Opinião pública e empresários freiam irresponsabilidade do Senado

Renan Calheiros - Presidente do Senado
Diante da péssima repercussão perante a opinião pública e empresários da ação do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, na volta do recesso parlamentar, o Senado recuou e parou de dar gás à chamada “pauta-bomba”.

Pela sua natureza, o Senado sempre foi uma casa revisora, um poder moderador em relação à Câmara. Portanto, atuar nesse sentido é devolver um pouco de racionalidade ao debate político e interromper essa escalada de irresponsabilidade fiscal, que é ruim para o atual governo, mas pior para o Brasil no curto, médio e longo prazo.

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), mudou o tom da água para o vinho. Disse ontem que o impeachment não é prioridade do Congresso e afirmou que tratar disso seria atear fogo no país. É uma atitude totalmente diferente da que vem sendo adotada por Cunha (PMDB-RJ).


É preciso lembrar que foi Renan quem devolveu a medida provisória que reduzia a desoneração de impostos e obrigou o governo a apresentar um projeto de lei. O Senado também aprovou o reajuste do Poder Judiciário, que a presidente Dilma teve de vetar.

Há uma clara inflexão dos senadores nos últimos dias, sobretudo daqueles da base de apoio em geral e do PMDB em especial.

Para agradar Renan, o governo aceitou debater uma pauta de 28 medidas, batizada de “Agenda Brasil”. Na atual crise, aceitaria debater qualquer agenda, porque qualquer socorro que venha do Congresso é bem visto pela administração Dilma.

Essa agenda tem muitos polêmicos e não há unanimidade, como idade mínima para aposentadoria e acelerar licenças ambientais. Mas é melhor dialogar a respeito disso do que votar projetos que aumentem as despesas públicas.

Também contribui para a ação de Renan uma informação de bastidor de que o inquérito em relação a ele no STF (Supremo Tribunal Federal), que apura acusações da Operação Lava Jato, está num ponto de tramitação mais atrasado do que o de Cunha, do senador Fernando Collor e de outros políticos.

A tendência é que Renan fique fora da próxima fornada de denúncias do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Só isso já dá ao peemedebista um fôlego na atual crise e o ajuda a se reaproximar do governo.

Fonte: Blog do Kennedy