Hilton César Neves da Silva*
Hoje, segundo domingo do mês de agosto, celebramos o “dia dos Pais”, como no mês de maio, no segundo domingo celebramos o “dia das Mães”. Qual a diferença de uma data para a outra? Indiscutivelmente a celebração do dia das mães é mais pomposa, mais festiva, tem mais propaganda, mais divulgação, os eventos são maiores, mais destaques, em todos os lugares e setores. Costumo dizer que não se celebra o dia das Mães, mas o mês das mães. Tem evento, na escola, na igreja, nos bares, nos comércios, enfim, entrou o mês de maio começou os “festejos das mães”.
Mas, porque a diferença? Porque a discriminação? Qual a razão disso tudo?
Hoje, na homilia da Missa da Celebração Especial do dia das Pais, que infelizmente a presença era mais de mães do que de pais, o Padre assim se expressou: “Vocês Pais receberam a Missão de ser protagonistas na continuação da Criação”. Diante desta afirmação, ouso em dizer, que nós pais, não estamos assumindo esta Missão de sermos protagonistas da Criação. E isto vai de encontro com uma frase que diz: “Pai não é o que faz e sim o que cuida”.
Constata-se, diante disso, uma realidade triste que mais de 5,5 milhões e meio de crianças, matriculadas, não consta na Certidão do Registro de Nascimento o nome do pai. Mas será porque desta situação?
Triste dizer que não estamos cuidando da nossa prole, dos nossos filhos. Uma das ações mais recorrentes na Justiça, através de Advogados, Promotores, Defensores Públicos e até do atendimento no Conselho Tutelar, são de Investigação de Paternidade e de Alimentos, uma pra descobrir quem é o Pai e a outra pra obrigar o Pai dar alimentos para suprir uma necessidade básica de sobrevivência, que é a de alimentos. Então, digo, sem medo de errar que muitos pais estão piores que os outros animais, porque os outros animais não negam comer para a sua criar até ele ter condições, de se alimentar por conta própria. Todos nós somos sabedores que não precisamos somente de alimentos para sermos felizes e ajustados, precisa-se de outros fatores, como o afeto, o carinho, a atenção, o cuidado. Padre Zezinho, na canção dizia: “E há tantos filhos, que bem mais do que um palácio, gostariam de um abraço E do carinho entre seus pais”.
A função paterna é a de cuidar e a de educar e estamos falhando nas duas, relegando, as mães única e exclusivamente esse papel importante no desenvolvimento dos nossos filhos. Triste ver tanta violência, negligência e abandono de nossas crianças. O noticiário quase que diariamente relato casos que trás a tona o quanto estamos sendo desumano com nossas crianças. Quem tem o dever de educar e cuidar não esta fazendo.
Hoje celebro este dia, como filho e como pai. Como filho tive a experiencia de ter tido 03 (três) pais, o biológico, o que criou e cuidou e o que registrou. O que registrou foi meu avô paterno, tenho poucas lembranças, pois morreu tinha apenas 03 (três) anos. O Pai biológico, foi aquele que participou da procriação, que participou da geração, este faleceu em 2019, e estava comigo, sob meus cuidados. O que adotou, e cuidou, faleceu em 2011, repentinamente. Cada um deles deixou suas marcas na minha vida e na minha personalidade, porém, indiscutivelmente, o que mais me marcou foi o que cuidou e educou, que me ensinou a falar, que me ajudou a banhar, que me ajudou a comer, que me botou no colo, que me fez sorrir várias vezes.
Como pai, longe de ser o melhor, mas entre os erros e acertos, tenho buscado dentro das limitações de ser humano, de pessoa cheia de defeitos e qualidades também, tento educar, tento cuidar, tento ser presença, tento ouvir, tento dialogar. Não existe receita, é um aprendizado diário, ainda, mais quando se tem filhos com 23, 22, 16 e 13 anos. Tenho 02 (dois) do milênio e século passado e 02 (dois) desse milênio e século 21, que vivem a influência dos seus tempos, dos seus momentos. Cada um com suas belezas, com suas qualidades, seus defeitos e seus acertos.
Diante desta realidade o que precisamos fazer, pais, para sermos mais responsáveis, mais amorosos, mais cuidadosos com nossos filhos para que possamos ter mais dias dos pais celebrativos, festivos, lembrados, etc? Augusto Cury, em seu Livro: Inteligência Socioemocional – Ferramentas para pais inspiradores e professores encantadores, nos indica, algumas técnicas para formar sucessores ou mentes brilhantes, elencando técnicas educacionais. Destaco, porém, dentre elas as seguintes: Deixe que sua vida sirva de exemplo, nutra a personalidade de seus filhos com sua história, não superproteja, proteja a emoção de quem foi agredido, ensine o valor da liberdade e negocie limites, pratique a arte da gratidão, agradeça seus filhos por existirem, seja tolerante, dê o que o dinheiro não compra e acima de tudo ame o seu filho.
Milton Nascimento, na sua música Coração de estudante, diz: “E há que se cuidar do broto, Pra que a vida nos dê flor e fruto”.
Parafraseando, Legião Urbana, “É preciso amar as pessoas, como se não houvesse amanhã, por que se você parar pra pensar, na verdade não há...”.
Grato a Deus pelos pais que tive e pelos filhos que tenho e Almir Sater, expressa bem o sentimento de hoje, ao dizer: Ando devagar porque já tive pressa, E levo esse sorriso, porque já chorei demais. Hoje me sinto mais forte, Mais feliz, quem sabe, Só levo a certeza, De que muito pouco sei, Ou nada sei... “
Papai, pais, é preciso cuidar, é preciso amar para que o dia dos pais realmente seja dia de festa, de alegria, de encontro e acima de tudo de expressão de gratidão e amor, porque senão, daqui uns dias, somos nós pais, que estaremos precisando do Carinho e do Afeto dos nossos filhos.
Parabéns aos pais que são pais.
Hilton César Neves da Silva*, Pedagogo, Assessor Educacional, Membro da Academia Vargengrandense de Letras e Artes.