Não me presto ao carnaval. Neste domingo(11), preferi entrar no meu surrado corsinha cor de ouro e resolvi pegar a estrada na direção do Povoado Serra Grande de Tuntum com Mônica. Estrada, ainda, trafegável apesar das intensas chuvas que caíram por aqui recentemente fui indo, indo, passei pelo Leva e desci rumo ao Santo Antonio. Meu destino foi a Fazenda São Bento, precisamente meu prazer da domingueira última estava cravado nos 60 hectares de terra boa deixada pelo patriarca Pedro Fernandes, um dos habitantes mais antigos da cidade, já falecido, para os filhos e as filhas.
Chegando ali, a minha caçula Lorena, que já tinha se aventurado na garupa da moto do avô e chegado primeiro que eu e Mônica na freguesia dos Fernandes, já corria desenfreada na frente da casinha de sapê construída há poucos meses pelo ex-vigilante do Banco do Brasil local.
Mas o que me moveu, nesta tarde de domingo(11) de carnaval, foi encontrar novamente o cenário bucólico nos arredores de Tuntum, que me remeteu à infância vivida por aqui nos meses de inverno nas décadas de sessenta, setenta, oitenta e primórdios de noventa do século passado. Roças de milho, feijão, mandioca e abóbora se espelhando nos açudes já quase sagrando como se diz nos povoados tuntunenses me colocou novamente frente a frente com o celeiro agrícola generoso que a cidade sempre ofertou para o restante do Maranhão e, até mesmo, para o Nordeste mais longínquo.
O domingo(11) me injetou saudade do passado com o vento norte batendo na cara, debaixo da casinha de sapê e o olhar cravado nas serras de perto e ao longe com suas plantinhas e árvores frondosas verdes pela bênção da chuva dos últimos dias, os riachos, as grotas, os açudes e barreiros germinando o milagre do pão que homens com suas dominações impediram a cidade ter sua vocação econômica original.
Casinha de sapê, rede armada no alpendre, Mônica, Lorena e os avós sem adereços e Pierrot forçados, só a natureza a espera da chuva serôdia e o corsinha cor de ouro tomando o caminho de volta no final da tarde de domingo sem a alegria comprada do carnaval, mas feliz pelo encanto da terra molhada, dos verdes campos de Tuntum.