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SÃO
PAULO - O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu
Rufino, confirmou que o desconto nas contas de luz residenciais e industriais
será maior que o prometido pelo governo em setembro do ano passado. A
presidente Dilma Rousseff irá anunciar hoje em cadeia nacional o corte nas
tarifas de energia.
Segundo
Rufino, o desconto para os consumidores residenciais, que antes estava previsto
em cerca de 16%, será de pelo menos 18%. Já a redução para a indústria, que
originalmente iria até 28%, deve ultrapassar os 32%. "Para se chegar a
esse desconto, o Tesouro Nacional irá aumentar os aportes", completou o
diretor, sem informar o tamanho do gasto adicional. O aporte original previsto
pelo Tesouro era de R$ 3,3 bilhões.
No
dia 7 de setembro do ano passado, Dilma prometeu reduzir em 20,2% em média as
tarifas de energia elétrica no País, por meio da redução de encargos setoriais
e da renovação das concessões de geração e transmissão de energia. Mas com a
recusa de importantes companhias em renovar os contratos, o governo só havia
conseguido uma redução média de 16,7%.
Mas
com os porcentuais adiantados por Rufino há pouco, a redução média nas contas
de luz será inclusive maior que o prometido inicialmente. A Aneel se reúne
amanhã às 10h para bater o martelo sobre as novas tarifas de cada distribuidora
de energia.
Racionamento
O
pronunciamento de hoje também será usado para responder às diversas críticas
que ganharam corpo este ano. A demora no início do período de chuvas em muitos
Estados e a necessidade de uso intensivo das usinas térmicas levaram diversos
analistas a afirmar que o corte das tarifas de luz prometido pela presidente
seria afetado.
No
final do ano passado, no café da manhã que ofereceu aos jornalistas que
acompanham o dia a dia do Palácio do Planalto, a presidente Dilma já havia
reagido às insinuações de impossibilidade do governo em reduzir o preço pago
pela energia no País. Dilma chegou a tachar de "ridícula" a hipótese
de racionamento de energia. A presidente pretende reiterar que esta
possibilidade está fora do horizonte do governo, que trabalha para assegurar o
fornecimento contínuo de energia, mesmo que para isso tenha que manter as
térmicas ligadas por mais tempo.
A
aprovação da lei que renovou as concessões do setor elétrico e prevê uma
redução, média, de 20% na conta de luz, deixou o Planalto aliviado, apesar de
empresas importantes - como Cemig, Copel e Cesp - terem recusado fazer a
renovação antecipada seguindo os termos fixados pelo Planalto. Dilma criticou a
postura assumida pelas empresas - que operam em Estados sob comandado do PSDB.
Persistência
As
insistentes afirmações de pessoas do próprio setor elétrico, falando em
dificuldades de manter a promessa de cortar o custo da eletricidade a partir do
próximo mês, preocupavam o Planalto. Para a presidente Dilma, esta redução é
praticamente uma "questão de honra". O governo ainda precisa
equacionar alguns detalhes para que a medida seja efetivada.
Após
a primeira reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) em 2013,
o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp,
disse que as usinas que usam combustíveis como gás e carvão para gerar
eletricidade - as termoelétricas - deverão permanecer ligadas, pelo menos, até
o fim de abril. Até lá, o governo acredita que os reservatórios das
hidrelétricas já terão começado a voltar a níveis adequados, que permitirão
substituir a geração de energia mais cara, por uma mais barata. O prazo,
considerado longo por alguns setores, ainda é motivo de preocupação por parte
do governo.
Esta
escalada das preocupações com o fornecimento de energia obrigou o governo a vir
a público defender a estratégia montada para atender à demanda por eletricidade
e evitar algum tipo de racionamento.
Fonte:
O Estadão (23/01/2013 - 15:54)