247 - O diretor do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, publicou nesta edição da revista "Carta Capital" uma longa análise sobre a delicada situação política de Michel Temer, que vê sua popularidade se esvair em ritmo acelerado.
Confira abaixo alguns trechos do texto:
"A impopularidade abissal de Michel Temer, seu governo e agenda recolocam em pauta a velha pergunta: quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha? É a maciça rejeição ao personagem que explica o motivo de tudo o que faz ser recusado? Ele teria um dedo podre, que infectaria o que toca? Ou é a repulsa às suas ideias e propostas que o tornam o campeão de falta de apoio popular em nossa história? Seria ele vítima do ideário nefasto que o mandaram defender?
A cada pesquisa, pioram os números da avaliação de Temer como presidente e das principais políticas de seu governo. A nova rodada do projeto CUT/Vox Populi, realizada em âmbito nacional entre os dias 6 e 10 de abril, confirma a tendência.
Há um ano, nos estertores de seu segundo governo, Dilma Rousseff era avaliada positivamente por 11% dos entrevistados, enquanto 65% julgavam seu desempenho “ruim” ou “péssimo”, de acordo com pesquisa do instituto Vou Populi. Hoje, Temer repete a reprovação da antecessora, mas tem avaliação positiva de 5%, inferior à metade daquela da petista. Era previsível que os números de Temer piorassem à medida que o contraponto entre ele e Dilma ficasse mais distante.
Com Temer, o buraco é mais embaixo. Começou pior que Itamar, evoluiu (previsivelmente) em sentido negativo e agora está bem aquém de onde o mineiro chegou em período equivalente.
A comparação, porém, não é just. Naquela altura de 1993, o establishment político brasileiro ridicularizava o sucessor de Fernando Collor, tachando de despropositadas as ideias que defendia. No mínimo, classificavam de provincianas e ingênuas. É o oposto do que fazem com Michel Temer, cuja agenda é tratada a pão de ló pelos representantes do mercado financeiro e seus porta-vozes. desde os anos de ouro d o primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso não se vê um endosso tão consensual e caloroso as políticas de uma administração."