POLÍTICA DE TRANSMISSÕES DA GLOBO MATA O FUTEBOL

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Artigo sobre o atual desequilíbrio na divisão de cotas de TV defende que o principal critério a ser avaliado deveria ser a medição de audiência; "E se estas foram tão próximas em 2013 e 2014, justamente na TV aberta, então como justificar que um clube vá receber R$ 170 milhões anuais a partir de 2016 enquanto outros grandes ficarão com R$ 60 milhões?", pergunta Danilo Soares Félix, em texto para o 247; ele lembra também que "há anos a Rede Globo é quem determina os dias e horários dos jogos a cada rodada, para adequação de sua grade de transmissão", e que alguns clubes acabam sendo privilegiados nos horários nobres do futebol; "Aqui no Brasil ainda temos agravantes perigosos: a verba da TV é a principal fonte de renda dos clubes e a Globo praticamente não possui concorrentes à altura", diz


Por Danilo Soares Félix, especial para o 247 - Com a implosão do Clube dos 13, capitaneada por Andrés Sanchez, na época presidente do Corinthians, os grandes clubes do Brasil se viram diante de negociações particulares por cotas de TV com a Rede Globo, detentora dos direitos de transmissão.

Se for avaliada a divisão do bolo da TV nos contratos assinados de 2011 até 2015, já percebe-se o distanciamento de Flamengo e Corinthians em relação aos demais clubes, entretanto, será no período de 2016 a 2018, também com contratos já assinados, que a diferença vai se acentuar de forma mais agressiva.

Por exemplo, a partir de 2016, grandes clubes que têm sido protagonistas no futebol nacional, tais como Grêmio, Internacional, Atlético-MG, Cruzeiro e Fluminense, receberão aproximadamente R$ 60 milhões anuais, enquanto Flamengo e Corinthians receberão por volta de R$ 170 milhões. Uma diferença financeira impossível de equilibrar, mesmo se todas as demais receitas dos clubes prejudicados subirem expressivamente, incluindo aí arrecadações com sócios, patrocinadores, bilheterias e negociações de direitos econômicos de atletas.

Infelizmente, o fim da negociação em bloco fragilizou a posição dos grandes clubes que possuem torcida mais concentrada em algumas regiões, bem como fortaleceu o poder de barganha daqueles grandes clubes que possuem mais torcedores nas pesquisas de opinião, embora tal diferença de tamanho não se traduza com clareza nas métricas de audiência. Senão vejamos alguns exemplos:

O blog Teoria dos Jogos divulgou recentemente os números da audiência em TV aberta no ano de 2014, com quadros comparativos entre Flamengo, Fluminense e Botafogo, clubes que disputavam a Série A.
Concentremos nos números do último Campeonato Brasileiro, que são os dados mais interessantes do levantamento de audiência. Diante de medições tão parelhas na TV aberta, como alguém pode tentar justificar cotas de TV quase 3 vezes superiores para o Flamengo em relação aos seus rivais cariocas, a partir de 2016?

Em 2013, o mesmo blog, hoje independente, ainda fazia parte do portal Globoesporte. Naquela oportunidade, forneceu um relatório ainda mais detalhadodas audiências por jogo no Campeonato Brasileiro daquele ano. As medições também foram bastante parecidas.

Ora, se estamos falando de distribuição de cotas de TV, o principal critério a ser avaliado deveria ser a medição de audiência. E se estas foram tão próximas em 2013 e 2014, justamente na TV aberta, então como justificar que um clube vá receber R$ 170 milhões anuais a partir de 2016 enquanto outros grandes ficarão com R$ 60 milhões?

Vale ainda lembrar que há anos a Rede Globo é quem determina os dias e horários dos jogos a cada rodada, para adequação de sua grade de transmissão. E é notório que Flamengo e Corinthians também têm sido privilegiados nos horários nobres do futebol, fato que atrai mais investimento e bilheteria para ambos em relação aos demais. Mais exposição gera mais receita, mais audiência e mais anunciantes, num ciclo vicioso que desequilibra completamente as forças.

Seria a vontade da Rede Globo criar dois gigantes brasileiros que possam competir internacionalmente, tornando o campeonato mais atrativo para ser vendido ao mercado internacional? Ou seria mero populismo? Os motivos não importam muito, mas não parece justo que a Rede Globo sozinha decida quem pode ser campeão e quem não pode. Quem vai ser grande e quem vai ser médio. Não é justo, principalmente porque não é isso que acontece nas Ligas mais bem sucedidas da Europa, como a inglesa e a alemã.

A Premier League, campeonato nacional mais bem sucedido do planeta, divide o dinheiro de TV em três fatias. A primeira é uma cota rateada igualmente entre os 20 clubes da primeira divisão. Em 2013/14, essa cota foi de € 65,5 milhões. A segunda cota é a chamada por lá de "mérito", que é paga de acordo com a posição do time na tabela. A cada posição, é pago cerca de € 1,5 milhão. Ou seja: o Cardiff, último colocado, ganhou € 1,5 milhão. O 19º ganhou pouco mais de € 3 milhões e assim por diante. O primeiro colocado, Manchester City, ganhou pouco mais € 30 milhões.

A terceira faixa é a que remunera por exibição na TV. A cada jogo transmitido, o time ganha algo próximo a € 942 mil. O time que teve mais jogos transmitidos foi o Liverpool, com 28, e ganhou € 27,5 milhões por sua audiência na TV. Os dois times que tiveram menos jogos transmitidos foram Cardiff e Fulham, oito vezes. Há uma garantia contratual que cada time ganhará o equivalente de, no mínimo de 10 jogos, transmitidos. Como esses dois times tiveram só oito jogos transmitidos, ganharam a cota de 10 jogos, € 10,8 milhões.

Aqui no Brasil ainda temos agravantes perigosos: a verba da TV ainda é a principal fonte de renda dos clubes, ao contrário do que ocorre na matriz de receitas dos grandes clubes da Europa. E a Rede Globo praticamente não possui concorrentes à altura no país.

Se o cenário de desigualdade de cotas não for reequilibrado, em breve haverá uma disparidade econômica que acabará com a competitividade do futebol brasileiro e impactará diretamente na formação de novos atletas, afinal, teremos menos instituições com capacidade para investir pesadamente na formação de talentos.

Além disso, um campeonato nacional disputado por 2 grandes favoritos e 18 coadjuvantes certamente diminuirá o interesse pelo mesmo no mercado interno, atrapalhando a formação de novos torcedores e consequentemente, afastando potenciais patrocinadores no médio prazo.

Hoje o negócio futebol já concorre com novos tipos de entretenimento que não existiam no passado, tais como games espetaculares, internet, vídeo "on demand", salas de cinema 3D e novos esportes interessantes para os jovens, como o UFC. Diante deste cenário, não parece lógico desestimular a competitividade do futebol nacional, talvez seu principal atrativo.

Na Espanha, onde o problema se tornou gravíssimo, o governo decidiu entrar na questão e proibir a negociação individual de cotas de TV, modelo que durante 20 anos permitiu gigantismo internacional a Real Madrid e Barcelona, mas relegou a meras zebras todos os demais grandes clubes do país, dentre eles os históricos Valencia e Atlético Madrid.

Infelizmente, lá na Península Ibérica o problema está sendo resolvido de forma reativa, tardia, quando o estrago já está feito e a diferença de tamanho entre as instituições esportivas se tornou gigantesca. A revisão ocorre principalmente porque a Liga espanhola se tornou frágil financeiramente em relação à Liga inglesa, que atrai bem mais espectadores pelo mundo.

Aqui no Brasil ainda dá tempo de evitar o problema, mas será preciso uma nova unidade por parte dos clubes prejudicados. Também é possível reverter a "espanholização" do futebol brasileiro com uma legislação específica para regular o setor e diminuir o poder soberano da Rede Globo, mas é preciso levar o debate ao grande público desde já.

Música para a paz

Jefferson Portela: “estão mandando me bater por prevenção”

Por Clodoaldo Corrêa e Leandro Miranda
Portela diz que R$ 300 milhões do BNDES para investimento na SSP sumiram
Portela diz que R$ 300 milhões do BNDES para investimento na SSP sumiram
A segurança pública foi o principal debate da sociedade maranhense na última semana. Com a problemática no centro da discussão, o secretário estadual de segurança, Jefferson Portela, concedeu entrevista com exclusividade aos Blogs Marrapá e Clodoaldo Corrêa e falou de todas as polêmicas envolvendo a pasta.
Portela admite que a segurança pública é o maior problema do Maranhão mas afirma que não se modifica a realidade de imediato, como ato de vontade do novo governo, mas que está sendo modificada pelas ações. Ele elencou as ações da pasta e lembrou que os números estão melhorando. O secretário atribui as críticas, em parte, à justa necessidade de segurança das pessoas, e por outro lado, “tem gente sofrendo por antecipação”, mandando “bater” por prevenção para tentar desanimá-lo na investigação da agiotagem.
O secretário fez uma grave revelação. R$ 300 milhões do empréstimo do BNDES destinados à segurança pública, não foram aplicados mesmo tendo sido liberados. Ele prometeu auditoria em todos os possíveis casos de desvio na pasta para que os responsáveis sejam punidos.
Sobre a possível reabertura do Caso Décio Sá, Portela disse não existir a possibilidade por parte da secretaria, pois foi concluído no âmbito da SSP ainda no governo anterior e já está no Judiciário. Mas qualquer cidadão que tenha algum fato novo, pode solicitar a reabertura ao Ministério Público.
O titular da SSP anunciou em primeira mão o investimento de R$ 3 milhões para comprar novas armas para as polícias do Maranhão e a descentralização das delegacias de São Luís. 
A segurança pública foi o ‘calcanhar de Aquiles’ do governo passado. Quais as principais dificuldades que o senhor encontrou ao assumir a pasta?
A primeira de ordem financeira, que interfere no conjunto de atividades que a gente desenvolve na política de segurança. A nossa gestão foi iniciada em 2 de janeiro e nós tivemos que pagar diárias atrasadas desde maio de 2014, atrasos no aluguel de helicópteros, dívidas do combustível das aeronaves, combustíveis das viaturas comuns, meses de atrasos no pagamento do telefone etc. É um passivo muito ruim, pois a gente já começa a fazer pagamentos no dia seguinte à posse, referentes ao exercício de 2014. Eram mais de R$ 12 milhões em débitos na Polícia Militar, R$ 28 milhões na SSP, R$ 4 milhões na Polícia Civil, além dos débitos no Corpo de Bombeiros. Um outro aspecto é que nós já no deparamos no início da gestão com um problema de pessoal. Um concurso em andamento em que não houve um chamamento. Nós tivemos que correr para fazer a convocação de um edital de 2012, sendo que a cada quatro convocados que fazem os testes de aptidão, três ficam reprovados. Nós queríamos formar 1000 pessoas para a academia de polícia, mas ainda não foi possível. A sociedade tem que saber que houve algo grave no Maranhão: pegaram um número de policiais, fizeram uma solenidade de incorporação à tropa, as pessoas foram fardadas e armadas, e colocadas nas ruas da capital para prestar serviço policial. Depois de alguns meses, essas pessoas foram mandadas embora, porque não foram nomeadas. É um fato grave que vou comunicar à Procuradoria Geral de Justiça do Estado do Maranhão. Colocaram fardas em pessoas que não eram policiais.
A segurança pública tem sido muito criticada nos últimos dias. Este é o maior problema do governo Flávio?
JeffersonOlho1Esse é o maior problema do Maranhão. Alguns críticos ‘esquecem’ de alguns números. Em novembro de 2014, a região metropolitana de São Luís bateu o recorde nacional de homicídios, com mais de 150 mortes. Não acontecia isso há 20 anos. A realidade dos anos passados não poderia ser suprimida em um mês, como ato de vontade do novo governo. Essa realidade será mudada com trabalho. Hoje se fala em crise na segurança, mas as facções criminosas que executam pessoas e realizam assaltos não chegaram ao Maranhão em janeiro de 2015. Temos problemas, mas não são de hoje. Está sendo feito um grande esforço para ajustar a política de segurança. O governo Roseana contraiu um empréstimo de R$ 3,2 bilhões do BNDES para obras em 217 municípios. A SSP dispensou a equipe técnica encarregada de acompanhar as obras com estes recursos. A informação é que não se sabe onde foram aplicados R$ 300 milhões destinados a investimentos na Secretaria de Segurança. Eles foram destinados, mas não foram investidos na execução de obras. Contrataram um projeto para a construção da nova sede do IML por R$ 300 mil, que seria construída em cima de duas pistas da Universidade Federal do Maranhão. Como nós vamos dar andamento a uma obra que vai interditar a UFMA?! Existem obras de quarteis do interior que foram prorrogadas por quase 35 vezes, embora pagas quase que integralmente e os prédios ainda estejam no chão. Nós vamos auditar todos esses casos pela Secretaria de Transparência do Estado. Alguém tem que responder por isso.
Ao que o senhor atribui, então, as críticas e a sensação de insegurança que tem tomado os noticiários locais?
As críticas eu atribuo à democracia. As críticas das pessoas que estão em risco são legítimas e tem que ser atendidas pelo Estado. Trabalho três turnos por dia para atendê-las. Agora, uma crítica não tem credibilidade alguma: a daqueles que servem ao modelo anterior, que querem atacar a gente a qualquer custo. Coisa absurdas. Digo uma coisa e eles divulgam outra. Um determinado repórter me perguntou sobre o caso do Panaquatira. Depois, ele muda o conteúdo para o caso de confronto entre policiais e bandidos. Dei uma explicação técnica da doutrina polícia, não me referindo à situação do Panaquatira. Pegaram um trecho e disseram que a gente estava criticando o policial assassinado, criando uma onda de revolta na sociedade, injusta. Isso é desonestidade! Outra crítica injusta é não reconhecer o nosso trabalho dentro das condições que temos. Desde janeiro de 2015 apreendemos uma grande quantidade de drogas. Isso enfraquece financeiramente a marginalidade, que migra suas ações para adquirir recursos. Então, houve uma migração para os assaltos à ônibus, pois que ganhava dinheiro com drogas está tendo prejuízos.
Qual sua avaliação do pedido de intervenção federal proposto pelo deputado estadual Adriano Sarney?
Uma aberração jurídica. Isso é inexistente. Qual o fundamento jurídico da intervenção? É uma questão de certeza jurídica ou tem motivação política? É para tirar o governador do cargo? Agora é outra cassação no estado do Maranhão, com vestimentas de intervenção federal? A onda de crimes justifica? As estatísticas abertas na Secretaria de Segurança apontam para uma redução de muitos crimes no nosso estado. Claro que aconteceu um acirramento em outros aspectos que nós temos que analisar e combater. Já sabemos onde devemos focar o olhar, e vamos intervir. Há um império de comunicação que nos ataca diariamente de modo radical.
E qual a sua avaliação sobre as críticas relacionadas às operações de combate à agiotagem?
JeffersonOlho2Nós prendemos uma quadrilha que desviou R$ 34 milhões do cofre da Universidade Virtual do Maranhão e a indagação é porque não prendemos todos os outros. Ora, apresentamos uma quadrilha que lesou o estado do Maranhão de forma muito grave. O montante de recursos desviados corresponde a um terço do valor destinado à formação através da Univima. Sabe o impacto social de uma ação dessa?! Não se vai dar importância à prisão destes bandidos. Na agiotagem, nós apresentamos os criminosos que agiram em determinadas cidades. Ao invés de perguntarem sobre os danos, querem saber por que todos os demais não estão presos. Cada pessoa é presa dentro de um determinado procedimento. Se é apurada a agiotagem em Dom Pedro, claro que nós vamos atuar sobre os envolvidos na cidade. Fazem de tudo para desviar a atenção da população e fazer parecer que tais ações não são importantes. Nós sabemos da importância de tirar das ruas os marginais que desviam recursos da merenda escolar, dos medicamentos, da moradia, surrupiando a qualidade de vida das pessoas do interior do estado.
Na semana passada, o ex-secretário Ricardo Murad acusou o senhor de “tocar o terror” nos vereadores de São Luís a mando do governador Flávio Dino. Como está o andamento do inquérito que investiga as suspeitas de agiotagem na câmara da capital?
Esse inquérito foi distribuído para uma vara do Poder Judiciário com um pedido de diligências. O procedimento está lá. Não sei como um cidadão desse pode dizer que a gente está ‘tocando terror’, pois não existe uma manifestação minha sobre isso. Tudo que for crime e estiver na esfera de conhecimento policial será investigado. Autoridade pública não ‘toca terror’ e nem têm medo de terrorista. Sou imune a tentativas de fazer medo. Quem não cometeu crime não vai ter medo de terror. Quem não cometeu crime na Câmara de São Luís, ou em qualquer lugar, certamente não teme. Se alguém cometeu, é acusado pela própria consciência.
E as contradições do caso que investiga a execução do jornalista Décio Sá? Há a possibilidade de reabertura do caso, como defende o ex-secretário de Segurança Raimundo Cutrim?
O caso Décio foi dado por encerrado na gestão anterior. O inquérito policial foi concluído antes da nossa chegada ao sistema. Não há elementos para reabrir um processo que já está no Judiciário. Qual o fundamento para isso? Qualquer um pode solicitar ao Ministério Público, comunicando fato novo que justifique a reabertura do caso. Qualquer um pode falar, mas oficialmente não recebi pedidos de reabertura do caso Décio.
Um dos grandes problemas de Pedrinhas no ano passado eram as facções criminosas que mandavam no sistema prisional do estado. Nunca mais se ouviu falar a respeito delas. Que medidas foram tomadas para conter a ação desses grupos?
Houve uma correção muito forte. Muitos presos estavam nos pátios da penitenciária, com celas sem grades. Os presos estavam presos e soltos ao mesmo tempo. Isso contraria a lógica do sistema prisional. Hoje estão todos nas celas. Isso foi importante para a contenção da violência interna e externa. A sociedade tem sentido isso.
Em sua opinião, as investigações sobre os inquéritos de agiotagem não andavam no governo passado?
JeffersonOlho3Tem gente sofrendo por antecipação. Mandando me bater por prevenção para tentar me desanimar. Estes processos são de 2012, vinculados à morte do Décio Sá. Então, a pergunta é: eles andaram ou não andaram? Foram retomados neste governo e nós temos o objetivo de finalizar todos estes procedimentos. Há algo grave por trás disso. Nós tínhamos a eleição de 2012, não é isso?! Grande parte dos cheques apreendidos com agiotas eram de prefeituras. Na ocasião, seria interessante que as pessoas daqueles municípios tomassem conhecimento que o seu gestor estava dando cheques para agiotas antes da eleição, para que a população pudesse fazer juízo eleitoral e decidir quem deveria ou não permanecer no cargo por conta desse desvio de recursos. Mas não deram andamento aos inquéritos. Por quê? Agora sou eu quem faço a pergunta.
Haveria a proposta de desarmar todos os policiais no período de folga?
Fiquei sabendo dessa informação por meio do que foi divulgado. É interessante como esses telepatas atribuíram isso à minha pessoa. Nunca ninguém falou disso comigo e eu nunca falei disso com ninguém. Tem até uma nota de repúdio me condenando por mandar desarmar os policiais, ao mesmo tempo em que eu estou comprando R$ 3 milhões em novas armas para as polícias do Maranhão. Esta foi a minha determinação. Como eu poderia, então, mandar desarmar a polícia? É uma crítica risível.
Quais as suas metas e investimentos previstos para a segurança pública?
JeffersonOlho4Não podemos ter policiais trabalhando em prédios indignos. Aqui no Maranhão corrigiram isso do modo mais estranho possível. Fecharam várias delegacias que funcionavam em prédios públicos. Ao invés de se gastar o recurso mantendo a qualidade do prédio público, deixavam o prédio público cair para tirar a delegacia de dentro. Hoje existem casas alugadas por preços exorbitantes onde funcionam três delegacias ao mesmo tempo. Vamos descentralizar as delegacias. Vamos modernizar a nossa frota, com viaturas compatíveis às nossas necessidades. Precisamos de carros fortes, não de carros de passeios pintados de viaturas. Vamos modernizar nossos equipamentos, revolucionando a comunicação policial do estado. Estamos implantando a comunicação digital, com controle em tempo real da localização da viatura. Em agosto, toda a região metropolitana de São Luís será coberta pela comunicação digital. Queremos criar um condomínio projetado para os nossos policiais, tirando estes das áreas de risco. Logo também teremos uma lei de promoções na Polícia Militar do Maranhão. São medidas para ajustar o sistema.
Fonte: Blog do Clodoaldo Correa

Reflexão Bíblica: Sem perdão não existe amanhã!


Pr. Ed René Kivitz

Alguém já disse que a família é o lugar dos maiores amores e dos maiores ódios. Compreensível: quem mais tem capacidade de amar, mais tem capacidade de ferir. A mão que afaga é aquela de quem ninguém se protege, e quando agride, causa dores na alma, pois toca o ponto mais profundo de nossas estruturas afetivas. Isso vale não apenas para a família nuclear: pais e filhos, mas também para as relações de amizade e parceria conjugal, por exemplo.

Em mais de vinte anos de experiência pastoral observei que poucos sofrimentos se comparam às dores próprias de relacionamentos afetivos feridos pela maldade e crueldade consciente ou inconsciente. Os males causados pelas pessoas que amamos e acreditamos que também nos amam são quase insuperáveis. O sofrimento resultado das fatalidades são acolhidos como vindos de forças cegas, aleatórias e inevitáveis. Mas a traição do cônjuge, a opressão dos pais, a ingratidão dos filhos, a rixa entre irmãos, a incompreensão do amigo, nos chegam dos lugares menos esperados: justamente no ninho onde deveríamos estar protegidos se esconde a peçonha letal.

Poucas são minhas conclusões, mas enxerguei pelo menos três aspectos dessa infeliz realidade das dores do amar e ser amado. Primeiro, percebo que a consciência da mágoa e do ressentimento nos chega inesperada, de súbito, como que vindo pronta, completa, de algum lugar. Mas quando chega nos permite enxergar uma longa história de conflitos, mal entendidos, agressões veladas, palavras e comentários infelizes, atos e atitudes danosos, que foram minando a alegria da convivência, criando ambientes de estranhamento e tensões, e promovendo distâncias abissais.

Quando nos percebemos longe das pessoas que amamos é que nos damos conta dos passos necessários para que a trilha do ressentimento fosse percorrida: um passo de cada vez, muitos deles pequenos, que na ocasião foram considerados irrelevantes, mas somados explicam as feridas profundas dos corações.

Outro aspecto das dores do amar e ser amado está no paradoxo das razões de cada uma das partes. Acostumados a pensar em termos da lógica cartesiana: 1 + 1 = 2 e B vem depois de A e antes de C, nos esquecemos que a vida não se encaixa nos padrões de causa e efeito do mundo das ciências exatas. Pessoas não são máquinas, emoções e sentimentos não são números, relacionamentos não são engrenagens. É ingenuidade acreditar que as relações afetivas podem ser enquadradas na simplicidade dos conceitos certo e errado, verdade e mentira, preto e branco. A vida é zona cinzenta, pessoas podem estar certas e erradas ao mesmo tempo, cada uma com sua razão, e a verdade de um pode ser a mentira do outro. Os sábios ensinam que "todo ponto de vista é a vista de um ponto", e considerando que cada pessoa tem seu ponto, as cores de cada vista serão sempre ou quase sempre diferentes. Isso me leva ao terceiro aspecto.

Justamente porque as feridas dos corações resultam de uma longa história, lida de maneiras diferentes pelas pessoas envolvidas, o exercício de passar a limpo cada passo da jornada me parece inadequado para a reconciliação. Voltar no tempo para identificar os momentos cruciais da caminhada, o que é importante para um e para outro, fazer a análise das razões de cada um, buscar acordo, pedir e outorgar perdão ponto por ponto não me parece ser a melhor estratégia para a reaproximação dos corações e cura das almas.

Estou ciente das propostas terapêuticas, especialmente aquelas que sugerem a necessidade de re-significar a história e seus momentos específicos: voltar nos eventos traumáticos e dar a eles novos sentidos. Creio também na cura pela fala. Admito que a tomada de consciência e a possibilidade de uma nova consciência produzem libertações, ou, no mínimo, alívios, que de outra maneira dificilmente nos seriam possíveis. Mas por outro lado posso testemunhar quantas vezes já assisti esse filme, e o final não foi nada feliz. Minha conclusão é simples (espero que não simplória): o que faz a diferença para a experiência do perdão não é a qualidade do processo de fazer acordos a respeito dos fatos que determinaram o distanciamento, mas a atitude dos corações que buscam a reaproximação. Em outras palavras, uma coisa é olhar para o passado com a cabeça, cada um buscando convencer o outro de sua razão, e bem diferente é olhar para o outro com o coração amoroso, com o desejo verdadeiro do abraço perdido, independentemente de quem tem ou deixa de ter razão. Abraços criam espaço para acordos, mas a tentativa de celebrar acordos nem sempre termina em abraços.

Essa foi a experiência entre José e seus irmãos. Depois de longos anos de afastamento e uma triste história de competições explícitas, preferências de pai e mãe, agressões, traições e abandonos, voltam a se encontrar no Egito: a vítima em posição de poder contra seus agressores. José está diante de um dilema: fazer justiça ou abraçar. Deseja abraçar, mas não consegue deixar o passado para trás. Enquanto fala com seus irmãos sai para chorar, e seu desespero é tal que todos no palácio escutam seu pranto. Mas ao final se rende: primeiro abraça e depois discute o passado. Essa é a ordem certa. Primeiro, porque os abraços revelam a atitude dos corações, mais preocupados em se (re)aproximar do que em fazer valer seus direitos e razões. Depois, porque, no colo do abraço o passado perde força e as possibilidades de alegrias no futuro da convivência restaurada esvaziam a importância das tristezas desse passado funesto.

Quando as pessoas decidem colocar suas mágoas sobre a mesa, devem saber que manuseiam nitroglicerina pura. As palavras explodem com muita facilidade, e podem causar mais destruição do que promover restauração. Não são poucos os que se atrevem a resolver conflitos, e no processo criam outros ainda maiores, aprofundam as feridas que tentavam curar, ou mesmo ferem novamente o que estava cicatrizado. Tudo depende do coração. O encontro é ao redor de pessoas ou de problemas? A intenção é a reconciliação entre as pessoas ou a busca de soluções para os problemas? Por exemplo, quando percebo que sua dívida para comigo afastou você de mim, vou ao seu encontro em busca do pagamento da dívida ou da reaproximação afetiva? Nem sempre as duas coisas são possíveis.

Infelizmente, minha experiência mostra que a maioria das pessoas prefere o ressarcimento da dívida em detrimento do abraço, o que fatalmente resulta em morte: as pessoas morrem umas para as outras e, consequentemente, as relações morrem também. A razão é óbvia: dívidas de amor são impagáveis, e somente o perdão abre os horizontes para o futuro da comunhão. Ficar analisando o caderno onde as dívidas estão anotadas e discutindo o que é justo e injusto, quem prejudicou quem e quando, pode resultar em alguma reparação de justiça, mas isso é inútil - dívidas de amor são impagáveis.

Mas o perdão tem o dia seguinte. Os que recebem perdão e abraços cuidam para não mais ferir o outro. Ainda que desobrigados pelo perdão, farão todo o possível para reparar os danos do caminho. Mas já não buscam justiça. Buscam comunhão. Já não o fazem porque se sentem culpados e querem se justificar para si mesmos ou para quem quer que seja, mas porque se percebem amados e não têm outra alternativa senão retribuir amando.

As experiências de perdão que não resultam na busca do que é justo desmerecem o perdão e esvaziam sua grandeza e seu poder de curar. Perdoar é diferente de relevar. Perdoar é afirmar o amor sobre a justiça, sem jamais sacrificar o que é justo. O perdão coloca as coisas no lugar. E nos capacita a conviver com algumas coisas que jamais voltarão ao lugar de onde não deveriam ter saído. Sem perdão não existe amanhã.

Música para a paz

Dilma: 'Posso garantir que a agenda do meu governo é popular'

Em viagem de última hora a São Paulo para evento do PCdoB, presidenta criticou conservadorismo, maioridade penal e falou do ajuste fiscal

Reprodução/Facebook
Dilma discursa no PCdoB
A presidenta Dilma Rousseff decidiu comparecer ao evento em São Paulo na própria sexta-feira 29
Dias após o governo anunciar o maior corte de gastos orçamentários da história do País e liquidar a aprovação no Congresso de medidas do ajuste fiscal, Dilma Rousseff improvisou uma viagem a São Paulo na sexta­-feira 29 para participar da X Conferência Nacional do PCdoB, ocasião em que tentou dar alguns sinais de que nem tudo é ortodoxia em Brasília.

À plateia de militantes e dirigentes comunistas, a presidenta criticou a ofensiva conservadora emcurso no País e o financiamento empresarial de campanhas, defendeu o ajuste fiscal de seu governo como sendo de um padrão diferente da era FHC, aplaudiu ataques à Lei da Terceirização desferidos ali na Conferência.

“Posso garantir que a agenda do meu governo é popular, inclusiva, e tenho discutido o ajuste fiscal de forma equilibrada, com justiça”, afirmou Dilma, cuja presença no evento foi decidida por ela na própria sexta­-feira 29. “Estamos tentando colocar a economia na rota do crescimento e é melhor que façamos logo porque a demora atua contra a população e contra o povo”.

Horas antes da Conferência, soube­-se que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro encolheu 0,2% no primeiro trimestre. O garrote na economia já começa a fazer estragos no mercado de trabalho, um dos pilares de sustentação política dos governos petistas. De janeiro a abril, a taxa de desemprego subiu de 4,3% para 6,4%, enquanto os salários estagnaram.

O golpe desferido pela mandatária no conservadorismo foi motivado pela proposta de redução da maioridade penal, um dos projetos do coração do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB). “Penalize o adulto, mas resolver a questão da violência do menor com internações, com prisões, não resolve”, segundo Dilma.

Em entrevista publicada pelo portal IG neste sábado 30, o presidente da comissão especial da Câmara que examina a proposta, deputado André Moura (PSC­SE), disse: Segundo ele, fidelíssimo a Cunha, a discussão não será para reduzir a maioridade a 16 anos, mas “para 14 anos ou 12”.

O financiamento empresarial de campanhas é outra menina dos olhos de Cunha que Dilma condenou no evento do PCdoB. Para ela, o País precisa de uma reforma política que fortaleça os partidos e acabe com o patrocínio empresarial de campanhas. “Temo que isso esteja sendo postergado. Temo que tenhamos extrema dificuldade de aprovar isso”, disse a presidenta.

Mais do que difícil. A Câmara está fazendo o oposto, ao aprovar a inclusão deste tipo de doações na Constituição, como aconteceu em votação na quarta­feira 28. Apesar de o ex­-diretor da estatal Paulo Roberto Costa, um dos réus­-delatores da Operação Lava Jato, ter explicado com clareza, dias antes, perante a CPI da Petrobras criada na Câmara, por que razão as empresas fazem doações eleitorais. “Precisamos passar o Brasil a limpo e acabar com essa hipocrisia de que as empresas vão doar valores e que não vão cobrá­los lá na frente”, disse Costa. “Não existe almoço grátis.”

No discurso, Dilma mais uma vez argumentou ter sido obrigada a fazer o ajuste fiscal em curso por causa do esgotamento do arsenal de estímulos econômicos usados em seu primeiro mandato.

Depois de adotar um receituário “anticíclico”, com desonerações de impostos e forte atuação dos bancos públicos, seria hora de recompor a capacidade financeira do Estado brasileiro. “Desde a eclosão da crise [de 2008], adotamos uma estratégia de fortalecer as políticas sociais, ampliamos crédito subsidiado, BNDES concedeu financiamentos e autorizamos investimentos para estados e municípios em montantes nunca antes feitos na história deste país, plagiando o presidente Lula, para preservar a renda e os empregos”, disse Dilma. Agora, segundo ele, é hora de buscar o “reequilíbrio fiscal”.

Dilma defendeu ainda a rápida aprovação, pelo Congresso, de um item importante do ajuste fiscal: o projeto de lei que ressuscita o modelo histórico de contribuição patronal à Previdência com base na folha de pagamento das empresas. Tal modelo foi trocado por outro, com base no faturamento das firmas, ao longo do primeiro mandato da presidenta. A mudança custou 25 bilhões de reais aos cofres públicos por ano. A proposta apresentada este ano reduzirá pela metade esta perda de arrecadação, ou seja, o governo voltará a arrecadar por ano uns 12 bilhões a mais.

Para Dilma, a aprovação deste projeto é “crucial”. O texto anda, porém, com vagareza na Câmara dos Deputados. Obra do relator e líder do PMDB, Leonardo Picciani (RJ), discípulo de Eduardo Cunha na arte de defender patrões.

Fonte: CartaCapital

Os desafios da educação ambiental

Há 16 anos no currículo, a Educação ambiental ainda enfrenta desafios como a qualificação dos professores e a ausência de articulação entre as disciplinas

Os desafios da educação ambiental


Por Thais Paiva/Carta Fundamental

A escassez de água em São Paulo, a enchente histórica no Acre, o desmatamento da Amazônia e da Mata Atlântica, a extinção de espécies. Basta um rápido olhar pelo noticiário para constatar a magnitude dos problemas ambientais que o mundo e o Brasil, mais especificamente, enfrentam como consequência do uso ilimitado e irresponsável dos recursos naturais.

Se hoje a necessidade de preservar o meio ambiente é pauta da agenda internacional e discussão unânime dentro da sociedade, trata-se do fruto de um movimento de conscientização e de implementações de políticas públicas relativamente recente. Foi somente a partir de 1972, ano da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, realizada em Estocolmo, Suécia, que os países começaram a criar órgãos ambientais e leis para regulamentar a intervenção humana sobre a natureza.

O tema ainda demoraria mais algumas décadas para chegar às salas de aula. No Brasil, a instituição da Política Nacional de Educação Ambiental data de 1999. Com a lei, o meio ambiente passou a ser um tema transversal obrigatório dos currículos escolares, pensado para ser abordado de forma interdisciplinar e contínua.

Entretanto, apesar de difundida, a Educação Ambiental ainda enfrenta desafios. Os principais deles referentes à qualificação dos professores que, muitas vezes, não recebem treinamento adequado para abordar o tema em suas disciplinas, além da própria ausência de um projeto pedagógico consolidado para dar conta da tarefa.

Apesar do Ministério da Educação promover cursos à distância sobre o tema, o direcionamento dado à questão fica quase sempre a critério dos interesses e do empenho das instituições e dos próprios professores. Na maioria dos casos, o assunto fica a cargo dos docentes de Ciências pela compatibilidade com o tema ou limitado a projetos esporádicos realizados ao longo do ano. “Embora a gente tenha um conjunto grande de pesquisas sobre Educação Ambiental, pouco disso está sistematizado de forma a compor um panorama do que, de fato, se passa nas escolas”, diz Luiz Marcelo de Carvalho, professor do Instituto de Biociências da Unesp de Rio Claro e coordenador do grupo de pesquisas Temática Ambiental em Processo Educativo.

Este quadro, segundo o professor, é bastante diverso. Há desde ações mais pontuais, determinadas por alguma data comemorativa como Dia Mundial do Meio Ambiente, até escolas que arriscam uma disciplina na grade curricular. “Agora, uma perspectiva que me parece mais concreta, eficiente, é o desenvolvimento do tema por meio de projetos, o que é interessante porque permite uma multiplicidade de experiências e vivências a partir de diferentes áreas curriculares que dá uma compreensão muito mais ampla da questão”, coloca. 

Para Elza Neffa, professora da Faculdade de Educação e coordenadora do Núcleo de Referência em Educação Ambiental da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, o maior problema enfrentado pelos educadores refere-se à dificuldade de entender esta interdisciplinaridade e de aplicá-la no cotidiano da sala de aula. “O campo ambiental é um objeto transdisciplinar e, como tal, apresenta temas e problemas que se expressam em distintas esferas de interação, em múltiplos níveis de realidade. Nesse sentido, entendemos que uma disciplina isolada não dá conta de explicar a complexidade da realidade socioambiental”, aponta.

Esse tratamento holístico do tema, porém, esbarra na formação docente. “A verdade é que, a maior parte dos professores, na época em que saíram da universidade, não teve essa formação de olhar para o meio ambiente de uma maneira integrada. E isso é essencial. Não adianta olhar o tema de forma segmentada, onde entra em Química, Geografia. Tem que, desde cedo com os alunos, analisar o cenário como um todo”, aponta Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da USP. “Mas para isso seria necessário olhar com cuidado para os currículos das licenciaturas e ver como a educação ambiental está presente”, acrescenta o professor Artaxo. 

Outro agravante está na própria estrutura das escolas, acostumadas a funcionar de modo disciplinar e nem sempre favorecendo a articulação entre os professores especialistas. É o que aponta Sonia Marina Muhringer, coordenadora da área de sustentabilidade da Escola Viva, situada em São Paulo. “Assuntos e forma de abordar a Educação Ambiental não faltam. Sequências didáticas nas diferentes disciplinas, rodas de leitura e de conversa, ciclos de filmes e discussões, diagnósticos locais, projetos de intervenção no espaço. Mas acredito que a questão principal é como criar uma maior afinidade entre os professores com o tema, especialmente entre os especialistas que não são formados em áreas afins”, coloca.

Para Genebaldo Freire Dias, doutor em Ecologia e autor dos livros Dinâmicas e Instrumentação para a Educação Ambiental e Educação Ambiental – Princípios e práticas, as oportunidades restritas de atualização também contribuem para que o tratamento do tema seja superficial. “Percebo, no contato com os professores, que as suas práticas de Educação Ambiental, de forma geral, estacionaram no lixo, na reciclagem, na coleta seletiva, na horta e na economia de energia elétrica e água. Ou seja, em apenas elementos de gestão ambiental”, conta. 

Sonia aponta ainda a importância de envolver a comunidade escolar como um todo nos projetos. “A prática cotidiana da escola é uma forma eficiente de ensinar os valores implicados na Educação Ambiental e de fornecer bons modelos para os estudantes. Talvez esse seja o aspecto mais difícil da transversalidade na escola, implicar sua gestão em modelos mais compatíveis com a sustentabilidade”, finaliza a coordenadora Sonia Marina Muhringer.

Presos mais dois suspeitos do assalto de Panaquatira

A Polícia Militar (PM) prendeu mais dois possíveis envolvidos na chacina que causou a morte de cinco pessoas no último sábado (22), nesta manhã (29). Após denúncia anônima, a PM chegou aos suspeitos identificados como Paulo César da Silva Martins – conhecido como PC – e José de Ribamar Silva Saraiva – conhecido como C. Rolim – que estavam em Juçatuba.

suspeitos

De acordo com a PM, C.Rolim tem um mandado de prisão aberto contra o seu nome.

Na quinta-feira, a polícia já havia prendido a caseira Joseane Aires da Costa, irmã do Nau de Panaquatira morto pelo policial Max Miller, e seu companheiro José Luís Araújo, ambos suspeitos de terem dado apoio ao bando que executou o assalto.

A polícia também prendeu Laurineide Rocha da Paixão, companheira de Clemilson de Almeida, integrante da quadrilha que continua foragido, e um adolescente que teria fornecido o nome dos outros integrantes do grupo.

Jornal Pequeno

Idoso de 83 anos estuda Direito após concluir dois cursos

Após criar quatro filhos sozinho e “encaminhá-los para a vida”, o professor de matemática goiano Leon Delane Nolasco decidiu que era a hora de se reinventar. Aos 80 anos, ele concluiu a sua segunda graduação, no curso de ciências contábeis, e passou a atuar como contador. Não satisfeito, ingressou no curso de direito e, atualmente, aos 83 anos, se prepara para a formatura no fim deste ano. “E ainda quero mais. Só vou parar quando entrar para o livro dos recordes como o idoso universitário com mais formações”, contou ele ao G1.

Apesar da idade, Leon mostra muita disposição. Ele conta que caminha diariamente por 7 km, realiza dos serviços rodando “atrás dos clientes” e ainda se dedica aos estudos na Faculdade Cambury. “Eu sempre gostei de estudar e esse é meu segredo para não deixar meu cérebro parar. Por isso, ainda quero prestar o exame da OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] e fazer uma pós-graduação em direito agrário. Vou atuar na área com certeza”, diz.

Mas ele ainda tem mais sonhos: cursar agronomia e história. “Na verdade, história sempre foi minha grande paixão. Mas como não dava para viver bem disso, parti para o curso de matemática e, mais tarde, para ciências contábeis. Mesmo assim, sentia que precisava me aperfeiçoar para ganhar mais dinheiro, aí veio o direito. Porém, ainda quero fazer agronomia e, por fim, realizar meu sonho com o curso de história. Aí, quem sabe, me darei por satisfeito”, ressaltou Leon.

Nos corredores da universidade onde estuda, ele é praticamente uma celebridade. Bem-humorado, faz questão de cumprimentar os colegas. “Me sinto ainda mais vivo estando em uma universidade. Sempre achei bonito o termo ‘acadêmico’ e, enquanto puder, estarei em contato com esse universo”.

Estudos

Natural de Buriti Alegre, no sul de Goiás, Leon conta que viveu muitos anos em Pontalina, até mudar para Goiânia, onde já está há cerca de 40 anos. De família humilde, ele diz que nem sempre imaginou que iria tão longe nos estudos.
Quando a esposa morreu, em 1971, ele atuava como professor de matemática e tinha os quatro filhos para criar. “Na época, meu mais novo tinha 4 anos e não foi nada fácil. Mesmo assim, nunca tive coragem de casar de novo e, juntos, conseguimos nos virar bem. Felizmente, todos se tornaram pessoas de bem”, diz.

Orgulhoso, ele diz que os filhos, que atualmente têm idades entre 41 e 46 anos, também estudaram e se formaram. Com isso, ele viu que chegara a hora dele pensar em realizar os próprios desejos e investiu novamente na vida universitária.

“Eu estive em salas de aulas por 25 anos ensinando matemática. Depois que parei, senti muita falta. Aí percebi que eu queria estudar mais e acabei me encontrando. Hoje sou feliz e quero mesmo me tornar um recordista por ter a idade que eu tenho e continuar estudando”, afirmou o universitário.

Apesar da vida agitada, ele diz que ainda encontra tempo para se divertir. “Vou a bailes, danço bastante e aproveito a vida. Tenho até minhas paqueras. Hoje eu aprendi a comer direito, não fumo e nem bebo mais, e isso me traz uma qualidade de vida enorme. Até mesmo de corridas ao lado dos meus familiares eu participo e ainda chego na frente deles”, destacou.

E para quem acha que apenas os jovens podem correr atrás dos sonhos, Leon é a prova viva que não há limites. “Estudar é bom demais. Quanto mais conhecimentos, melhor a pessoa se torna. O que não pode é parar jamais”, concluiu.

Fonte: G1

Policiais envolvidos em homicídio em Vitória do Mearim são presos e autuados em flagrante


Os policiais militares envolvidos no fato que culminou na morte do homem suspeito de praticar assalto, na tarde de quinta-feira (28), no município de Vitória do Mearim, foram presos e autuados em flagrante pela Delegacia de Homicídios em São Luís, e responderão pelo crime de homicídio qualificado. O principal suspeito de cometer o crime, o vigilante identificado por Luiz Carlos, funcionário do município de Vitória do Mearim, que teria executado um dos assaltantes com dois tiros após perseguição policial, encontra-se foragido, mas as diligências realizadas pelas Polícias Civil e Militar continuam, com o objetivo de prendê-lo. 

Segundo o coronel Marco Antônio Alves, comandante Geral da Polícia Militar do Maranhão, os militares presos, o sargento Miguel e o soldado Gomes, que atuavam na Companhia Independente de Viana, afirmaram durante depoimento que após o assalto a polícia teria sido acionada e começou então uma perseguição, onde um dos suspeitos de praticar o assalto, identificado como Irinaldo Batalha, 35 anos, teria revidado, dando início a uma troca de tiros. Ele explicou ainda que os policiais relataram que o vigia Luíz Carlos estava na viatura acompanhando a ação. “Os militares disseram que o vigilante era uma pessoa conhecida na cidade e sempre dava apoio à polícia, sendo funcionário do município. Ele teria sido levado para trazer a motocicleta após a prisão dos suspeitos e quando o garupa foi atingido e veio ao solo ele teria sido designado para permanecer no local e fazer a segurança da área, uma vez que a perseguição continuou”, declarou. 

De acordo com o comandante da PM, os policiais relataram ainda que o outro suspeito que seguia na motocicleta em direção ao município de Viana, foi alvejado com um tiro no pé e autuado em flagrante por roubo. O coronel Marco Antônio Alves explicou que após a polícia ter acesso às imagens que mostram a execução de Irinaldo Batalha e a consequente identificação do vigilante Luiz Carlos, as buscas para realizar sua prisão foram intensificadas, uma vez que o mesmo encontra-se foragido. “Os militares receberam ordens para se apresentarem no Comando Geral da PM, e assim o fizeram na noite desta sexta-feira (29), onde foi instaurado um processo administrativo para investigar a participação dos policiais no homicídio, além de terem sido autuados em flagrante pela Delegacia de Homicídios pelo crime de homicídio qualificado”, disse ele.

O Comando Geral da PM informou que as primeiras informações deram conta de que o suspeito de praticar o assalto, morto durante a ação policial, Irinaldo Batalha, era usuário de drogas e natural da cidade de Arari. Seu comparsa o piloto da moto, encontra-se preso na delegacia de Vitória do Mearim.

SECOM/MA

A importância de Paulo Freire


A importância de Paulo Freire
A atualidade do pensamento pedagógico transformador do educador brasileiro mais conhecido do mundo


A atualidade do pensamento pedagógico transformador do educador brasileiro mais conhecido do mundo


Por Lisete Arelaro*/Carta Fundamental

A atualidade do pensamento de Paulo Freire vem sendo atestada pela multiplicidade de experiências que se desenvolvem tomando o seu pensamento como referência, em diferentes áreas do conhecimento e em diferentes países do mundo. 

Intelectual chamado de “educador popular” é o professor brasileiro mais conhecido no mundo. Foi criador de uma teoria epistemológica de aprendizagem que grande parte das publicações denomina de Método Paulo Freire, e é também o cidadão brasileiro mais condecorado do País. Foram 39 títulos de Doutor Honoris Causa – 34 em vida e cinco in memoriam – e mais de 150 títulos honoríficos e/ou medalhas. Em 2012, foi declarado Patrono da Educação Brasileira, por meio da Lei Federal nº 12.612, de 13/4/2012.

Paulo Freire escreveu mais de 20 livros como único autor e 13 em coautoria. Seu livro mais importante, Pedagogia do Oprimido, foi traduzido em mais de 20 idiomas e, somente em inglês, já foram publicados mais de 500 mil exemplares. Seu livro Pedagogia da Autonomia – Saberes Necessários à Prática Educativa vendeu mais de 1 milhão de exemplares. Seus livros são comercializados em 80 países, podendo-se afirmar, em razão disso, que ele é o educador brasileiro mais lido no mundo.

Tal projeção confere ao conjunto de suas produções o caráter de uma obra universal, que vem sendo destacada na literatura, nos depoimentos de importantes autores, em diferentes países, e no crescente número de pesquisas que se referenciam na matriz de pensamento de Paulo Freire.

Michael W. Apple, professor da Universidade de Wisconsin – Madison, um dos mais conhecidos especialistas internacionais na área do currículo e na análise das políticas educacionais e um dos principais difusores do pensamento freireano nos Estados Unidos, destaca que as numerosas obras de Freire serviram de referência a várias gerações de trabalho educacional crítico. 

Para António Nóvoa, professor da Universidade de Lisboa, Portugal, autor de diversas obras científicas no domínio da Educação, a vida e a obra de Freire constituem uma referência obrigatória para várias gerações de educadores. As propostas por ele lançadas foram sendo apropriadas por grupos distintos, que as relocalizaram em vários contextos sociais e políticos. “A partir de uma concepção educativa própria, que cruza a teoria social, o compromisso moral e a participação política, Paulo Freire é, ele próprio, um patrimônio incontornável da reflexão pedagógica atual. Sua obra funciona como uma espécie de consciência crítica, que nos põe em guarda contra a despolitização do pensamento educativo e da reflexão pedagógica.”

Na área acadêmica, a última década revela grande interesse e ampliação de trabalhos sobre e a partir do pensamento freireano. Em recente pesquisa realizada no Portal da Capes (SAUL e SILVA, 2008) constatou-se, no período 1987-2007, um total de 804 produções – dissertações e teses – defendidas, que utilizaram o referencial freireano em diferentes áreas do conhecimento. 

No entanto, é importante destacar alguns aspectos de sua teoria epistemológica, para que os que nunca leram Paulo Freire se sintam motivados a fazê-lo. Dentre tantos aspectos, destacamos de sua teoria: a crítica à educação bancária; a educação crítica como prática da liberdade; a defesa da educação como ato dialógico; a necessidade de o professor ser pesquisador e ter rigor científico nas suas aulas; a problematização e a interdisciplinaridade no ato educativo e a noção de ciência aberta às necessidades populares. 

Freire apresenta, em amplo acervo teórico, reflexões que apontam para a importância de uma educação que parta das necessidades populares como prática de liberdade e de emancipação das pessoas, e não de categorias abstratas. Para ele, a educação requer, de forma permanente: a) O cultivo da curiosidade; b) As práticas horizontais mediadas pelo diálogo; c) Os atos de leitura do mundo; d) A problematização desse mundo; e) A ampliação do conhecimento que cada um detém sobre o mundo problematizado; f) A interligação dos conteúdos apreendidos; g) O compartilhamento do mundo conhecido a partir do processo de construção e reconstrução do conhecimento.
Suas obras são críticas, mas cheias de esperança porque o homem e a mulher, como seres inconclusos, sempre podem aprender mais e mudar a sua realidade e a do mundo. Não há destino. Ninguém aprende sozinho, aprende-se em comunhão. E isso se faz nas práxis da ação, reflexão e ação. Por isso, ele nos lembrava: “O mundo não é, ele está sendo”.

É importante registrar, também, a ampliação do número, na última década, de Institutos e Cátedras Paulo Freire em vários países do mundo, entre os quais estão Portugal, Espanha, Itália, Peru, México, Colômbia, Estados Unidos e Brasil. Essas instituições, sediadas ou não em espaços acadêmicos, têm realizado eventos de caráter internacional para o aprofundamento e divulgação do pensamento freireano.
Será que todos esses professores, intelectuais e movimentos sociais são comunistas? 

* Professora titular do Departamento de Administração Escolar e Economia da Educação da Faculdade de Educação da USP

SECRETÁRIO confirma a prisão de 5º acusado de abusos

FOI LOCALIZADO EM CAMPO MAIOR: Estava com dinheiro e tentava chegar em Teresina


A polícia prendeu no final da tarde desta sexta-feira (29/05), o último acusado de envolvimento no crime contra as quarto adolescentes de Castelo do Piauí. Adão José de Sousa, de 40 anos, foi localizado na cidade de Campo Maior, sendo transportado por um mototáxi. A polícia acredita que ele tentava chegar em Teresina.

A prisão foi confirmada pelo secretário de Segurança do Estado, Fábio Abreu, em entrevista ao vivo no programa Cidade Alerta. Segundo o secretário, o homem foi abordado após uma denúncia anônima e ele estava em posse de uma boa quantia em dinheiro, supostamente proveniente de um assalto ocorrido ainda na semana passada.

Até o momento, o acusado estaria jogando a responsabilidade pelos crimes nos quatro adolescentes que foram apreendidos ainda na noite de quarta-feira (27), horas depois que as garotas foram encontradas despidas e com ferimentos graves aos pés do Morro do Garrote.

Em informe oficial, a secretaria de Segurança informou ainda que o acusado será recambiado ainda hoje para a Penitenciária Casa de Custódia, em Teresina. Adão é apontado pelos quatro adolescentes apreendidos como mentor dos abusos e agressões praticadas contra quatro jovens. Três delas permanecem internadas no Hospital de Urgência de Teresina, uma delas em estado grave, tanto que permanece sedada na UTI do hospital.

QUADRO DE SAÚDE DAS ADOLESCENTES

Mesmo com quadro clínico estável, a situação das adolescentes ainda gera preocupação nos médicos. Não houve piora, mas com uma das adolescentes apresentando um trauma de face extenso e outra com uma laceração no couro cabeludo - tendo sido submetida a uma plástica - a equipe médica segue em alerta.

Já a garota de 17 anos, que está na Unidade de Terapia Intensiva, respira com a ajuda de aparelhos. O hospital irá realizar novas tomografias para avaliar que sequelas foram provocadas pelas lesões.

GAROTOS TRANSFERIDOS PARA TERESINA 

Já no final da noite de ontem, os quatro adolescentes apreendidos na cidade de Castelo, e que confessaram participação no crime contra as garotas, foram transferidos para Teresina. Eles estão bem próximo de onde as jovens seguem internadas, pois seguem reclusos em celas da Delegacia de Segurança e Proteção ao Menor (DSPM), prédio que fica ao lado do HUT.

Suspeitos de terem cometido o crime; Quatro menores e um maior de idade. (Foto: WhatsApp)


Em entrevista ao programa Notícia da Manhã, na TV Cidade Verde, o delegado geral Riedel Batista, confirmou que os quatro adolescentes confirmaram participação no crime contra as garotas. No auto de apreensão constam a prática de tentativa de homicídio e estupro. "São garotos com idade entre 15 e 17 anos e todos confessaram a prática dos crimes. A justiça tem agora prazo de 45 dias para fazer o julgamento destes garotos", disse.

COMO TUDO COMEÇOU

As adolescentes, com idade entre 15 e 17 anos, saíram de casa em duas motocicletas, com o pretexto que iriam fazer um trabalho da escola. No local conhecido como Morro do Garrote, elas se depararam com os cinco acusados, que estavam consumindo drogas. Num ato, até agora sem motivo, e de tamanha crueldade, os cinco agarraram as adolescentes e as amarraram em árvores, usando a própria roupa que as meninas usavam.

Elas lutaram para tentar escapar - tanto que resquícios de pele foram encontrados debaixo das unhas de todas - mas foi em vão. Armados com facas, os acusados feriram e violentaram as meninas. Após mais de uma hora de abusos, elas foram covardemente jogadas de uma altura de quase 5 metros, queda que poderia ser maior caso não houvesse uma pedra grande na metade do penhasco. Feridas, elas sequer conseguiam gritar e só foram encontradas pouco mais de uma hora depois.

Local de onde as adolescentes foram jogadas


COMO FORAM LOCALIZADAS

O delegado regional Laércio Evangelista contou que a polícia passou pelo local enquanto fazia buscas por um dos acusados neste crime. Trata-se de Adão José de Sousa. Ele é natural de Castelo do Piauí, mas chegou recentemente de São Paulo, onde morou por vários anos. Sexta-feira passada Adão envolveu-se no assalto a um posto de combustível e era procurado pela polícia.

Os agentes que faziam as buscas por Adão - ainda sem suspeitar do novo crime que ajudara a cometer - encontraram no alto do morro apenas as duas motocicletas, que foram apreendidas e levadas para a delegacia da cidade na carroceria da viatura. Por sorte, o irmão de uma das adolescentes viu as motos e avisou para sua mãe, indicando acreditar que as motos tinham sido apreendidas.

A mãe de uma das garotas, já desesperada porque não tinha notícias da filha - celular estava fora de área - então foi para a delegacia já suspeitando de que algo de errado havia acontecido. Ainda descrente no pior, quis saber se a filha tinha sido pega em uma blitz. Foi então que os policiais indicaram que a moto havia sindo encontrada abandonada no alto do Morro do Garrote. Assim, contou o pai de uma das moças, o agricultor Francisco Rufino.



Os policiais então saíram em busca pelas garotas. Mas antes elas já haviam sido encontradas muito debilitadas, por populares.

PRISÃO DOS ADOLESCENTES 

As características do crime levaram a polícia a um dos adolescentes, já envolido anteriormente em outros delitos na cidade. O garoto acabou confessando e entregando seus comparsas. Outro menor também confessou o crime, e deu detalhes de como tudo acontecera. Eles negaram para a polícia que conheciam as garotas e apontam como "acaso" o fato de as terem encontrado lá no alto do morro. Ao saber do caso, muitos populares revoltados procuraram a polícia e incendiaram pneus e pedaços de madeira diante da delegacia, pedindo uma ação rápida das autoridades de segurança.

Fonte: 180 Graus/Teresina

Editorial Folha de São Paulo: A máscara não serve


Rejeitando medidas de ajuste econômico no Senado, PSDB parece adotar a tática do "quanto pior, melhor", que tanto criticou no passado

Poucos congressistas se dispõem a diminuir benefícios sociais já consagrados na legislação, por mais irrealistas e contraproducentes que possam ser.

Foi portanto necessária muita pressão do Executivo, ademais de alguma consciência da absoluta necessidade de um ajuste nas contas públicas, para que o Senado viesse finalmente a aprovar, nesta semana, as medidas preconizadas pelo Ministério da Fazenda.

O pacote era certamente impopular, ainda que seu teor tivesse conhecido alguma diluição em relação à proposta original.

Dentro de um contexto em que se impunha recuperar com urgência a saúde da economia nacional, não se pode classificar como draconianas ou indiscriminadas as restrições agora efetuadas.

Tome-se, por exemplo, o benefício da pensão em caso de morte. Até o momento, era concedido em sua integralidade ao cônjuge, sem que se calculasse o tempo mínimo de casamento ou de contribuição.

Ajustaram-se minimamente os mecanismos legais. Fica estipulado o prazo de 18 meses de contribuição, e de dois anos de união, para que o cônjuge enlutado receba o benefício. Haverá também de ser proporcional à sua idade, sendo recebido vitaliciamente apenas por quem tiver 44 anos ou mais ao perder o companheiro.

Modificações desse tipo não representam violências gritantes contra o trabalhador --muito menos dada a economia proporcionada aos cofres públicos--, ainda que envolvam um quinhão de sacrifícios com que antes não se contava.

Por legítimas que sejam as críticas quanto à irresponsabilidade do primeiro governo Dilma Rousseff (PT) no manejo das contas públicas, e por mais diversas que se afigurem as alternativas hipotéticas aos cortes e ajustes, era necessário que o Legislativo os aprovasse --e a maioria terminou cedendo a esse imperativo.

Não foi o que aconteceu, porém, com o PSDB. O partido de Aécio Neves --que sem dúvida teria encaminhado propostas de austeridade semelhantes caso eleito para a Presidência-- negou seus votos para o ajuste. Reeditou, com isso, a atitude que tanto criticava no PT de outros tempos: a tática do "quanto pior, melhor".

Não parece ser vocação dos tucanos ou de parte significativa de seu eleitorado deixar-se seduzir pelo populismo sindical e pela ignorância das leis da aritmética.

Em recente propaganda política veiculada em rádio e TV, o PSDB anunciava um lema: "Ser oposição não é dizer não a tudo. É ser a favor do país". Diante do ajuste econômico, contudo, eis que o partido se desacredita de modo notável. A máscara não lhe pertence; não terá nem mesmo ganho mais votos ao usá-la nesse baile.Editorial