De Vitor Birner/Uol
Piorou
Eu esperava a apresentação do Brasil um pouco melhor que a da estreia, e a vitória tranquila contra o México.
O tempo de treinamento, a diminuição da ansiedade depois de disputar o jogo que inaugurou o Mundial, e o fato de ter entrado em campo com 3 pontos deveriam aumentar a confiança e a tranquilidade dos comandados de Felipão, e ajudá-los dentro de campo.
Na verdade, aconteceu o contrário.
O time jogou pior que diante da da Croácia.
A pobreza coletiva foi a maior responsável pelo fraco desempenho.
As movimentações do sistema ofensivo não se encaixaram.
A falta de sincronia entre Ramires, Neymar, Oscar e Fred facilitou o trabalho defensivo mexicano.
Ficaram muito distantes uns dos outros, o que levou Oscar a arriscar, por falta de opções, diversos cruzamentos.
E Neymar, pela mesma razão, insistiu e exagerou nos lances individuais.
Fred se mexeu mais para receber a bola e mesmo assim continuou isolado.
O Brasil atacou pouco pela direita com Ramires.
Efeito contrário
No intervalo, Felipão deixou Ramires no vestiário e colocou Bernard em campo.
Deslocou Oscar para a direita e manteve a liberdade de Neymar.
Queria aumentar o repertório ofensivo, tornar o time mais agudo, tal qual se diz no futebolês, mas viu a saída de Ramires ser muito mais sentida pelo sistema defensivo que a entrada de Bernard ser útil para o time criar chances de gol.
O México ganhou o meio de campo e encontrou bastante facilidade para se aproximar da área e arriscar diversos chutes de média distância.
Marcou a saída de bola e obrigou o Brasil a viver de inúteis lançamentos longos da defesa ao ataque.
Para tentar ganhar essas divididas por cima, Felipão substituiu Fred por Jô.
A troca ajudou, mas não o bastante.
O Brasil, depois de ficar 20 minutos sofrendo pressão, voltou a frequentar o ataque e falhar na criação.
Inexperiência
A ansiedade do inexperiente time brasileiro ficou maior nos últimos 15 minutos.
E a confiança dos mexicanos também.
Se tivesse mais qualidade, teriam aproveitado as grandes lacunas no esburacado sistema defensivo dos pentacampeões.
Havia espaços na direita, esquerda, no centro…
A bagunça obrigou Thiago Silva a fazer a falta e tomar o cartão amarelo para evitar que Chicharito Hernandez ficasse cara a cara com Julio Cesar.
A entrada de William no lugar de Oscar foi a última e inútil cartada de Felipão.
Pobre
Ochoa, goleiro do México, fez 3 grandes defesas.
Todas em cruzamentos na área, o que é muito pouco ou quase nada para quem pretende ser campeão do mundo.
Neymar, de cabeça, e Paulinho, um dos piores em campo, com os pés, obrigaram o goleiro a trabalhar. Thiago Silva cabeceou quase no fim do jogo e deu enorme susto na barulhenta torcida mexicana.
Julio Cesar fez a intervenção mais difícil também nos últimos minutos, depois de Neymar abusar dos dribles, perder a bola no meio e dar o contra-ataque para o adversário.
Lembrando
Diante da Croácia, o Brasil também enfrentou dificuldades para criar chances de gol, mas conseguiu roubar meia dúzia de bolas no campo de ataque e aproveitou três, uma com auxílio da arbitragem, para balançar as redes.
A marcação na saída de bola, contra o México, foi mole.
Nem isso funcionou.
Não foi o grande problema
A ausência de Hulk não foi o grande problema do Brasil.
Lembro que ele atuou também diante da Croácia.
O Brasil precisa resolver seus dilemas coletivos.
A presença do atacante provavelmente melhoraria um pouco os problemas do sistema ofensivo, mas não chegaria nem perto de solucioná-los.
Notas
Julio Cesar – Foi bem quando exigido. Nota 7
Daniel Alves – Mal na parte ofensiva e mediano na marcação. Nota 4,5
Thiago Silva – Exposto por causa da fraca marcação do meio de campo, ganhou quase todos lances contra. Também participou de 2 lances de perigo do Brasil que só teve 3. Não irei culpá-lo por perder o gol de cabeça. Nota 7,5
David Luiz – Outro que sofreu com a fraca marcação no meio de campo. Não comprometeu atrás e nem ajudou quando foi ao ataque. Nota 6
Marcelo – Deixou espaços em alguns momentos, como no lance em que Thiago Silva levou cartão amarelo. Apoiou bastante e foi improdutivo – 4
Luiz Gustavo – Também ficou sobrecarregado na marcação. Nota 5
Paulinho – Muito mal na marcação, perdido em campo, ineficaz no apoio e falho na saída de bola – Nota 3
Ramires – Jogou meio tempo e cumprir o primeiro dever de proteger Daniel Alves. Na parte ofensiva, da qual era obrigado a colaborar, não foi bem. Nota 5
Neymar – Conseguiu bons dribles e jogou fora os acertos por causa da individualidade excessiva. Ganhou a dividida por cima contra Rafa Marquez, que tem 10 centímetros a mais, e obrigou Ochoa a fazer a defesa mais difícil do confronto. Nota 6,0
Oscar – Se desdobrou para proteger o lateral e tentar os cruzamentos. Foi bem apenas na parte defensiva. Nota 5
Fred – A bola não chegou até o centroavante. Tentou sair da área para recebê-la, mas foi em vão. Nas jogadas aéreas também nada conseguiu. Nota 4,5
Bernard – Substituiu Ramires para otimizar o sistema ofensivo sem que houvesse perda no defensivo. Correu muito e não cumpriu nenhuma das missões. Nota 3,5
Jô – Ganhou algumas bolas pelo alto e perdeu uma chance porque se precipitou e chutou de cabeça baixa quando estava livre. Nota 5
William – Jogou pouco. Não mudou o panorama do confronto. Fica sem nota.
Felipão – O que ele planejou, não aconteceu. As trocas durante o confronto não solucionaram os dilemas do Brasil. Errou ao manter Paulinho até o final. Nota 3,5
Escalação
Brasil 0×0 México
Brasil – Julio Cesar; Daniel Alves, Thiago Alves, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Paulinho, Ramires (Bernard) e Oscar (Willian); Neymar e Fred (Jô).
Técnico: Luiz Felipe Scolari.
México – Ochoa; Aguilar, Rodríguez, Rafa Márquez, Moreno e Layún; Vázquez, Herrera (Fabián), Guardado e Giovanni dos Santos (Jiménez); Peralta (Chicharito Hernández).
Técnico: Miguel Herrera.
Árbitro: Cuneyt Cakir
Assistentes: Bahattin Duran e Tarik Ongun