“Uma
estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro (...)” (Nm. 24. 17).
“Partiram; e eis que a estrela que viram no
oriente os precedia, até que chegando, parou sobre onde estava o menino” (Mt.
02, 09).
“Então,
disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se
NEGUE, tome a sua CRUZ e siga-me” (Mt. 16, 24).
SEGUIR:
Acompanhar
alguém; andar juntamente com outra pessoa; caminhar na mesma direção que alguém
ou ir na mesma velocidade que esta pessoa; perseguir; aderir;
Permanecer próximo; estar em continuidade ou sequência; observar; estar na posição seguinte a; suceder; Caminhar na direção certa; Prosseguir numa direção; Não permanecer no mesmo lugar.
(Etm. do latim: sequire)
Permanecer próximo; estar em continuidade ou sequência; observar; estar na posição seguinte a; suceder; Caminhar na direção certa; Prosseguir numa direção; Não permanecer no mesmo lugar.
(Etm. do latim: sequire)
Já
vimos anteriormente a importância da cruz e sua irredutibilidade às
conveniências sócio culturais e religiosas do nosso tempo. Irredutível, por que;
passados dois mil anos a verdade da cruz e o seu sentido humano não
empalideceram nem sofreu qualquer fissura estrutural em seus fundamentos mais
básicos conhecidos.
É
bem verdade que esta humanidade fala muito do que não sabe e principalmente
quando fala sobre conhecer a Deus, quando as palavras deste Deus, lhe é; senão
desacreditadas, no mínimo desconhecidas. Cabe dizer que somos seres sensoriais,
e mesmo sabendo que os sentidos humanos não são seguros, ainda assim nas
questões que envolvem possibilidades relativas ao Deus invisível e sua
revelação relacional, preferimos dar vazão aos próprios pensamentos a respeito,
ou fundamentamos a nossa posição pelo que experimentamos estritamente
condicionado à percepção sensorial possível. Desnecessário é dizer que se os
sentidos enganam, sobretudo no que conhecemos, como confiar em seus ditames
sobre o invisível e desconhecido? – A resposta para a questão proposta é o
objeto deste argumento, o próprio Senhor Jesus. E para entender esta resposta
basta recapitular o que foi proposto antes como passos ordenados a serem dados
por qualquer pessoa que tenha a intenção de “aderir” ao caminho apresentado por
Ele mesmo, o filho de Deus. Sendo o primeiro passo – NEGAR-SE A SI MESMO, e o
segundo passo – TOMAR A CRUZ.
Vimos
que a ordem não pode ser alterada, não pode ser adequada a uma situação de
conveniência, e nem customizada em parte ou no todo, não há como modificar o
prescrito pela atenuação compensatória do que for omitido, ou transformado em
obras de sacrifícios de natureza pessoal, e que redunde na aquisição de méritos
como moeda de troca certa, nem mesmo que se maximize o teor da palavra de modo
que ela se torne apenas palatável ao gosto racional intelectivo dos sábios
deste, e dos séculos vindouros. Isto posto, nos leva direto às considerações
oportunas feitas pelo o apóstolo Paulo, ao dizer: “Certamente, a palavra da
cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, é o poder
de Deus” (I Co. 1. 18). Isto corrobora por inteiro os enunciados da parte II de
UMA CRUZ PARA MIM, reiteramos, pois, que a ”cruz objeto” está desprovida de
qualquer poder vital, e nesta afirmação paulina o que parece contrariar, é
justamente a reafirmação do que lá se escreveu antes, especialmente sobre o
dilema de que nem a cruz, e nem o “ser mortal” a ela submetido tem poder em si
mesmo para fazer ressuscitar.
Nem
é preciso fazer especulações de fatos históricos, antes de Jesus e depois dele,
centenas de milhares de pessoas morreram crucificadas, todavia de todos,
somente Jesus ressuscitou. Essa ressurreição é que dá autoridade incontroversa
a Paulo, o apóstolo dos gentios, pois ele compreendeu que somente JESUS,
conhecido entre os homens em fraqueza e vítima inocente da crueldade e
violência humanas, sem nenhum esboço de resistência ou poder sobrenatural, nem
mesmo um grito de vingança. Ele a si mesmo se entregou para ser cravado na
cruz, apesar da humilhação e desapontamentos como preço pago pelas criaturas
que Ele queria salvar, ainda assim, Ele continuava sendo a PALAVRA DE PODER, o
verbo que era Deus e que sem Ele nada do que foi feito se fez. Então! Como não ser loucura para os
resistentes à revelação deste mistério? Como um Deus pleno de poderes, não foi
capaz de escapar da crucificação? Como pode a palavra poderosa , o VERBO divino
se fundir à CRUZ, o instrumento da morte e maldição, e ainda assim ser
reconhecido como o poder de Deus? Todas as questões acima são tão irracionais
quanto absurdas para quem ainda não entendeu os ensinamentos de Jesus, não
aceitou a sua autodeterminação de subir ao Calvário com a própria cruz e ser
crucificado. A pessoa que assim se mantém faz opção pela ignorância na ilusão
de que a sua desobediência não seja levada em conta, principalmente no que
implica a cronologia dos passos a observar por quem queira tornar-se discípulo
de Jesus, chegando ao terceiro passo o “SIGA-ME.”
Aos endurecidos
de entendimento espiritual, o apóstolo os encerrou na “loucura dos que se
perdem” – E não há como ser diferente, a única entrada possível para a vida
eterna é Cristo quem oferece, é Ele mesmo que se apresenta como o caminho e a
porta, portanto Ele tem autoridade para exigir rigorosa obediência aos três
passos da conversão – (1). Negar-se a si mesmo; (2). Tomar a própria cruz; e (3).
Seguir a Jesus. Toda pessoa que afirma
ser de Deus, que diz andar no caminho de Deus e que se declara seguidor de
Jesus Cristo, mas não executou os três passos, precisa com urgência sair da
cômoda posição e tomar as decisões certas para resolver a situação de sua alma
perante o próprio Deus. Quanto a isso, convém considerar o que nos dizem os
versos que iniciam este texto; é sobretudo notável que tudo Deus providenciou
para que ninguém seja tido por ignorante no que diz respeito aos seus planos e
objetivos para com o homem e sua salvação. No caso do verso de Nm. 24. 17 temos
o único registro bíblico de uma profecia verdadeira dada ou revelada a um
profeta pagão, um profeta fora do contexto messiânico judaico, o qual teve
visões da estrela que haveria de surgir de Israel, e do seu poder de governo
sobre as nações. A citada estrala; não há dúvida, trata da pessoa de Jesus
Cristo, que como estrela brilhante, do céu iluminaria todo o sentido da vida e
da religião entre os homens terrenos. Neste particular precisamos ser
cautelosos quanto ás pessoas que de muitas maneiras abominam qualquer idéia de
religião, e disseminam aversão e ódio contra as pessoas que tem e praticam uma
religião qualquer que seja. Não vamos atrelar ou confundir o caminho que é
Jesus com uma religião que fale em seu nome, ou dele reclame ter a
exclusividade, não é isso! O que queremos é afirmar que a religião cumpre um
papel importante na vida de qualquer ser humano, todavia o verdadeiro sentido
religioso somente Jesus pode dar. A consistência da verdade religiosa somente
será medida comparativamente pelo caráter de Cristo impregnado de forma
inconfundível na prática religiosa que confessamos. Outra coisa que não passa
despercebida, na leitura acima, é a visão da estrela de Balaão associada à
estrela que foi vista pelos três magos do oriente, texto de Mt. 2. V 9, na
ocasião do nascimento de Jesus. A mesma estrela os guiou até a cidade de Belém
aonde prestaram adoração ao menino recém nascido rei dos judeus. Outra vez, nos
salta aos olhos que também os três magos não eram israelitas, eram pagãos. Mas
ao avistarem a estrela, eles se puseram a caminho, seguiram-na, até ao local
onde Jesus estava. Mas então! Alguém pode dizer que isso se opõe totalmente a
apropriação que os cristãos fazem da pessoa de Jesus, pois se considerarmos que,
enquanto os israelitas o rejeitavam, os pagãos representados pelos magos o
adoraram. Parece inquietante, Mas não é, pois os fatos reunidos apenas
cristalizam a universalidade da “revelação da salvação,” bem como, nela, a
inclusão de toda a raça humana sem distinção. Por fim, nós do século XXI,
podemos olhar para trás e ver que em todas as eras e em toda humanidade Deus
manteve muito claro o conhecimento das coisas que iriam acontecer nos tempos
remotos, também de forma muito objetiva prescreveu ensinamentos que se obedecidos
culminariam com a fidelidade do cumprimento das promessas ou profecias dadas.
Assim é que Balaão viu a estrela, Os magos seguiram a estrela, e hoje, como a
dois mil anos atrás, a mesma estrela (Jesus) desafia a cada ser humano a
segui-lo, e somente àqueles que o obedecerem é que se lhes iluminará, ou se
revelará o verdadeiro sentido da vida aqui e no porvir.
A
nossa conclusão é que o homem moderno continua tendo as mesmas necessidades que
os seus antepassados mais distantes, ou seja: nenhuma modernidade vai conseguir
libertá-lo da sua dependência de Deus (sentido religioso), daí que todo homem
precisa agora conhecer a Deus examinando o que Ele mesmo fala de si em sua
própria palavra escrita, a Bíblia. Uma vez conhecido o que Deus fala na revelação
cabe ao homem, assim esclarecido, simplesmente obedecer aos seus ensinamentos,
passo a passo.
ELIAS MUNIZ DE DEUS
Acadêmico de Teologia FAEPI
E membro da ICE PENIEL em Teresina (PI)