das vozes mais ouvidas na hora de analisar a crise que assola essa etapa da educação.


Quais são as principais competências e habilidades que a escola de ensino médio deve ensinar hoje?

Esse é o cerne da questão. Estamos em um contexto de mudança cultural que exige das novas gerações uma série de habilidades individuais para participar tanto do mundo social, quanto da política e da economia. Eles são obrigados a extrapolar o conhecimento e a experiência para fazer seus projetos de vida, resolver problemas por si mesmos, serem capazes de se comunicar. Diante desta situação, o tipo de educação que os adolescentes estão recebendo não é a adequada. As referências culturais da escola média hoje são o Iluminismo e o enciclopedismo. A escola ainda está baseada na retenção de conteúdos, e não na capacidade de transformar esse conhecimento em instrumento de articulação e diálogo com o mundo.

Mas algumas mudanças estão começando a ser vistas na escola...

Mudanças sim, e muitas. Mas todas marginais e muito dispersas. Como política oficial, não há nada nesse sentido, nem na Argentina, nem em toda a América Latina. As políticas oficiais são direcionadas a aperfeiçoar o modelo moderno de escola, que é o da escola tradicional, ou para fazer com que os jovens dos setores populares - que agora estão começando a ir para o ensino médio - consigam permanecer na escola, que todos sabemos ser feita para selecionar, e para não universalizar. Em todos os países da América Latina, registramos uma série de propostas e tentativas para melhorar a retenção dos jovens, como aulas de apoio, tutoria e mudanças para tornar o percurso educacional mais flexível. Tudo isso é válido, mas não aponta para o tipo de conhecimento e habilidade de que eles precisam, de que falamos no início.

Existem projetos que consideram as novas competências e conhecimentos necessários para os jovens?

Sim, existem alguns muito pontuais. Por exemplo, na província de Córdoba, na Argentina, há um projeto-piloto de fazer os alunos trabalharem por projeto, que é o tipo de abordagem pedagógica que visa a formação das novas competências. Algumas escolas privadas da Argentina também já estão fazendo isso. Na Colômbia, existe uma experiência com jovens de setores vulneráveis. Mas o que acontece, às vezes, é que essas escolas mantêm o currículo tradicional pela manhã e à tarde fazem a experiência alternativa. Isso ocorre porque existe uma resistência muito forte à mudança por parte do núcleo duro da escola tradicional, que pensa ''''cada professor tem de ter sua disciplina''''. As experiências mais radicais anulam as disciplinas e o jovem trabalha em projetos nos quais exerce o papel de protagonista do processo de aprendizagem. Mas, para isso, eles devem contar com todo tipo de suporte para realizar visitas a locais de interesse e tocar adiante seus projetos. Também necessitam de professores para guiá-los e, ao mesmo tempo, lhes fornecer as noções básicas de que necessitam. Não há mais um programa de matemática, mas professores que dão os conceitos de matemática necessários para a realização dos projetos.

Nesse contexto, qual o perfil necessário para o professor? Como a senhora avalia a formação dos professores e as políticas de capacitação?

Um país de referência nisso é a Finlândia, que tem os professores de melhor qualidade. A exigência para entrar na profissão docente é extremamente forte e também há muita regulação posterior, o que não significa exames. Há regulação dos pares, sistema pelo qual os alunos de pedagogia observam os professores em atividade, entre outras coisas. Os mais bem remunerados na profissão têm um salário acima da média da população. É um modelo com docência de excelência. Temos de ir nessa direção.

Quão longe estamos disso?

Muito longe. No entanto, existem outras experiências que também temos de observar. Por exemplo, uma experiência dos jesuítas em Barcelona, que teve muita popularidade nos últimos meses. Eles têm uma dúzia de escolas de ensino médio em Barcelona. Em três ou quatro delas, acabaram com as disciplinas e estão trabalhando por projeto desde os anos finais do ensino fundamental até os dois primeiros anos do ensino médio. Eles fazem isso com professores que orientam e fornecem os conceitos de que os alunos necessitam. Nesse caso há bons professores, mas não se modifica estruturalmente a carreira docente.

Em seus trabalhos a senhora fala em "escolarização de baixa intensidade". A que se refere?

Refiro-me a uma escolarização onde há um processo pedagógico de pouca relevância, seja porque o que se ensina, ou se pretende ensinar, é culturalmente pouco relevante, seja porque o que se aprende, se esquece no outro dia - que é o que geralmente acontece. Há também os casos em que o processo é continuamente interrompido em função ou da ausência do professor ou do aluno. Temos altos índices de absenteísmo tanto de professores como de estudantes. As ocasiões em que se juntam alunos e professores são poucas e, nessas poucas vezes, nem sempre se passa algo na classe que seja relevante, ou que permita ao aluno acessar os conceitos básicos da disciplina. Descobrimos por meio de uma pesquisa, que não terminamos ainda, que, dentro das disciplinas, se lida com uma série de conhecimentos irrelevantes, enquanto conceitos básicos e centrais são deixados de fora. Isso está acontecendo na maioria das escolas aqui na Argentina.

Quais são as principais medidas para se passar de uma escolarização de baixa intensidade para uma de alta?

Precisamos criar instituições educacionais que deixem de ser um espaço de passagem de alunos e professores para se transformarem em instituições com um corpo docente, com uma equipe de inovação para alimentar o processo de ensino-aprendizagem dessa escola, com uma direção que esteja regulando e guiando esse processo, e com um Ministério da Educação que, por sua vez, forneça ideias, materiais etc. É o inverso do que está sendo feito. Agora dizem que temos de ter excelentes professores, melhorar a formação, mas são apostas individuais. A experiência mostra que devemos assumir o compromisso de não reduzir a instituição a fazer um mero "projeto institucional", onde cada um elabora um pequeno projeto que não impacta em nada o todo.

A escola pode promover a igualdade, quando a sociedade é tão desigual?

Não. Se você olhar para os países que alcançaram uma educação mais equitativa, perceberá que já eram sociedades mais igualitárias. A escola pode melhorar as oportunidades para alguns indivíduos, de alguns setores sociais, como a classe média. Mas como uma possibilidade de igualdade de oportunidade para todos, não. É necessária uma sociedade mais equilibrada, mais justa. E não é verdade que a escola tradicional foi feita para igualar toda a população. A escola primária tinha a intenção de divulgar instrumentos básicos da cultura e homogeneizar culturalmente, em seus valores e princípios, uma população muito heterogênea. Mas o ensino médio foi concebido como uma escola diferenciadora. Agora temos de pensar de forma diferente e romper o propósito diferenciador da escola moderna. Mas a mudança para reduzir as desigualdades deve vir do mundo do trabalho. O que importa é que o mercado de trabalho se amplie e diversifique. Como a classe média surgiu na Argentina? Foi porque os jovens foram para a escola, mas também porque havia um mercado de trabalho onde as pessoas podiam ser inseridas. Se agora se democratiza a escola e aumenta o número de egressos, mas o número de postos de trabalho que exigem qualificação se mantém estável, o que acontece é que, para as posições mais básicas, se começa a exigir mais qualificação, sem que isso se traduza em salários mais altos ou melhor qualidade de vida.

Fonte: Revista Educação/UOL - 222

Como ficam os secretários escolares com a modernização da gestão e informatização

Secretaria exige profissionais mais capacitados, com formação específica e que saibam reconhecer sua importância na estrutura da escola



Fonte: Revista Educação/UOL
© iStockphoto


Coração da escola. Termômetro. Cartão de visita. Elo família-escola. Não faltam metáforas para descrever a importância da secretaria - e dos secretários - dentro da estrutura escolar. Responsáveis por toda documentação e arquivamento de informações, os secretários também são a interface entre a escola e os pais de alunos; são o braço direito de diretores em tudo que se refere à legislação educacional e, muitas vezes, fazem o papel de gestores de recursos humanos entre os professores. Após muito tempo "escondidos" entre a papelada da secretaria, nos últimos anos esses profissionais passaram a ser mais valorizados por governos e disputados no mercado de trabalho por escolas particulares de todos os portes. A capacitação dos secretários tem sido mais estimulada e a categoria ainda ganhou um curso técnico exclusivo para quem quer seguir carreira na área e se desenvolver profissionalmente.

"Atualmente há uma busca pela qualidade da gestão escolar. Antes os cursos eram voltados somente para o professor e para a atuação em sala de aula", afirma Ana Cristina Canettieri, diretora do Centro Educacional Paulo Nathanael (CEPN). Vários fatores contribuíram para essa mudança no que diz respeito à capacitação dos secretários. O principal deles, de acordo com a educadora, foi a criação do curso técnico em secretaria escolar, em 2008. Descrito no Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos produzido pelo Ministério da Educação (MEC) dentro do eixo Desenvolvimento Educacional e Social, o programa de 1.200 horas abrange os mais diversos tópicos, de informática e técnicas de atendimento ao público até planejamento e gestão educacional, passando por legislação e métodos de registro e controle acadêmico.

O grande leque de atribuições do secretário faz com que a sua atuação seja sentida em outros setores da escola. "A secretaria é um termômetro. Se ela está desorganizada, os reflexos serão sentidos tanto na hierarquia superior quanto na sala de aula. E mesmo quando a sala de aula não está ativa, o secretário está trabalhando", diz Ana Cristina. Nas escolas públicas, ela observa, o secretário é ainda mais exigido. "O secretário precisa acompanhar a vida funcional dos professores. Muitas vezes eles fazem o papel de gestor de recursos humanos, mas sem ter a qualificação para isso", afirma.

Mudança tecnológica

A qualificação envolve também a atualização de conhecimento em relação a ferramentas e sistemas utilizados no dia a dia da secretaria. Nas últimas duas décadas, saber utilizar computadores e internet passou a fazer parte das atribuições básicas de um profissional da área. A coordenadora do curso técnico em secretaria escolar do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), Clara Agostini Oliveira, observa que essa mudança geracional é um tema bastante debatido nas aulas do curso de formação. "Eu me lembro perfeitamente de vivenciar nas escolas a inserção de equipamentos que permitiram que os históricos escolares fossem todos informatizados. À época, cerca de 25 anos atrás, eu encontrei secretários escolares que tinham resistência a essa nova tecnologia", conta.

A resistência a mudanças e o estranhamento com as novas tecnologias exigem que os gestores e formadores saibam lidar tanto com os novos profissionais nas escolas quanto com aqueles mais antigos, que agora se veem de volta à sala de aula para aprender sobre a profissão que já exercem há anos ou décadas. Em muitas redes públicas de ensino, o curso técnico passou a ser obrigatório para quem quer entrar na função ou para quem precisa evoluir na carreira. "No IFRJ, temos uma proposta de aproveitar a experiência desses profissionais mais antigos para agregar à formação daqueles que estão chegando. Existe um conhecimento do senso comum, da prática, da vivência, que não é menos importante que aquele conhecimento com viés acadêmico e científico. Não é menos importante, mas é diferente", afirma Clara. 

Um exemplo prático está em uma das principais atribuições do secretário: o arquivamento de históricos e documentos. No curso técnico, o aluno tem aulas de arquivística, a disciplina que estuda os princípios e técnicas dos arquivos. "Uma escola pode ter um arquivo muito bem organizado porque o secretário tem um senso de organização, mas eu posso ter acesso aos princípios teóricos que me orientam como um arquivo pode ser mais bem organizado", explica a coordenadora do IFRJ, que oferece o curso no âmbito do programa Profuncionário, iniciativa federal para a formação de funcionários de escola (leia mais no box).

Ana Cristina Canettieri também percebe que abordar o "senso comum" com que o trabalho dos secretários é feito é um dos desafios da formação. "Há certos cacoetes que se mantêm: o secretário faz de um jeito porque o anterior fazia assim. Mas as decisões devem ser baseadas na legislação, não no que o secretário anterior fazia", ressalta. Ela também percebe que, com a modernização dos sistemas de administração e a informatização, o perfil dos secretários também começa a mudar e a se tornar mais variado: se antes era uma ocupação quase que exclusivamente feminina, a carreira em secretaria escolar agora tem atraído mais homens. A formação também garante uma compreensão maior da própria importância do secretário dentro da estrutura escolar. "Os alunos (do curso técnico) falam muito de como se sentem mais seguros para atender os pais e professores. Agora eles entendem toda a responsabilidade da função que exercem", afirma a diretora.

Preferência

Com a percepção crescente da importância da capacitação para exercer um cargo vital dentro da instituição de ensino, estados e municípios têm procurado dar preferência a profissionais com qualificação específica nos concursos públicos, além de estimular a formação continuada. O governo do Distrito Federal é um desses que exigem o diploma de técnico em secretaria escolar para preencher as vagas de secretários. "A sociedade vem cobrando cada vez mais a especialização das funções públicas, principalmente na escola. Quanto melhor a capacitação, melhor será o serviço prestado para a sociedade", afirma o coordenador regional de ensino de Ceilândia, Marcos Antônio de Sousa. Cerca de 100 mil alunos estão matriculados nas escolas de Ceilândia, de um total de 480 mil no DF.

"O secretário é o cartão de visita da escola. É com ele que os alunos e os pais vão ter o primeiro contato quando chegam a uma escola", aponta o coordenador. Segundo ele, a especialização permite que os profissionais saibam utilizar as ferramentas e sistemas tecnológicos de maneira mais eficiente, reconheçam a importância de seu trabalho e, consequentemente, evoluam profissionalmente. "O secretário é o responsável por toda a vida escolar do aluno. Imagine que daqui a dez ou quinze anos você precise do seu histórico escolar do ensino fundamental. Ele precisa estar bem arquivado", exemplifica.


© Gustavo Morita
Jailton Miguel da Silva: escolas de grande porte valorizam profissionais com formação específica

Os cursos de qualificação oferecidos pelo Ministério da Educação e pelo governo do DF permitem que o assistente possa subir na carreira, diz Sousa, mas para ocupar uma vaga de chefe de secretaria o profissional deve aliar a formação à experiência no dia a dia da escola. E o candidato também precisa estar preparado para trabalhar intensamente. "São pessoas muito dedicadas à educação. O cargo de chefe de secretaria exige muitas vezes ultrapassar o horário de trabalho; são pessoas que estão lá porque acreditam no serviço e querem prestá-lo da melhor forma à sociedade", afirma o profissional.

Michele Alves de Moraes é chefe de secretaria no Centro de Ensino Médio 3 de Ceilândia, uma das maiores escolas do Distrito Federal, com cerca de 3,2 mil alunos. Aos 36 anos, é graduada em biologia e era professora da disciplina, mas em 2013 passou no concurso para o cargo. Michele conta que alguns fatores contribuíram para fazer o curso técnico na área e tentar seguir a carreira: a vontade de continuar no ambiente escolar, o gosto pela área administrativa e a afinidade com a área financeira. 

Para Michele, a função exige um profissional dinâmico e que saiba driblar as dificuldades características da área pública. "Temos algumas carências de equipamentos, como computador, impressora, internet. É preciso saber improvisar. Muitas vezes temos de auxiliar os professores em questões básicas de informática", conta. Em sua opinião, somente a experiência prática é capaz de desenvolver as  habilidades necessárias para lidar com situações do tipo. "No curso você aprende a parte teórica, mas o trabalho mesmo você aprende na prática, por isso a vivência do estágio é fundamental", reforça. Hoje ela trabalha com mais seis pessoas na secretaria, mas, pela legislação, seriam necessárias mais três na equipe.

Diploma valorizado

Mesmo em redes em que o curso técnico não é obrigatório, um diploma significa evolução na carreira, como é o caso do município de São Paulo. A secretária Nilce Ruiz Romero, 63 anos, é funcionária de uma escola da rede paulistana há 13 anos, onde entrou como auxiliar. "Eu busquei o curso para me aprimorar e também porque precisava dos pontos para evoluir na carreira", relata. Na opinião dela, a função está sendo mais valorizada e, no caso da escola onde trabalha, no bairro de Cangaíba, zona leste da cidade, o apoio da direção é fundamental. "O reconhecimento é difícil no serviço público; o cargo é muito estressante, tem muitas urgências e cobranças, mas sinto muito prazer no que faço", afirma. Nilce diz que há problemas, claro, especialmente quando se trata de informatização e equipamentos. "Quando há mudança de sistema sempre dá dor de cabeça, e há uma tendência dos mais velhos de reclamar", observa.

Nos colégios particulares, há uma preocupação crescente em capacitar também os funcionários - algumas redes pagam o curso técnico para os secretários mais antigos de casa, e os novos que contam com um diploma do tipo no currículo têm vantagem nos processos seletivos. Foi esse o caso de Jailton Miguel da Silva, 24 anos, que recentemente foi contratado por uma escola privada da zona leste de São Paulo. Segundo ele, sua grande vantagem foi ter um diploma de técnico em secretaria escolar no currículo, além de experiência prévia na área. "Eu trabalho em secretaria escolar desde os 16 anos, mas completei o curso no começo deste ano. As escolas de grande porte hoje levam muito em conta a formação para contratar", diz. 

De acordo com Jailton, o curso foi fundamental para dar apoio teórico àquilo que ele já fazia. "Adquiri muitos conteúdos que não conhecia, principalmente em relação a leis e nomenclaturas. A área está passando por muitas transformações, com novos pareceres, novos processos de documentação", conta. Para continuar crescendo na carreira - que é o que ele pretende fazer - o caminho é um só: se atualizar.


Profuncionário  
Para os secretários de escolas públicas, o principal meio de formação técnica é pelo programa Profuncionário, do governo federal. Desde 2008, as quatro habilitações do programa (secretaria, multimeios, alimentação e infraestrutura) são oferecidas pelos Institutos Federais e em modalidade a distância. "A intenção do Profuncionário é que a partir da habilitação desses profissionais haja um movimento de valorização dos funcionários", diz Clara Agostini Oliveira, coordenadora do curso técnico em secretaria escolar do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). O curso do IFRJ é voltado preferencialmente para funcionários em atividade, e conta com polos em toda a região centro-sul do estado. "Esses profissionais têm sua função gestora, mas também são educadores", observa.

CIRO: RISCO DE GOLPE EXISTE, MAS JÁ VIRAMOS O JOGO

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Potencial candidato à presidência da República em 2018, o ex-governador Ciro Gomes concedeu entrevista ao jornalista Lino Bocchini em que abordou aspectos importantes da crise atual; "A razão para impeachment é só uma: o cometimento de crime de responsabilidade dolosamente praticado, ou seja, com culpa consciente do presidente da República. E mesmo o mais picareta dos nossos adversários sabe que Dilma é uma senhora honrada e que não dá para acusá-la de ter cometido crime de responsabilidade, muito menos dolosamente", diz ele; sobre Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele o classifica como "picareta-mor" da República; "A elite brasileira percebeu que é absolutamente inexplicável você evoluir para impedir a Presidência da República, romper as instituições e introduzir uma instabilidade política de 20 anos no País, começando pela assinatura de um picareta processado como formador de quadrilha, ladrão do dinheiro público, manchete nos jornais do mundo inteiro. Esse ciclo (do golpe) estamos vencendo. Mas ele voltará muito rapidamente se não acertarmos a mão", alertou


247 – Potencial candidato à presidência da República em 2018, o ex-governador Ciro Gomes concedeu entrevista ao jornalista Lino Bocchini (leia aqui a íntegra) em que abordou aspectos importantes da crise política atual. "A razão para impeachment é só uma: o cometimento de crime de responsabilidade dolosamente praticado, ou seja, com culpa consciente do presidente da República. E mesmo o mais picareta dos nossos adversários sabe que Dilma é uma senhora honrada e que não dá para acusá-la de ter cometido crime de responsabilidade, muito menos dolosamente", afirmou.

No entanto, Ciro não aliviou críticas à situação econômica atual. "O preço caro é que a esmagadora maioria da população mais pobre estava em ascensão social, melhorando de vida a cada dia há 12 anos, imaginando com segurança ser para sempre, prevendo seus filhos livres de suas humilhações e com condições que os pais jamais tiveram. E agora estão escorregando. Estamos em decadência", afirmou.

Ciro disse ainda que o Congresso deveria estar discutindo caminhos para a redução da taxa de juros. "O Congresso, em vez de enfrentar a despesa mais criminosa e imoral de todas, a despesa com os juros para o financiamento dos bancos, vem propor cortes no Bolsa Família. Isso é bem a cara da plutocracia escravagista brasileira. Eles perderam o pudor na medida em que nós, deste lado, estamos falhando na tarefa de administrar a economia, na tarefa de passar um sinal de decência no trato da coisa pública e na tarefa de sinalizar esperança para o futuro da sociedade brasileira."

Em relação ao impeachment, ele afirmou que o risco de golpe persiste, mas vem sendo afastado. "O risco é permanente. Mas neste momento nós estamos virando o jogo golpista. Estamos ganhando a parada. Apesar de todos os erros, fomos ajudados pelo Ministério Público da Suíça, que nos mandou essas contas espúrias do picareta-mor da República, Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, representante de uma maioria de corruptos", afirmou.

"A elite brasileira percebeu que é absolutamente inexplicável você evoluir para impedir a Presidência da República, romper as instituições e introduzir uma instabilidade política de 20 anos no País, começando pela assinatura de um picareta processado como formador de quadrilha, ladrão do dinheiro público, manchete nos jornais do mundo inteiro. Esse ciclo (do golpe) estamos vencendo. Mas ele voltará muito rapidamente se não acertarmos a mão", alertou.

Mídia concentrada

Ciro também fez críticas à concentração dos meios de comunicação no Brasil. "Nossa grande mídia pertence basicamente a 5 famílias. Vamos ter essa clareza: a mídia brasileira é nepotista. São 5 famílias donas do que se chama mídia nacional. Qual a solução para isso? É uma bobajada a la PT, regular a mídia, fazer um despotismo esclarecido de cima para baixo? Ao fazermos isso, imediatamente entregamos para eles o discurso correto da censura, da intervenção indevida", afirmou.

"Por aqui temos de financiar alternativas. E já há essas alternativas, como as cooperativas de jornalistas. Temos que empoderá-las, mudar a distribuição da verba publicitária do governo. Distribuir progressivamente as verbas publicitárias ao invés de ficar em critério de audiência. Temos que fazer o esforço de toda sociedade sadia: reforçar as minorias, acreditar na inteligência do povo e enfrentar essa interdição [do debate sobre mídia]", finalizou.

Conselho da SSP se reúne para debater combate a incêndios na reserva Araribóia

Foto 1 - Conselho da SSP se reúne para debater sobre incêndios na reserva Arariboia
Secretário Jefferson Portela durante reunião com os integrantes do Conselho Superior da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Foto: Divulgação
O Conselho Superior da Secretaria de Estado de Segurança Pública (CSSP) esteve reunido com autoridades do estado para debater assuntos relacionados aos povos indígenas afetados diretamente pelos últimos incêndios ocorridos na reserva Arariboia, área de Floresta Amazônica no Maranhão.

Na ocasião, o secretario Jeferson Portela, parabenizou as ações realizadas pelo Corpo de Bombeiros no combate ao incêndio na Reserva indígena dos Arariboia. Desde o mês de setembro equipes de militares vem trabalhando no combate a um dos maiores incêndios florestais dentro uma terra indígena.

“O Governo do Estado adotou todas as providencias cabíveis para controlar as queimadas que atingiram a reserva há 30 dias. Essas ações visam garantir a integridade e a vida das famílias indígenas que residem na região”, disse o coronel Célio Roberto, comandante do CBMMA. Ainda segundo o coronel Célio, os focos de incêndios estão controlados, mas é necessário uma inspeção mais detalhada para garantir a segurança das comunidades próximas da reserva.

O coronel Célio Roberto, esteve nas áreas atingidas pelo incêndio, onde se reuniu com líderes de aldeias, e destacou a importância de capacitar a população indígena para prevenir princípios de incêndios. O secretário de Segurança Pública informou que deve se reunir com representantes indígenas para tratar de assuntos relacionados as comunidades.

Além do secretário de Segurança, Jefferson Portela, estiveram presentes na reunião o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar do Maranhão (CBMMA), coronel Célio Roberto; o comandante geral da Polícia Militar (PMMA); o corregedor geral da Secretaria de Segurança Pública, Fernando Moura de Lima; o delegado geral da Polícia Civil, Augusto Barros; a procuradora do Estado, Renata Bessa da Silva Castro; o diretor-geral do Detran, Antônio de Jesus Leitão Nunes; a ouvidora de Segurança Pública, Elivania Estrela; e a secretária Executiva do Conselho da CSSP,Claudete Rabelo Santos Hildelfonso.

Fonte: SSP/Governo do Maranhão

Prefeito de Balsas-MA é afastado do cargo por não cumprir Ação Civil Pública

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Nesta quinta-feira (29), a 1ª Vara da Justiça da comarca de Balsas afastou do cargo o prefeito Luíz Rocha Filho, mais conhecido como “Rochinha”.

O afastamento será por um período de 90 dias, em virtude de o gestor não ter cumprido a decisão judicial da Ação Civil Pública que visa à conservação da Aérea de Preservação Permanente do Rio Balsas (APP).

A decisão, também, determina que Ministério Público do Maranhão (MP-MA) investigue um possível caso de Improbidade Administrativa.

De acordo com a Justiça de Balsas, o prefeito Luiz Rocha Filho não pode realizar nenhuma atividade do cargo durante o afastamento. Em caso de desobediência no período ele será multado em R$ 5.000,00.

Com o afastamento, o presidente da Câmara de Vereadores deve dá posse ao vice-prefeito. A medida visa evitar que a cidade não fique sem gestor municipal.

A Vara da Justiça de Balsas, também, destacou que o prefeito pode recorrer a decisão. (iMirante)

Quadrilha explode caixas eletrônicos em Passagem Franca




Jornal Pequeno - Uma quadrilha com cerca de 15 homens explodiu os caixas eletrônicos da agência do Banco do Brasil no município de Passagem Franca durante esta madrugada (30). De acordo com a Polícia Civil, o bando ainda tentou explodir os caixas eletrônicos do Banco Bradesco mas foram impedidos por um policial que estava de folga. Houve troca de tiros e os bandidos fugiram em dois carros.

Policiais que estavam no município de Presidente Dutra foram deslocados para o local e iniciaram as buscas pela região.

Ainda segundo os policiais, uma das viaturas teve os quatro pneus furados por ouriços deixados pelos bandidos. O valor roubado não foi divulgado.

Chega ao fim incêndio que destruiu 220 mil hectares de área de preservação em Arame

Incendio Arariboia

UOL – Depois de quase 40 dias de mobilização, o Ibama finalmente conseguiu acabar com um dos maiores incêndios já enfrentados no País. O fogo destruiu nada menos que 220 mil hectares da região que faz parte da terra indígena Arariboia, no município de Arame, no Maranhão.

Trata-se de uma área equivalente a 220 mil campos de futebol e que corresponde a 52% da área de proteção ambiental, que chega a 420 mil hectares.

Cerca de 300 agentes participaram da operação coordenada pelo Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Ibama (Prevfogo). Segundo Gabriel Zacharias, chefe do Prevfogo, agora que a situação está sob controle, o contingente deve ser reduzido para cerca de 60 pessoas, para atuar na ronda e acompanhamento da região.

“Foi a maior operação do programa até hoje. O importante é que agora a área está segura”, disse Gabriel Zacharias. “Essa é uma das poucas onde ainda existem índios isolados do País. Conseguimos proteger essa área, onde vivem 80 índios isolados.”

Com o fim do incêndio, as investigações devem se concentrar nas ações criminosas de madeireiros da região. Segundo o Ibama, há forte indícios de que os próprios madeireiros sejam responsáveis por boa parte dos focos de incêndio, dificultando a ação dos agentes.

Nessa semana, duas serrarias que usavam madeira de origem ilegal no município de Arame (MA) foram fechadas e duas pessoas foram presas e encaminhadas à Polícia Federal (PF). Dez fornos a carvão que já haviam sido embargados pelo Ibama há dois anos estavam em operação e foram destruídos.

Há duas semanas, uma equipe de fiscalização do Ibama foi atacada a tiros por criminosos que roubavam madeira da terra indígena Arariboia. O agente ambiental Roberto Cabral, que coordenava a operação, foi baleado no braço direito. A tentativa de homicídio é investigada pela PF. Após o atentado, as ações de combate à extração ilegal de madeira foram intensificadas.

JN SOFRE PRIMEIRA DERROTA PARA RECORD EM SP

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Telejornal apresentado por William Bonner e Renata Vasconcelos foi superado pelo folhetim Os Dez Mandamentos; "A novela registrou média de 21,4 pontos, contra 20,3 da Globo, 10,6 do SBT e 2,1 da Band. No confronto com o “Jornal Nacional”, entre 20h40 e 21h30, pela primeira vez, “Os Dez Mandamentos” venceu, por 20,7 a 19,9", diz o colunista Maurício Stycer


247 – Pela primeira vez na história, o Jornal Nacional foi superado pela Record, em São Paulo, no confronto com a novela Os Dez Mandamentos.

Os números são do Ibope desta quinta-feira 29, que foram antecipados pelo jornalista Maurício Stycer, especializado em mídia.

"A novela registrou média de 21,4 pontos, contra 20,3 da Globo, 10,6 do SBT e 2,1 da Band. No confronto com o 'Jornal Nacional', entre 20h40 e 21h30, pela primeira vez, 'Os Dez Mandamentos' venceu, por 20,7 a 19,9. Já contra 'A Regra do Jogo', entre 21h31 e 21h48, a vitória foi de 22,9 a 21,4", disse ele.

"Os números nem são os mais altos já alcançados pela novela. Esta semana, mesmo, 'Os Dez Mandamentos' registrou média de 24 pontos em São Paulo. Mas a vitória sobre o 'Jornal Nacional' e a novela, ao mesmo tempo, é um resultado inédito."

‘Água para Todos’ prevê a perfuração de 23 poços e instalação de 92 sistemas simplificados de água nos municípios maranhenses

Programa do Governo do Maranhão "Água para Todos"


Governo do Maranhão - Os problemas com abastecimento de água estão com os dias contados. É o que propõe o programa ‘Água para Todos’, do Governo do Estado, que vem levando água às torneiras nos municípios maranhenses - incluindo a capital - desde seu lançamento, em junho. A ação consiste na instalação de poços e implantação de sistemas simplificados de abastecimento em localidades com situação de intermitência e até falta do líquido. Os municípios estão sendo contemplados com a perfuração de 23 poços. Atenção especial aos 30 municípios de menor IDH, para os quais o programa destina a implantação de 92 sistemas simplificados para ampliar o abastecimento nestas regiões. Segundo levantamento, 54,3% das populações destas cidades não têm acesso à água.

Nesta primeira etapa do programa foram perfurados poços em Barreirinhas, Bom Jesus das Selvas, Buriticupu, Duque Bacelar, Livramento, Penalva, Peritoró, Pinheiro, Presidente Dutra, Sambaíba, Santa Rita, Pedreiras, Tuntum, Nina Rodrigues e Vargem Grande totalizando R$ 25,7 milhões em investimentos. As cidades de Tutóia, Pinheiro, Chapadinha, Imperatriz e Açailândia foram contempladas com um conjunto de serviços que incluem perfuração de poços, captação superficial de água, implantação de tubulação, impermeabilização de estação, implantação de tubulações, construção de casas de bombas e poços de sucção. O pacote inclui construção de reservatório elevado em concreto, implantação de rede distribuidora e instalação de 730 hidrômetros. 

Estão concluídos projetos para implantação de sistema de abastecimento de água e esgotamento sanitário nas cidades de Imperatriz, Barra do Corda, Buriticupu e Santa Inês. Na lista, 74 municípios estão com projeto de serviços em fase final de elaboração. Outros 29 receberão obras emergenciais com a perfuração de poços, aquisição e implantação de conjunto com motor bomba, além de serviços para interligação à rede de abastecimento. Os levantamentos são da Diretoria de Engenharia e Meio Ambiente / Investimentos da Companhia de Saneamento Ambiental do Maranhão (Caema). O programa tem como objetivo regularizar o fornecimento de água em áreas críticas. 

O presidente da Caema, Davi Telles, enfatizou que a ação do governador Flávio Dino vai levar água para locais onde o abastecimento era precário e as pessoas sofriam com a falta de água. As áreas contempladas não sofrerão mais com a falta de água. “Em alguns casos, a água nem chegava e com o programa do governador Flávio Dino esse problema será resolvido. O que pretendemos é regularizar o abastecimento e levar água onde não tinha”, reitera Davi Telles.

A capital está na lista de contemplados e vai ganhar novos poços nas regiões Central e Paciência - além da reabilitação dos que estão em funcionamento na zona rural. Nesta primeira fase, os serviços se concentram nos bairros do Centro, onde estão sendo construídos seis poços beneficiando mais de 60 mil pessoas. No total, serão 19 poços distribuídos em pontos estratégicos da capital, que estarão em funcionamento até o final deste ano. O programa prevê, ainda, melhorias nos sistemas que estão com deficiência e sucateados no interior, que passam por reforma. 

A elaboração de projetos básicos e executivos de água e esgoto estão em fase de conclusão e atenderão a demanda de 73 sedes municipais. O combate às perdas, a redução progressiva e eliminação do déficit financeiro são outros pontos do programa estadual.

Investimento em abastecimento

O ‘Água para Todos’ foi lançado em junho e visa garantir água nas torneiras da população maranhense. A ação pretende amenizar o problema histórico de falta d’água que afeta milhões no estado. Para o programa foram destinados recursos na ordem de R$ 270 milhões. Paralelamente, o projeto investe no remanejamento da adutora Italuís com reforço de vazão de mil litros aumentando em 75% o fornecimento de água na capital. Nesta primeira etapa são contemplados tanto a capital, quanto os municípios do interior do estado, incluindo os 30 municípios mais pobres do Maranhão. No cronograma está a instalação de poços e implantação de Sistemas Plenos de Abastecimento de Água nestas regiões. 54,3 índice da população maranhense sem acesso à água.

Ministro da Defesa acerta ao demitir comandante militar do Sul

General Mourão teceu críticas políticas e permitiu homenagem a torturador

KENNEDY ALENCAR 
BRASÍLIA

Ministro Aldo Rebelo

O ministro da Defesa, Aldo Rebelo, agiu corretamente ao exonerar o comandante militar do Sul, general Antonio Hamilton Martins Mourão, que fez críticas políticas em palestra a comandados e admitiu homenagem póstuma a um torturador.

Numa democracia, as Forças Armadas devem ter um comportamento de submissão ao poder civil. Um general fazendo críticas a uma presidente democraticamente eleita é inadmissível. Houve até demora na demissão, porque as críticas foram realizadas em meados de setembro.

O general Mourão, transferido para um cargo burocrático e sem tropa em Brasilia, disse que a queda da presidente Dilma Rousseff não mudaria o “status quo”, mas traria a vantagem de descartar “incompetência, má gestão e corrupção”. Esse tipo de observação cabe no debate público civil, não em quartel para animar ou doutrinar tropa.

Também é inadmissível permitir que um subordinado, o general José Carlos Cardoso, comandante da 3ª Divisão do Exército, faça homenagem a um notório torturador da ditadura militar. Essa homenagem póstuma ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, que morreu no dia 15 de outubro, aconteceu na última segunda-feira.

Ora, Ustra foi premiado por uma vida de impunidade depois de ter torturado opositores da ditadura militar de 1964. Morreu sem pagar por seus crimes.

É inacreditável que 51 anos depois do golpe, em 2015, persista no Exército uma mentalidade de tamanho autoritarismo. Tecer crítica política e homenagear torturador são práticas incompatíveis com um comportamento profissional e constitucional das Forças Armadas.

Ciro Gomes: “Precisamos de um Estado empoderado”

O ex-governador do Ceará critica o governo, rentistas e Cunha, e fala em tentativa de golpe – “impopularidade não é razão para impeachment”


ciro-gomes
"Em vez do Congresso enfrentar a despesa criminosa com os juros, vem propor cortes no Bolsa Família"

CartaCapital - Com duras críticas ao governo, às “elites plutocratas brasileiras” e à oposição “golpista”, Ciro Gomes recebeu CartaCapital no apartamento no qual está morando em São Paulo para analisar a situação política e econômica do País, falar de seu atual trabalho na CSN (onde coordena as obras da Ferrovia Transnordestina), ajuste fiscal e mídia. E, apesar de citar dúvidas sobre seu “apetite” para 2018, o ex-governador do Ceará e ex-ministro dos governos Itamar Franco e Lula admite ser candidato a presidente pela terceira vez (disputou em 1998 e 2002) “se outros não puderem fazer melhor”. Leia os principais trechos da entrevista.

CartaCapital: Hoje o senhor cuida da Ferrovia Transnordestina. Fale um pouco sobre esse trabalho.


Ciro Gomes: A Transnordestina é uma revolução logística. Ela passa por um interior de enorme potencial agrícola e regiões com ferro e níquel, integrando dois portos: o do Suape, em Pernambuco, onde está ficando pronta a Refinaria Abreu Lima, e o Porto do Pecém, no Ceará, onde fica a Siderúrgica do Pecém. São 1,8 mil quilômetros, e mais de 54% já estão prontos. Temos 6,4 mil homens trabalhando, e a evolução da obra passa de 1% ao mês. É uma grande frente onde não se fala em crise. E eu estou no board da Companhia Siderúrgica Nacional, como diretor-presidente da Transnordestina. Na prática, sou o responsável por fazer as coisas acontecerem. (A ferrovia é uma concessão do poder público ao grupo CSN.)


CC: Por que temos tão poucas ferrovias no Brasil?

CG: Hoje temos menos ferrovias do que na década de 1950, quando o País tomou a decisão de privilegiar a indústria automobilística. Foi um equívoco estratégico: 80% da população mora a até 200 quilômetros de uma costa gigante, a interligação deveria ser feita por cabotagem. Os grandes centros de produção, por sua vez, estão a mil, 1,5 mil quilômetros para o interior. Tudo isso deveria ser drenado para a cabotagem por ferrovias. Uma ferrovia é mais cara de se implantar, porém muito mais barata de usar. A rodovia é o contrário: mais barata de implantar e muito mais cara de usar.

CC: Como o senhor vê a crise política?

CG: O governo administra muito mal a economia e as suas responsabilidades. E passa um sinal desagradável para a sociedade, que em sua maioria votou nesse governo. Isso gera certa raiva e rancor, em cima dos quais o moralismo a serviço da imoralidade e o golpismo inerente às elites plutocratas brasileiras começam a formular as suas estratégias de interrupção da democracia.

O preço caro é que a esmagadora maioria da população mais pobre estava em ascensão social, melhorando de vida a cada dia há 12 anos, imaginando com segurança ser para sempre, prevendo seus filhos livres de suas humilhações e com condições que os pais jamais tiveram. E agora estão escorregando. Estamos em decadência.

Enquanto isso, o Congresso, em vez de enfrentar a despesa mais criminosa e imoral de todas, a despesa com os juros para o financiamento dos bancos, vem propor cortes no Bolsa Família. Isso é bem a cara da plutocracia escravagista brasileira. Eles perderam o pudor na medida em que nós, deste lado, estamos falhando na tarefa de administrar a economia, na tarefa de passar um sinal de decência no trato da coisa pública e na tarefa de sinalizar esperança para o futuro da sociedade brasileira.
Obra da Transnordestina entre Eliseu Martins (PI) e Trindade (PE); 54% da ferrovia já está pronto

CC: Com o ajuste fiscal podemos voltar a crescer?

CG: A saúde fiscal do País está abalada, e é ruim na esquerda tradicional antiga brasileira o descompromisso com esses valores, como se isso fosse uma coisa lateral ou secundária. A sanidade fiscal é a premissa de um Estado energizado, que, essencialmente, é tudo que um pensador progressista quer e precisa. Não vamos superar a desigualdade do Brasil, melhorar sua infraestrutura, resolver o gravíssimo hiato tecnocientífico do País e o gravíssimo hiato social que ainda nos faz a economia mais desigual do mundo sem uma entidade pública energizada, empoderada, capaz de intervir e de capitalizar as iniciativas privadas.

Nós temos 1% da população brasileira dona de um terço da renda do País. E ainda temos, apesar de todas as melhorias, 30 milhões ou 40 milhões de pessoas vivendo apenas com o básico. Nosso modelo econômico destina à maioria das pessoas empregos de baixa qualidade. Nosso povo merece mais do que Bolsa Família e um emprego de servente de pedreiro. Nada contra essa função, mas essa etapa tem de ser superada, e isso exige um Estado com condições de financiamento.

CC: De onde cortar? Há como cobrar a maior conta do andar de cima?

CG: Quando você olha sem preconceitos, com a sua inteligência, só tem duas despesas fora da curva, umas delas absolutamente criminosa: o Brasil vai gastar este ano 380 bilhões de reais com juros intermediados por 20 bancos para beneficiar 10 mil famílias de endinheirados, os rentistas do nosso país.

A outra grande despesa fora da curva é o rombo da Previdência próximo a 60 bilhões de reais. Mas veja a distância entre os valores, e aqui não é o povão. São aposentadorias e pensões especiais para uma casta de abastados do setor público, poderosíssima na discussão do País. Fora dessas duas grandes despesas, nenhuma outra está fora do quadro.

CC: Fala-se que o Estado brasileiro “é grande demais”, inclusive, o governo federal promoveu cortes recentes.

CG: O Brasil tem menos médicos, professores, polícia ou Forças Armadas do que precisa. Há muitas distorções, mas pesando e medindo, é completamente mentirosa essa crítica de o Estado brasileiro ser grande. O Estado brasileiro é até balofo, gorduroso. Mas quando você cortar e fizer as lipoaspirações necessárias, o Estado ficará magrinho e ainda assim faltará massa muscular.

E Dilma caiu nessa bobagem de eliminar ministérios. Com essa medida, este ano não vamos economizar sequer 200 milhões de reais. Não quer dizer que não deveria fazer, na política vive-se muito do símbolo. Não seria razoável exigir austeridade da sociedade brasileira e deixar na boca de um picareta desses que infestam a vida pública brasileira, o argumento dos 39 ministérios, que não precisa disso. Mas deveria ter sido feito como símbolo de um conjunto coerente de práticas de austeridade, e, infelizmente, isso não está acontecendo. O governo aumentou a taxa de juros, sua maior despesa, e está fazendo despencar a receita pública em padrões nunca vistos mesmo por mim em 36 anos de vida pública.

CC: Sobre a crise econômica, o que é real e o que é exagero?

CG: É uma crise real, mas hoje o calor político não deixa sequer pararmos para pensar na crise, muito menos tratá-la com a devida cautela. Esse é o ponto. Aqueles da retórica da denúncia da crise exploram o sofrimento de toda a população – menos dos bancos, que estão ganhando 40% a mais dos números recordes do ano passado. São pessoas que impedem o governo de parar e refletir. Atrapalham e impõem o que a imprensa chama de “pauta-bomba”.

E a crise tem outros componentes. Por exemplo, a Petrobras, no foco aí dessa novela moralista, podre. Eu espero que deem punição severa para todos os responsáveis, sejam eles quem forem, do nosso lado ou contra nós, não importa. Mas tem de passar o País a limpo.

Precisamos é refazer a compreensão estratégica do desenvolvimento brasileiro, e isso é urgente. Nossas reservas cambiais estão sendo torradas financiando quem especula com nossa moeda. No momento em que eu lhe falo, após poucos meses de governo Dilma, meia dúzia de especuladores que atacaram o real ganhou 112 bilhões de reais. São três vezes o déficit estimado para orçamento de 2016. É isso que está em jogo no Brasil.

CC: Falando um pouco da crise política, ainda há risco de impeachment?

CG: O risco é permanente. Mas neste momento nós estamos virando o jogo golpista. Estamos ganhando a parada. Apesar de todos os erros, fomos ajudados pelo Ministério Público da Suíça, que nos mandou essas contas espúrias do picareta-mor da República,Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, representante de uma maioria de corruptos.

A elite brasileira percebeu que é absolutamente inexplicável você evoluir para impedir a Presidência da República, romper as instituições e introduzir uma instabilidade política de 20 anos no País, começando pela assinatura de um picareta processado como formador de quadrilha, ladrão do dinheiro público, manchete nos jornais do mundo inteiro. Esse ciclo (do golpe) estamos vencendo. Mas ele voltará muito rapidamente se não acertarmos a mão.

CC: Há algum motivo real para o impedimento da presidenta?

CG: Impeachment não é a solução para governo ruim, para governo que a gente não gosta. Numa democracia madura, a impopularidade do governo só pode ser apurada nas eleições, porque eventualmente qualquer governante tem de encarar momentos de impopularidade, de incompreensão, para fazer o que tem de ser feito.

Então, a impopularidade não é motivo. A razão para impeachment é só uma: o cometimento de crime de responsabilidade dolosamente praticado, ou seja, com culpa consciente do presidente da República. E mesmo o mais picareta dos nossos adversários sabe que Dilma é uma senhora honrada e que não dá para acusá-la de ter cometido crime de responsabilidade, muito menos dolosamente.

E aí começam a inventar caminhos fraudulentos. Você não pode fazer impeachment toda hora. Na história da humanidade, do Direito Constitucional mundial, o impedimento só aconteceu no Brasil e na Venezuela: foram tirados Collor e, na sequência, Carlos Andrés Pérez. A Venezuela até hoje não se governa. E é o que estaria aprazado para o Brasil se permitirmos agora essa imprudência patrocinada por uma fração da elite brasileira.
´Nem mesmo o adversário mais picareta acusa Dilma de crime de responsabilidade, muito menos doloso´
Como o sr. vê a mídia brasileira?

Nossa grande mídia pertence basicamente a 5 famílias. Vamos ter essa clareza: a mídia brasileira é nepotista. São 5 famílias donas do que se chama mídia nacional. Qual a solução para isso? É uma bobajada a la PT, regular a mídia, fazer um despotismo esclarecido de cima para baixo? Ao fazermos isso, imediatamente entregamos para eles o discurso correto da censura, da intervenção indevida.

Ainda que haja boa intenção, ainda que você possa ter exemplos, como a proibição da propriedade cruzada de meios de comunicação nos Estados Unidos, onde isto é proibido. Na pátria do capitalismo você não pode ter rede nacional 24h na televisão. A NBC não possui revista. A Newsweek não pode possuir TV, rádio. Mas isso é a experiência deles.

Por aqui temos de financiar alternativas. E já há essas alternativas, como as cooperativas de jornalistas. Temos que empoderá-las, mudar a distribuição da verba publicitária do governo. Distribuir progressivamente as verbas publicitárias ao invés de ficar em critério de audiência. Temos que fazer o esforço de toda sociedade sadia: reforçar as minorias, acreditar na inteligência do povo e enfrentar essa interdição [do debate sobre mídia].

CC: O senhor já teve problemas com a mídia?

CG: Pessoalmente, não tenho queixa. A única coisa que não consegui foi ser presidente da República, mas já fui ministro, governador... Enfim, tenho 36 anos de vida pública e nunca nenhum deles pegou. A revista Veja já deu capa insinuando coisas e levou processo na mesma hora, porque não dou meu rabo para ninguém pegar. Não deixo ninguém pegar no meu pulso. E esse é o nosso erro, do nosso lado. Tem de enfrentar.

CC: O senhor é candidato a presidente em 2018?

CG: Vejo o quadro ainda muito nebuloso. Até um mês atrás eu estava muito angustiado com a escalada do golpe, não via como a gente escapar. Do lado dos opositores há um golpismo despudorado, e do nosso lado há uma sequência de besteiras, de contradições, incoerências, erros estratégicos monstruosos.

Acho, entretanto, que a preço de hoje será um 2018 algo parecido com 1989. Os grandes partidos completamente desmoralizados e um conjunto de experiências tentando galvanizar essa indignação moral, tentando manipulá-la, como foi o caso de Collor.

Collor foi pulso moralista e levou a eleição feita pela Veja, pela Globo. Collor nós todos conhecíamos. Eu que sou do Ceará o conhecia de perto, todo mundo sabia quem era o Collor, e ele foi empacotado como caçador de marajás. Hoje, Marina Silva tenta representar essa renovação, com esse ambientalismo difuso... não que ela seja má, como Collor o era, mas ela não compreende o Brasil e já assumiu compromissos que jogariam o Brasil para trás, trariam retrocessos graves, como a tal autonomia do Banco Central.

A tarefa, neste momento, de ser candidato com meus valores, com o que quero representar, os compromissos ao redor dos quais eu me ligo, vai ser uma tarefa inumana. Haverá um processo violentíssimo de desconstrução. Não tenho rabo de palha, mas não sei se tenho mais apetite para enfrentar esse tipo de coisa. Mas admito ser candidato se eu entender ser essa a minha responsabilidade e que outros não possam fazer melhor.

Produção: “O Maranhão é o estado da vez”, disse representante do Ministério da Integração Nacional

Governador Flávio Dino, ao lado de secretários de Estado, recebeu representantes da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) que desejam contribuir com o setor produtivo.

Governo do Maranhão - O fortalecimento da economia regional, a partir da organização das cadeias produtivas, tem atraído investimentos para o Maranhão. O governador Flávio Dino recebeu representantes da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) que desejam contribuir com o setor produtivo do estado.

“Viemos para nos colocar à disposição do Governo e contribuir com oportunidades de incentivo fiscal para o setor produtivo. Sabemos que o estado está se organizando para receber importantes obras de Infraestrutura e nós queremos colaborar com esse novo momento”, disse o novo superintendente da Sudam, Paulo Roberto.

Os secretários estaduais Simplício Araújo (Indústria e Comércio), Marcellus Ribeiro (Fazenda) e Felipe de Holanda (Programas Especiais) apresentaram o cenário favorável do setor produtivo maranhense que se organiza, a partir de uma política de incentivos fiscais e valorização da produção regional.

“Queremos fazer a ponte com importantes agências de fomento à produção local. A Sudam pode contribuir com o setor produtivo a partir da desoneração do Imposto de Renda e a possibilidade de reaplicar esses valores nos negócios e também com o financiamento dos projetos de Infraestrutura”, disse o secretário Simplício Araújo.


A economia maranhense fortalecida pela organização das cadeias produtivas e incentivos fiscais tem atraído empresas e órgãos de fomento à produção. “O Maranhão está vivendo um momento pródigo. Estamos nos colocando à disposição para, juntos, Governo Federal e Estadual, avançarmos no setor produtivo local”, disse Inocêncio Gasparim, diretor de Fundos e Incentivos Fiscais da Sudam.