247 - O ex-ministro Celso Amorim disse à BBC que a exibição de tanques por Jair Bolsonaro e as Forças Armadas em Brasília no dia da votação da “PEC do Voto Impresso”, nesta terça-feira, 10, é "um absurdo total" e uma "ameaça de golpe".
O desfile terá como objetivo entregar a Bolsonaro um convite para a "Operação Formosa", um exercício militar. "Essa entrega simbólica foi planejada antes da agenda da votação da PEC no Plenário da Câmara dos Deputados, não possuindo relação com a mesma", alega a Marinha.
"Para entregar um convite o comandante da Marinha pega o elevador (no Palácio do Planalto) e entrega no 3º andar, acompanhado pelo ministro da Defesa. Não precisa de blindado, nada disso", afirma o ex-ministro Celso Amorim, que liderou a pasta da Defesa entre 2011 e 2015, sob o governo da então presidente Dilma Rousseff.
"Em um momento em que o presidente sofre pressões e tem constantemente falado coisas antidemocráticas, a notícia de que ele vai participar de um evento com tanques de guerra na rua é um absurdo total", afirma.
"Como comparação, no direito internacional uma demonstração de força já é considerada um ato de guerra", diz.
"No momento em que vivemos, os gestos teriam que ser todos medidos para não escalar a crise, mas Bolsonaro faz o contrário, faz uma 'demonstração de força' com tanques na rua. Não permite outra leitura que não uma ameaça de golpe. É lamentável", continua.
"Espero que a Câmara reaja, não aprovando a proposta. Mas eu fico muito preocupado. Não é fácil os deputados se comportarem de maneira autônoma com tanques do lado de fora", destacou.