D. Zezé - A Nossa Matriarca

9 (Nove) de julho de 2018, estava ali parado na UTI do Hospital Primavera vendo a minha mãe sob o efeito de sedativos respirando com ajuda de aparelhos, inerte após sofrer um Infarto de proporções gravíssimas dois dias antes.

A memória me levou, de forma repentina, há exatamente 49 anos antes, no dia 09 de Julho de 1969, quando juntos, creio que aproximadamente neste mesmo horário 11:30, estávamos na Rua João Pessoa, em Aracaju, que na época ainda não era Calçadão, esperando a passagem do ônibus da Seleção Brasileira que iria se hospedar no Hotel Palace e à noite iria inaugurar o Estádio Lourival Batista (O Batistão), em jogo memorável contra a seleção Sergipana. O placar final foi 8 x 2 e pela primeira vez tive o satisfação e honra de ver Pelé jogar. 

Com tudo programado, fomos caminhando em direção ao Batistão, Os portões iriam abrir as 15:00 horas e o Jogo somente iniciou-se às 21 horas. Satisfeitos, após a partida fomos para casa de minha tia Afra, dormimos, no dia seguinte retornamos para Neópolis.

Não era muito comum a época uma mãe acompanhar o filho em jogos de futebol, era tarefa normalmente que cabia ao pai, mas, ela sempre fez com muita tranquilidade e sem nenhum constrangimento. Em que pese achar diferente me acostumei até por entender as razões do seu procedimento pelo estado de saúde que passava a época meu pai Benedito.

Assim foram outas atitudes durante toda a minha infância, adolescência, juventude e também até agora na fase adulta nos momentos felizes e nos momentos também de extrema dificuldade, dialogamos sempre e encontramos uma solução para os problemas que surgiram.

A lembrança me fez refletir quantas ações similares de esforço, amor e dedicação D. Zezé houvera feito por mim durante os meus 60 anos de vida, em momentos diversos, protegendo-me e incentivando por menor que fosse a situação que se apresentasse. Algo porém, ela nunca abriu mão, o incentivo para o estudo como forma principal para que eu pudesse alcançar os objetivos de uma vida profissional. 

Convivemos de forma direta sempre procurando um futuro que tínhamos a certeza iria surgir com dias melhores para nós dois. Posteriormente, o envolvimento familiar com minhas tias, tios e primos, nos fazia sentir como uma Família forte: GONZAGA, sinônimo de lealdade e união. Ainda hoje somos assim.

Pronto. Parei de pensar no passado. Voltei ao presente, em 2018 formado, Profissionalmente realizado, família constituída, uma esposa dedicada. Minha esposa há 38 anos Gracinha, com 5 filhos: Hugo Alexandre, Paloma Alessandra, Pamela Emanuela, Humberto Vicente e Vitor Emanuel, duas netas: Bianca Letícia e Lara Gabriela e D. Zezé ali, ao meu lado, preocupada e protetora de todos nós. O telefonema quase diário: "COMO ESTÃO VOCÊS? Falei ontem com Paloma? Hugo não passou aqui Hoje? Vai que horas para Brasília? Me avise. Preciso fazer a minha oração no horário. Vem quando a Neópolis?"

Em dezesseis de julho as 16:13 horas uma parada cardíaca no coração já afetado fez com que ela nos deixasse, partindo ao encontro do criador que com certeza a recebeu de braços abertos por tudo que ela realizou e construiu enquanto esteve entre nós.

Não sei ainda como vou me acostumar sem este diálogo constante!

Nunca houvera antes refletido sobre a abrangência deste sentimento entre Mãe e Filhos, algo inexplicável! Meu pensamento está convicto de algo: AS MÃES NÃO DEVIAM NOS DEIXAR NUNCA. ELAS PODIAM NUNCA MORRER.

Minha querida Maria José Gonzaga Lima, ZEZÉ como era conhecida por seus tantos amigos e familiares. Já sinto muita saudade… Com o meu AMOR diferenciado e incomparável, deixo o meu sincero pronunciamento de HONRA AO MÉRITO. Você merece… Minha MÃE e eterna Matriarca de nossa FAMÍLIA.


Humberto Gonzaga

• Esta crônica é uma homenagem a MARIA JOSÉ GONZAGA LIMA – (D. ZEZÉ) escrita por seu único filho professor HUMBERTO GONZAGA no sétimo dia do seu falecimento.

Neópolis, SE, 22 de Julho de 2018