Se corrermos, o bicho nos pega; ficando parado, o bicho nos come. Mas for firme, o bicho treme


Por Fernando Brito/Tijolaço

Michel Temer é um animal das sombras, sempre foi.

Não é homem da polêmica, do debate político e não é por ser de direita que estas qualidades lhe faltam, porque a direita teve personagens capazes de travar a discussão,

Se fosse a seu gosto pessoal, Temer passaria de vice-presidente decorativo para presidente decorativo.

Em homenagem à mesóclise: bastar-lhe-iam o cargo e os negócios políticos (entenda isso bem largamente) que dele adviriam.

Mas Temer tem uma missão: o desmonte das garantias sociais e trabalhistas e da mínima soberania nacional do Brasil.

Não o puseram no poder para fazer, mas para desfazer.

O Ministério da Cultura foi um, digamos, “aperitivo”.

Há muito mais a desfazer: a CLT, a Previdência, o SUS…

Cada um dos desmontes com potencial de jogar imensas quantidades de lenha na fogueira.

E lenha mais grossa, o povão.

Os ditos movimentos sociais – e, reconheçamos, mais a juventude que nós, marmanjos da política – tem mantido e aumentado o fogo sobre o qual ela será lançada.

Temer treme diante da luz desta chama, como treme frente a outros fogos menos visíveis, e não tão amigos: Cunha e o “mercado”.

Mas estes operam no seu habitat, a sombra.

A rua, não.

E, francamente, depois do que fizeram a Dilma Rousseff, é difícil reclamar que um presidente governe sitiado.

Se a resistência ao governo ilegítimo não se deixar levar por provocações e tolices que ajudem a mídia a fazê-la parecer apenas radicalismo vazio, não há sinal de que possam extingui-la.

E contar com o silêncio das ruas para fazer o que vieram para fazer na penumbra.