KENNEDY ALENCAR
SÃO PAULO
O ex-presidente Lula e o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes se reaproximaram politicamente e participarão no domingo de uma inauguração do B da obra de transposição das águas do rio São Francisco. Eles visitarão Monteiro, cidade da Paraíba na qual o presidente Michel Temer esteve na semana passada.
Há dois efeitos importantes nessa reaproximação. Um deles é realizar um ato para que seja reconhecido que Lula é, de fato, o pai da obra. Esse projeto era imaginado desde o império, no século 19, mas saiu do papel somente no governo Lula em 2007, dez anos atrás. A ex-presidente Dilma, que acompanhará Lula no domingo, tocou boa parte da obra, que atrasou bastante e cujos custos se elevaram significativamente. E o governo Temer está concluindo os trechos finais.
Esse ato de domingo em Monteiro, numa das regiões mais carentes do país, com populações que sofrem com a seca há séculos, tem efeito simbólico importante para melhorar a imagem de Lula, que sofreu desgaste com as investigações da Lava Jato.
O outro efeito é a reaproximação entre Lula e Ciro Gomes, do PDT. Ciro acompanhar Lula num palanque é uma novidade da política. O pedetista andava fazendo críticas duras à uma eventual candidatura do ex-presidente em 2018. Agora, amenizou o discurso em relação a essa possibilidade.
Essa reaproximação é do interesse de Lula e Ciro. Há chance de uma condenação em segunda instância inviabilizar uma eventual candidatura de Lula em 2018, enquadrando-o na Lei da Ficha Limpa.
Se isso acontecer, Lula deverá apoiar Ciro para presidente. Mas, se o petista puder ser candidato, Ciro seria convidado para disputar a Vice-Presidência.
Esses dois cenários estão no tabuleiro do xadrez de uma eventual frente de esquerda para disputar a Presidência no ano que vem. Juntos, Lula e Ciro são mais fortes.