Uma declaração de amor ao trabalho e três opiniões singelas

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Por João Batista Rodrigues DE Andrade

1. Hoje, quando acordei, ainda era escuro e uma névoa fina espalhava-se na minha vila. Como faço todas as manhãs, puxei pelos santos em oração e andei rastreando em pensamento velhos sonhos, algumas pessoas e uma estrada longa para pelejar, então me levantei e bebi o café que eu mesmo preparei (muito perto do Poema só para Jaime Ovalle, do meu poeta Bandeira), então, depois de uma semana e tanto fora de casa, me aparelhei para o trabalho, ainda que levemente impossibilitado pela moléstia virótica própria da idade: os anos avançam e a fragilidade corporal se firma, mas trabalhar é uma dádiva e mãos à obra deve ser o lema dos que apreciam viver por conta própria, não é Cícero?  Andei pelo Fórum João Mendes Júnior, em cujo átrio me perguntei silencioso, mas metido na envergadura de um bacharel já experiente, mas ainda longe da sabedoria que a idade traz: por que os advogados avançados na idade não vivem mais sem os fóruns? O que têm eles que nos encantam? Por que ali ficamos quedados à espera de um colega para uma prosa ou um café, que mormente acaba por ser um recanto para um debate, uma firula, um fuxico, um elogio ou um comentário maldoso sobre um juiz? Sabe-se lá, mas é fato que amanhã novamente estarei por ali...

2. Os noticiários têm sido ultimamente dos piores, se é que há balança para que sejam mensurados. Fala-se muito que a greve dos caminhoneiros teve uma força oculta empresarial e de agrado militar, porque a ideia era trazê-los às ruas e por fim, ao Palácio do Planalto; penso que o tiro saiu pela culatra. Os rádios matinais trazem comentários que são uma beleza de ópera bufa: gente travestida de gênio na economia defendendo, pela via oblíqua, a privatização da Petrobrás, porque sustentam que a política de preços da era Temer é ótima, e que a empresa que devia ser orgulho nacional, há de passar para as mãos privadas, talvez alguém afilhado de Oskar Schindler, sim, porque o capital internacional ainda continua nas mãos dessa gente, não que eu me oponha, mas cá para nós: eita tupiquinizada fdp!

3. A Copa do Mundo está à porta, mas não se vê mais, ao menos pelas regiões mais centrais da terra paulistana, o afago e denodo da molecada pela Seleção Nacional, a qual, depois daquele mísero canto “Não vai ter Copa” e do estrondoso, senão faustoso 7 x 1, os ânimos estão mais para um São Bento de Piracicaba x Juventus (da Mooca) que para Brasil e sabe-se lá quem... Parece-me que agora estamos preparados para não chorar como fizemos na Copa de 1982, não é Paolo Rossi! Apanhar, nos acostumamos! Tanto que boa parte dos brasileiros quer a volta da ditadura, agora sob a forma institucionalizada. E para não esquecer: tire-se do capitão Bolsonaro o que há de melhor entre os militares: (...)! Fiquem à vontade para preencherem os parênteses.

4. Mais uma vez encontraram elo entre Temer e a Medida Provisória dos Portos, quero dizer: indícios fortes de corrupção por parte de sua excelência, não sei se nessa condição ou se na condição de eminência escura do PMDB, não que isso vá desaguar em alguma coisa, claro, ele é gente do bem, não é Patrícia Poeta?

P.S. Ana D’Arc e Wilkênia, estive por aí e não vi vocês! Saudade, palavra triste...


João Batista Rodrigues DE Andrade é advogado, natural de Tuntum, reside em São Paulo há vários anos.