A carne mais barata do mercado (ainda) é a carne negra


Plínio Teodoro/Revista Fórum

Plínio Teodoro Jornalista, editor de Política da Fórum, especialista em comunicação e relações humanas.

No último dia 15, Abraham Weintraub, o bobo da corte olavista do governo Bolsonaro – que costuma se referir aos adversários políticos como “tigrada” -, foi às redes louvar a Princesa Isabel e sua Lei Áurea, mulher educada, inteligente e honesta, segundo o mal educado ministro.

Assim, o bolsonarismo olavista tenta passar pano na história de luta do povo negro, importado à exaustão para se tornar carne barata no maior mercado escravista do mundo, que se estabeleceu para servir uma elite enfadonha, preguiçosa e preconceituosa.

Passados 131 anos da chamada “Abolição da Escravatura”, dados do IBGE, divulgados nesta terça-feira (19) mostram que a carne mais barata do mercado continua sendo a carne negra.

Números do terceiro trimestre deste ano revelam que dos 12,5 milhões de desempregados no país, 65,2% são negros ou pardos. Um contigente que segue à margem da sociedade, vivendo de bicos, se alimentando dos restos deixados pela mesma elite que fabricou uma abolição para que o direito às terras que cultivavam não lhes fosse concedido.

Alçados às universidades em meio às críticas burguesas sobre as cotas, têm de conviver com a censura quando revelam uma visão da própria história sobre o socialismo.

Nos morros, são caçados e perseguidos pela nova geração de capitães do mato, que carregam fuzis e não fazem diferença de idade quando o alvo é negro. Ou, então, se submetem a servir de adereço de outros capitães vislumbrados com o poder.

Na véspera da data em que se celebra a memória do maior líder revolucionário negro no Brasil, as manchetes nos mostram que reconhecer o outro como igual, independentemente de sua cor da pele, ainda exige muita consciência de cada um de nós.