
Lucas 7.29-30
Eu estou cansado de ver pessoas que se intitulam pastores, bispos ou missionários dar valor a rituais e coisas que não tem nenhum valor no mundo espiritual. Um desses construiu um megatemplo a que deu o nome de “Salomão”. Certamente, o poder político/mundano deste senhor aumentou consideravelmente, mas no Reino de Deus não aumentou um mísero centímetro. Na época de Jesus, também era assim. Jesus estava falando da importância de João Batista, profeta de Deus. João Batista trouxe duas novidades: a necessidade, para todos, do arrependimento dos pecados e o consequente batismo nas águas como forma de pertencer ao povo de Deus. Isto era novidade porque os líderes religiosos da época (fariseus e mestres da Lei) diziam que estas duas atitudes (arrependimento e consequente batismo) eram apenas para estrangeiros. O povo de Israel não precisa disso, desde que seguisse as inúmeras regras da lei de Moisés. A religião deles era de caráter externo e ritualista. No texto de Lucas 7.29-30 o evangelista Lucas nos dá uma explicação acerca das reações antagônicas em relação à mensagem de João Batista. Em primeiro lugar, vamos ver a reação do povo à mensagem de João (v. 29).
Lucas nos informa que todo o povo que ouviu João Batista creu na sua mensagem. Aceitação total por parte do povo. Tanto isto é verdade que todo este povo que creu foi também batizado por João Batista. Ora, João só ministrava seu batismo se a pessoa genuinamente havia se arrependido de seus pecados e tomado um outro rumo de vida. Até mesmo os odiados publicanos (cobradores de impostos, ladrões e libertinos) foram batizados por João após confessarem que haviam mudado de comportamento. Todos eles, diz o texto, reconheceram “a justiça de Deus” através da mensagem de João Batista. Que “justiça de Deus” é esta que eles acataram? Eles fizeram o seguinte: 1º) consideraram-se pecadores; 2º) resolveram arrepender-se (mudar a maneira de viver) e voltaram-se para Deus; 3º) batizaram-se como sinal externo de uma mudança que já havia ocorrido no interior da vida deles. Eles levaram a sério a mensagem de João Batista e, ao tomar estas atitudes, perceberam que Deus os havia recebido com perdão e alegria. Em outras palavras: Deus só recebe, para si, pecadores que se arrependem e voltam-se confiantemente para ele e não pessoas que se acham boas. Jesus pergunta se eles foram ver um profeta (v. 26). A esta pergunta, ele responde com um sonoro “sim”! Ou seja: finalmente, depois de 400 anos, Deus voltou a falar através de alguém que ele enviou. Porém, diz Jesus, João Batista foi muito mais que um profeta. Jesus quer dizer que João foi o maior dos profetas do Antigo Testamento. Por quê? A resposta encontra-se no v. 27: “este é aquele de quem está escrito: ‘eis aí envio ante a tua face o meu mensageiro, que há de preparar adiante de mim o teu caminho’”.
Há aqui três razões por que João Batista é o maior dos profetas: 1ª) ele é o único profeta que teve sua existência e missão profetizadas por outro profeta (veja Malaquias 3.1); 2ª) ele é o mensageiro que Yahweh (Jeová) iria enviar antes da chegada do próprio Yahweh (Jesus); 3ª) sua missão é preparar o caminho para Jesus: ele traz a mensagem que todos deveriam arrepender-se de seus pecados, voltar-se para Deus de coração e viver uma vida de santificação. A revelação de Deus foi progressiva em todo o Antigo Testamento. Naquela linha de revelação, João Batista é o maior dos profetas e isto ocorre porque ele faz a conexão com Jesus. Então Jesus diz uma palavra difícil de entender: “pois eu vos digo que, entre os nascidos de mulher, não há nenhum maior do que João (Batista); mas aquele que é o menor no Reino de Deus é maior do que ele” (v. 28). Vamos entender isto. Jesus diz que, na linhagem profética do Antigo Testamento, João Batista foi o maior de todos. Como se participava da aliança do Antigo Testamento? Nascendo de uma mulher judia, daí a expressão “entre os nascidos de mulher” que é uma referência à antiga aliança feita com Moisés no Monte Sinai (Êxodo 19.1-8). Com Jesus, as coisas mudam, pois ele traz o Reino de Deus através de uma nova aliança. A aliança de Deus não é mais feita com um povo racial chamado Israel e sim com todas as pessoas que creem em Jesus, independentemente da raça ou povo na qual se nasceu. Esta é a mensagem do Reino de Deus (Marcos 1.14-15). João Batista é da antiga aliança (Antigo Testamento); Jesus é da nova aliança (Novo Testamento). Quem participa da nova aliança em Cristo, mesmo que seja o menor de todos, está numa posição superior e melhor do que todos da antiga aliança. Por isto, o menor no Reino de Deus é maior do que João Batista. O que isto significa para nós? Se você está nesta aliança com Cristo, salvo por seu amor demonstrado na cruz, então você é um privilegiado. Diferente de todas as pessoas que viveram no Antigo Testamento, você conhece Jesus, o Salvador, de uma forma pessoal. Seus pecados foram perdoados somente pela fé em Jesus, sem necessidade de derramar sangue de animais. Você não precisa ir num templo para orar, mas pode fazer isto em qualquer lugar.
Você aguarda a segunda vinda de Jesus e tem a certeza de que irá para o céu por causa do sacrifício dele. Sim, você está numa altíssima posição. Viva de uma maneira digna dela.
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