Por Fernando Brito/Tijolaço
Para logo deixar a área limpa: ninguém tem nada a ver pessoalmente com as opiniões políticas da mulher do deputado Leonardo Picciani. Nem mulher é extensão cerebral do marido e também não o contrário.
Mas a publicação do que ela disse nas redes sociais – que se popularizou na web e virou reportagem nos jornais – é interessante porque revela o sentimento de boa parte do pensamento da classe média, que não gosta do PT e de Dilma, mas está chocada com o fato de o governo brasileiro passa a ser exercido pela dupla Michel Temer – Eduardo Cunha.
Era algo perceptível a todos, como este blog registrou há dois dias.
“O foco do combate a um golpe de muitas cabeças – e repito que o golpe de fato é o exercício do governo e sua transformação em algoz dos direitos públicos e sociais – são suas caras públicas: Cunha e Temer. (…) São a cara do golpe que avança e são, também, seus joelhos, seu ponto mais fraco.”
Temar, tão louvado por suas habilidades políticas, cometeu um erro gravíssimo ao expor abertamente a sua condição de chefe da operação. E a exposição da “tropa do Cunha” que executou a missão estarreceu o país, ao ponto de a BBC hoje registrar que a palavra mais usada nas redes sociais naquele domingo foi “vergonha”.
As chochas comemorações da vitória do sim, na noite do domingo já deixavam entrever este espanto, mesmo entre os que gritavam “Fora, Dilma”.
Era como se todos estivessem vendo e pensando: “é isso, é a essa gente que estou entregando o país”?
O post da mulher do deputado Picianni é um retrato perfeito deste sentimento.