Maranhão contará com mais 22 profissionais do Programa ‘Mais Médicos’





O Maranhão está entre os 24 estados que receberão mais profissionais inseridos no Programa do Governo Federal ‘Mais Médicos’. A nova etapa de inscrição, que termina nesta quarta-feira (1º), é para médicos brasileiros formados no exterior, também chamados de médicos intercambistas. Ao todo, serão 282 vagas no país que não foram ocupadas pelos profissionais com registro no país. Desde o ano passado, os editais para inscrição no programa acontecem trimestralmente. Os interessados devem se inscrever por meio do site maismedicos.saude.gov.br.


De acordo com o Departamento de Atenção à Saúde da Família da Secretaria de Estado de Saúde (SES), que coordena o programa no estado, as seleções são abertas com a publicação de editais quando há disponibilidade de novas vagas para ampliação do número de médicos na Atenção Básica. Também há novas vagas a partir da necessidade de reposição ou devido ao desligamento de médicos participantes do programa.

“No último ciclo de inscrições havia 58 vagas, dessas 36 foram preenchidas. Nessa etapa serão preenchidas as outras 22 vagas disponíveis. A gestão estadual não tem ingerência sobre o processo de inscrição e lotação nos municípios, que é feita pelo Ministério da Saúde”, explicou Violeta Filgueiras, chefe do departamento de Atenção à Saúde da Família.

O Ministério da Saúde divulgará a lista das inscrições validadas no dia 13 de junho. A escolha entre os municípios com vagas disponíveis será feita nos dias 22 e 23 de junho. A previsão é que os médicos iniciem as atividades nas cidades em agosto. As vagas que não forem ocupadas nesta seleção serão oferecidas para médicos estrangeiros formados no exterior.

‘Mais Médicos’ no Maranhão

Atualmente 663 médicos atuam no estado por meio do Programa ‘Mais Médicos’, exercendo um reforço à promoção da Saúde Pública do Maranhão. Em março, mais 118 médicos chegaram ao Estado para atuarem em 39 municípios. Segundo dados do Conselho Federal de Medicina (CFM), o Maranhão é o estado com o menor número de médicos por habitante do país. A integração dos novos profissionais ajuda a diminuir esse déficit.

Há três anos trabalhando pelo ‘Mais Médicos’, o médico Luís Henrique Santos Martins Filho já atuou no município de Matões e Graça Aranha, onde está atualmente. Formado pela Universidade Estadual do Maranhão de Caxias, Luís Henrique avalia de forma positiva o Programa. “A assistência do ‘Mais Médicos’ é muito importante, pois nós trabalhamos na Atenção Básica, onde além de tratar as doenças, podemos potencialmente preveni-las, acompanhando os pacientes para evitar quadros, principalmente, de hipertensão e diabetes, agravos mais recorrentes no estado”, explicou o médico.

Segundo ele, uma vez por semana os médicos fazem visitas a pacientes acamados, juntamente com os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), além do atendimento de rotina nos postos de saúde. Foi por poder interferir de maneira positiva nas condições de saúde de localidades mais carentes que a médica maranhense, Anne Rodrigues, se inscreveu no Programa. “Me inscrevi nessa etapa do seletivo por saber que por meio dessa oportunidade estarei contribuindo com o avanço das ações de saúde na Atenção Básica, área que sempre foi meu foco principal, desde que escolhi cursar medicina”, garantiu a jovem profissional, de 27 anos.

Fonte: Governo do Maranhão

JUÍZES DO TRABALHO CRITICAM ATUAÇÃO “PARTIDÁRIA” DE GILMAR


Associação Latino-americana de Juízes do Trabalho (ALJT), presidida por Hugo Cavalcanti Melo Filho, manifesta preocupação com a "possível utilização do Poder Judiciário do Brasil para a perpetração do golpe de estado em curso no país" e critica o ministro Gilmar Mendes; "Considera a ALJT ser ofensivo ao dever de imparcialidade imposto à magistratura o comportamento do Ministro Gilmar Ferreira Mendes, incansável no propósito de ostentar o seu papel hegemônico no Poder Judiciário, sem receio de revelar a condução político-partidária que imprime à sua atuação de magistrado"

A Associação Latino-americana de Juízes do Trabalho (ALJT) divulgou nota à imprensa nessa segunda-feira, 30, em que manifesta preocupação com a "possível utilização do Poder Judiciário do Brasil para a perpetração do golpe de estado em curso no país", em referência à divulgação dos áudios do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. O conteúdo das gravações já provocou a queda de dois ministros do governo interino de Michel Temer, Romero Jucá e Fabiano Silveira.

"O conteúdo das conversas parece evidenciar que a Chefe de Estado está sendo apeada do poder exatamente por ser elemento de garantia da independência e da autonomia do Ministério Público e do Poder Judiciário nas investigações e, o pior, sob a cínica justificativa de combate à corrupção", diz a associação de magistrados presidida por Hugo Cavalcanti Melo Filho.

A associação critica a reação do Supremo Tribunal Federal às referências de pacto envolvendo a Corte e a diferença de tratamento dado no caso do vazamento de conversa do ex-senador Delcídio do Amaral, que resultou na prisão de Delcídio, com os novos casos.

"Considera a ALJT ser ofensivo ao dever de imparcialidade imposto à magistratura o comportamento do Ministro Gilmar Ferreira Mendes, incansável no propósito de ostentar o seu papel hegemônico no Poder Judiciário, sem receio de revelar a condução político-partidária que imprime à sua atuação de magistrado, seja com declarações prévias de condenação às partes cujas demandas lhe são submetidas, caso integrantes de uma corrente política, ou na complacência em relação a outras, integrantes da corrente contrária", afirmou. 

Leia o texto na íntegra:

"NOTA PÚBLICA

A Associação Latino-americana de Juízes do Trabalho - ALJT, em face da divulgação de gravações de conversas do Sr. Sérgio Machado com altas autoridades da República e dos acontecimentos que a ela se seguiram, vem a público manifestar a preocupação com a possível utilização do Poder Judiciário do Brasil para a perpetração do golpe de estado em curso no país.

As gravações dão conta do propósito de derrubada do poder da Presidente democraticamente eleita, como pressuposto de viabilização de um grande acordo, supostamente envolvendo até mesmo o Supremo Tribunal Federal, destinado a assegurar a impunidade de políticos que se opõem ao governo legítimo, alguns dos quais, inexplicavelmente, até aqui não alcançados pelas inúmeras fases da denominada "Operação Lava Jato", seja na órbita de atuação do juízo da 13.ª Vara Federal de Curitiba, seja no âmbito do próprio STF.

O conteúdo das conversas parece evidenciar que a Chefe de Estado está sendo apeada do poder exatamente por ser elemento de garantia da independência e da autonomia do Ministério Público e do Poder Judiciário nas investigações e, o pior, sob a cínica justificativa de combate à corrupção.

Causa estranheza à ALJT a reação do Supremo Tribunal Federal às referências de pacto envolvendo a Corte e, ainda mais, de conversas supostamente já havidas com diversos de seus membros, principalmente se cotejada com as providências que se seguiram ao vazamento das gravações do diálogo entre o então senador Delcídio do Amaral com o Sr. Bernardo Cerveró, no momento em que parte da imprensa informa que alguns – ou todos – os Ministros do STF teriam sido criminosamente grampeados.

Considera a ALJT ser ofensivo ao dever de imparcialidade imposto à magistratura o comportamento do Ministro Gilmar Ferreira Mendes, incansável no propósito de ostentar o seu papel hegemônico no Poder Judiciário, sem receio de revelar a condução político-partidária que imprime à sua atuação de magistrado, seja com declarações prévias de condenação às partes cujas demandas lhe são submetidas, caso integrantes de uma corrente política, ou na complacência em relação a outras, integrantes da corrente contrária.

O ministro Mendes, desde a posse no STF, denunciada, à época, por juristas, políticos e entidades da sociedade civil como sendo atentatória à independência judicial, revela desenvoltura crescente no trato político das questões judiciais, seja se exibindo publicamente em reuniões com líderes partidários, seja, como ocorreu no último sábado, dia 28 de maio, reunindo-se, sem registro em agenda, com o presidente interino, alvo de acusações que são objeto de ações que o Ministro julgará – e conduzirá -, como integrante e, agora, presidente, da 2.ª Turma do Supremo Tribunal Federal.

Preocupa a ALJT o silêncio dos demais integrantes do Supremo Tribunal Federal, a despeito de todos os fatos acima indicados. Mais ainda, o apoio que um e outro oferecem ao Ministro Gilmar Mendes, quando lhe atribuem a qualidade da independência e, em reconhecimento, oferecem-lhe postos chave da estrutura de altas Cortes de Justiça, justo quando diversos setores da sociedade civil organizada discutem propostas de pedido de impeachment do ministro.

Espera a ALJT que, na difícil quadra que atravessa o país, seja preservado o papel do Poder Judiciário brasileiro, de salvaguarda dos direitos políticos e sociais, de defesa da Constituição e das leis, de firme resposta às práticas criminosas, sejam quem forem os seus autores, sempre marcadas por isenção, imparcialidade e independência, afinal, o Estado Democrático de Direito é também incompatível com a seletividade de arroubos, vazamentos, investigações e punições.

A ALJT-Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho, entidade criada em 2006 para defender a independência judicial e a efetividade do Direito do Trabalho, expressa, ainda, a honra de ter recebido a adesão espontânea de inúmeros magistrados ao conteúdo da presente Carta, conforme relação identificada abaixo.

Em 30 de maio de 2016,

Hugo Cavalcanti Melo Filho

Presidente da ALJT - Juiz do TRT 6"

Fonte: Brasil 247

Governo do Estado e parceiros realizam reunião para definir lançamento da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Maranhão



Um sucesso no ano de 2015, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia do Maranhão (SNCT/MA) 2016 está nos seus preparativos finais para o lançamento na quinta-feira (02) de junho. Realizada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti), a semana está em sua 13ª edição e, este ano, tem Imperatriz como cidade sede.

Dentro de seu cronograma de organização foi realizada uma reunião com diversos parceiros. Ao todo, na reunião desta segunda-feira, estiveram presentes representantes de instituições como o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), Universidade Federal do Maranhão (Ufma), Secretaria de Estado da Saúde (Ses), Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima), Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Maranhão (Fapema), Universidade Ceuma, Jovens Empreendedores, Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), Faculdade Estácio de São Luís, dentre outros.

Representando a Ufma, a professora Ana Maria Nelo destacou que o evento é muito significativo como gerador de conhecimento para muitos maranhenses. “É uma oportunidade de disseminar ciência e tecnologia no Estado”, destacou.

A coordenadora da SNCT/MA, Alessandra Moraes Rêgo, apresentou o projeto e pontuou o encontro como satisfatório para desenvolver diversos encaminhamentos que vão culminar com a realização da semana. “A reunião foi bem positiva, pois todos que vieram estarão conosco na semana em Imperatriz. Já é possível ver que esmos obtendo retorno e interesse dos empresários em participar do evento”, pontuou.

Alessandra ressaltou ainda os primeiros passos a serem realizados. “Inicialmente, faremos o lançamento do evento, logo em seguida vamos alinhar com as empresas no município de Imperatriz para a capitação de recursos, e depois dialogar com instituições públicas que são patrocinadoras”, disse Alessandra.

Neste ano, o evento apresenta diversas novidades, fruto de parcerias, a exemplo da Fapema, que contribuirá disponibilizando seis ônibus para transporte de alunos das escolas até o local do evento. Além da mobilidade de estudantes, a instituição também vai auxiliar com a seleção, acompanhamento e certificação dos monitores que atuarão ao longo da Semana. “A Fapema, no ano passado, contribuiu muito e foi essencial para que a Semana fosse realizada com sucesso. Este ano, a parceria continua viva e atuante”, enfatizou a coordenadora Alessandra Moraes.

O tema da Semana em 2016 é “A Ciência alimentando o Brasil”. No Maranhão, o evento acontece de 19 a 22 de outubro. De acordo com o Secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Inovação, Jhonatan Almada, o tema dialoga diretamente com um dos direcionamentos do governador Flávio Dino, a melhoria do índice de desenvolvimento sustentável. “Esse tema estabelece diálogos em vários campos da ciência no país e promove desenvolvimento em inúmeras áreas, trazendo prosperidade para o Brasil”, explica Almada.

Outra inovação para o evento é envolver os municípios na temática. “A inserção dos municípios e a descentralização das ações para que as pessoas tenham maior acesso ao conhecimento nas diferentes áreas é uma das motivações do Governo do Maranhão”, acrescentou o secretário.

O lançamento acontece no auditório da Universidade Estadual do Maranhão (Uema) de Imperatriz e deve contar com a presença de autoridades e convidados especiais como o diretor do Departamento de Popularização e Difusão da Ciência e Tecnologia da Secis/MCTI, Douglas Falcão Silva.

Interessados em participar da semana devem se inscrever por meio do site da Secti (www.secti.ma.gov.br). As inscrições são para palestras, mesa-redonda, exposição de pôster, minicurso, oficinas, mostra científica e lançamento de livros. Os trabalhos precisam ser voltados para temática da ciência, tecnologia e inovação. O link será disponibilizado a partir da quinta-feira, (2), de junho.

Fonte: Governo do Maranhão

O golpe sem disfarces





Por Mino Carta/Carta Capital

A despeito do esforço midiático para despistar a plateia, as conversações grampeadas confirmam o complô e apontam seus autores 

As conversas gravadas por Sérgio Machado, e até o momento divulgadas pela Folha de S.Paulo, imprimem novo ritmo e novo rumo à manobra golpista que afastou Dilma Rousseff e entregou o governo interino a Michel Temer, o arguto professor de Direito Constitucional que rasga a Constituição.

Na semana passada permitia-me prever a provável separação entre o poder togado e o poder parlamentar, unidos pelo e no golpe. A hipótese agora se fortalece, e a confirmação vem da própria mídia nativa. Não folheava os jornalões desde a aprovação do impeachment pela Câmara e a partir de segunda 23 passei a ler suas sessões políticas.

Na terça, elegia-se Romero Jucá a bode expiatório e como questão central apontava-se o “pacto” aventado na conversa entre Machado e o ex-ministro para estancar a sangria desatada da Lava Jato.

A verdade factual sacramenta outra evidência, ao alcance da compreensão até do mundo mineral: ocorrido em março passado, o fatídico diálogo é, em primeiríssimo lugar, a prova irrefutável do golpe em marcha, e apresenta inclusive as forças envolvidas na trama. Ali se estabelece a premissa indispensável ao propósito do “pacto”, derrubar Dilma. 

Perguntei aos meus estupefactos botões como haveria de revidar o poder togado à ameaça do poder parlamentar. Mais, de que lado ficariam a casa-grande e a mídia nativa. Antes que respondessem, Temer entra em cena e joga a carta do pacote econômico do ministro Meirelles, o homem de todas as estações, a quem certamente não faltou a colaboração de José Serra.

De quem recordo uma frase retumbante, pronunciada na cozinha da minha casa, durante a campanha eleitoral de 2002, enquanto jantávamos um risotto ai porcini: “Eu sou muito mais de esquerda do que o Lula”.

Pois na tarde de terça os economistas do governo interino, vendilhões do País, firmaram a rendição ao mais cruel neoliberismo, a doença que uma centena de multinacionais, especuladores e rentistas impõe ao mundo para condenar à miséria a larga maioria e enriquecer mais e mais uma ínfima minoria. Comedida, a mídia de quarta celebra em manchetes o corte de gastos prometido pelo pacote e deixa em segundo plano a sua essência nefasta.

Convoco novamente os botões: por quê? Parece óbvio que uma súbita dúvida assola a casa-grande. O caminho do golpe tenderia a bifurcar-se, e a encruzilhada exige meditação profunda ao tornar possível, quem sabe provável, uma escolha. Temer e o Congresso ou Moro e o Supremo? A leitura dos jornalões induz os botões a acentuarem a gravidade do momento e a dificuldade da opção.

Na quarta, a Folha coloca em manchete o anúncio do corte dos gastos do governo e relega um novo diálogo dos idos de março, entre o mesmo Machado e Renan Calheiros, a uma chamada modesta na primeira página e relato na quarta. Soletram os botões: mais uma conversação edificante para confirmar o golpe, o pavor da Lava Jato de quem tem culpa em cartório e o envolvimento do Supremo na grande tramoia urdida contra o Brasil.

A terceira conversa gravada, entre machado e José Sarney, a menos significativa, revela apenas a intenção do ex-presidente de livrar Machado do julgamento de Moro, ao mexer pauzinhos não declinados.

CartaCapital preocupa-se com o destino do País brutalmente desigual e pratica o jornalismo com honestidade e fidelidade canina à verdade factual. Fato é que o governo Lula representa a quadra mais feliz na história do Brasil em termos de paz e bem-estar interno e prestígio internacional.

O ex-metalúrgico soube implementar um começo de política social e promover uma política exterior independente. Contou com uma conjuntura mundial favorável, e este é fato, assim como é fato que o PT no poder se portasse como todos os demais partidos.

Dilma Rousseff não tem o carisma e o extraordinário tino político de Lula e cometeu erros graves de pontos de vista variados. Em boa parte manteve, porém, as políticas sociais do antecessor, ao meio de uma situação econômica cada vez mais adversa. Além disso, trata-se de uma cidadã correta, corajosa e muito bem-intencionada. Talvez um tanto ingênua, murmuram os botões.

Ouço-os, a despeito do tom opaco: seria bom saber como reagiu às razões de João Roberto Marinho, chamado em Palácio para escutar queixas em relação à constante agressividade global, sempre disposta a inventar, omitir e mentir.

Sustentou então o herdeiro do nosso colega Roberto não mandar nos seus empregados jornalistas, livres de propalar o que bem entendem, e, de resto, não ter condições de impedir o efeito manada na direção do golpe. Que fez a presidenta? Caiu das nuvens? Respondeu à altura a tamanha desfaçatez? De todo modo, como se deu que pudesse esperar por outro comportamento?

Cabem mais interrogações: que disse Dilma ao chamar o presidente do STF para discutir as posições do Supremo na perspectiva do golpe e ouvir a reivindicação de aumento de salário? A situação se apinha de dúvidas e incógnitas. Por exemplo. Os efeitos do pacote econômico, bastante agradáveis para a casa-grande, são altamente daninhos para um povo acostumado há tempo a manifestar sua insatisfação por ruas e praças.

Outra incógnita diz respeito ao inter do processo de impeachment, a prever no espaço máximo de 180 dias a sessão definitiva do Senado, presidida pelo ministro Lewandowski, não se sabe se já premiado pelo invocado aumento.

Na entrevista a CartaCapital da edição passada, a presidenta afastada referia-se à possibilidade de conquistar seis votos no Senado, de sorte a invalidar a maioria que a afastou. De fato, basta reverter dois votos em relação ao resultado da primeira sessão. A chance não teria crescido diante dos últimos, surpreendentes eventos?

Há quem volte a falar em eleições gerais antecipadas, quem sabe para outubro de 2017. Solução sensata demais para ser viável. Ideal mesmo, declaram soturnamente os botões, seria refundar o Brasil, tão favorecido pela natureza e infelicitado fatalmente por uma dita elite, prepotente, arrogante, hipócrita, corrupta, egoísta e incompetente. Ah, sim, ignorante. E movida a ódio de classe.

Abandono-me ao devaneio ao imaginar a convocação de uma Constituinte finalmente exclusiva. E me vem à memória a lição de Raymundo Faoro, contida em um dos seus livros mais recentes, A Assembleia Constituinte – A legitimidade recuperada.

Comenta Faoro a crença de que “só revoluções vitoriosas podem convocar Constituintes”. E emenda: “Na verdade, sempre que há crises ou colapso de uma ordem constitucional, ela só se recompõe pela deliberação constituinte, a deliberação constituinte do povo, se democrático o sistema a instituir”.

Governo Roseana pagou irregularmente R$ 240 milhões com recursos do empréstimo do BNDES

Roseana e Ricardo Murad fizeram estrago com os recursos do BNDES

Em contundente pronunciamento na manhã desta terça-feira (31), o líder do governo, deputado Rogério Cafeteira (PSB) relatou sobre a reunião ocorrida com a diretoria de infraestrutura do BNDES, na última segunda-feira (30), no Rio de Janeiro. Segundo Cafeteira, foram apresentadas dúvidas e questionamentos que foram prontamente respondidos pelo corpo técnico do banco.

Conforme o relato do líder governista, No primeiro momento, foi levantado o motivo das paralisações e dos atrasos em determinadas obras executadas no estado do Maranhão, com recursos oriundos do financiamento do BNDES, e de forma objetiva foi afirmado que todos os atrasos e paralisações de obras são todos decorrentes de irregularidades cometidas pelo governo que anterior.

Cafeteira explicou que tais irregularidades geraram, no início de 2015, uma glosa de R$ 240 milhões. A COBRAP, empresa contratada, seguindo uma exigência do BNDES, para fazer a gestão e a fiscalização desde o início do contrato, detectou que recursos que eram liberados para pagar determinadas obras já atestadas por ela, quando chegava aos cofres do Estado eram utilizados para pagamentos que nada tinham a ver com o contrato. Com isso, foi gerada uma cobrança do BNDES para que o Estado do Maranhão devolvesse no início de 2015 os R$ 240 milhões pagos irregularmente.

Rogério destacou ainda que fez questão de perguntar se algum atraso ou paralisação era decorrente de alguma falha, de alguma irregularidade, de alguma omissão ou de alguma ação do atual Governo e segundo ele, o BNDES foi taxativo em responder que não, que o governo atual tem cumprido rigorosamente o contrato sem nenhuma falha. E lembrou que dos 240 milhões que foram glosados e cobrados dos cofres do governo do Estado do Maranhão, o atual governo já corrigiu falhas da administração passada em 50%. “Hoje, o montante que era de 240 milhões, está em 120 milhões, mas nem todas as glosas não poderão ser sanadas, alguma parte do dinheiro será perdida”, disse.

O deputado esclareceu que existem glosas sanáveis e insanáveis e deu um exemplo de insanáveis os pagamentos de obra no período vedado, o período eleitoral, onde é permitido pagamento de obras já iniciadas, mas não as que ainda vão iniciar. “Esse é um problema que será impossível de se resolver, então, para que fique bem claro”.

Blog do Jorge Vieira

RELATOR PEDE CASSAÇÃO DE CUNHA NO CONSELHO DE ÉTICA



Na avaliação do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mentiu à CPI da Petrobras ao negar que tenha contas no exterior, por onde recebeu dinheiro de propina, e por isso cometeu quebra de decoro parlamentar; segundo Rogério, 24 horas após a entrega, o presidente do colegiado, José Carlos Araújo (PR-BA), deve convocar uma reunião para a leitura do documento

247, com Agência Câmara - O relator do processo no Conselho de Ética contra o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), deputado Marcos Rogério (DEM-RO), entregou seu parecer nesta terça-feira 31 ao presidente do colegiado, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), sugerindo a cassação do peemedebista.

Marcos Rogério assegurou que o documento reproduz o conjunto das provas que foram coletadas no curso da instrução. "Tanto as provas materiais, quanto as provas testemunhais. O nosso relatório leva em consideração o conjunto das provas, mas mesmo discordando da vice-presidência da Casa há respeito a elas", explicou.

Na última quarta-feira (25), o presidente em exercício da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão, reafirmou que a representação contra Cunha, deve se limitar à denúncia de que ele faltou com a verdade ao dizer que não tinha contas no exterior.

"Tanto o parecer do relator, como a defesa do representado devem limitar-se à única imputação considerada apta no parecer preliminar que admitiu o prosseguimento da representação, qual seja, a omissão intencional de informações relevantes ou prestação de informações falsas", disse Maranhão.

Segundo Rogério, 24 horas após a entrega do relatório, o presidente do colegiado deve convocar uma reunião para leitura do parecer.

Prazos

Marcos Rogério também afirmou que não há motivo para questionamentos por parte da defesa de Cunha sobre os prazos do processo.

"Acho que tem que ter respeito ao processo. É preciso ter respeito ao colegiado, é preciso ter respeito à Casa. O que se julga no Conselho de Ética são atos atentatórios à dignidade do Parlamento. E reclamar de defesa, de prazos, em um processo como esse é atentar contra a dignidade do próprio Parlamento. É querer abusar daquilo que já abusaram ao extremo", criticou.

Marcos Rogério também disse que não espera ser afastado da relatoria do processo contra Cunha. No dia em que se defendeu no Conselho de Ética, Eduardo Cunha afirmou que questionaria junto à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a permanência de Rogério na relatoria do processo em razão da troca partidária.

Rogério saiu do PDT e foi para o Democratas, partido que compunha o mesmo bloco parlamentar do representado. Após o questionamento de Cunha, Marcos Rogério afirmou que não está impedido de ser relator porque, quando assumiu a relatoria, era filiado ao PDT. Esse foi o mesmo argumento usado para destituir o primeiro relator do processo, deputado Fausto Pinato (PRB-SP), que pertencia ao partido do bloco do PMDB.

"Já retiraram um relator e hoje eles cogitam a hipótese da retirada do novo relator. Argumentos regimentais e do Código de Ética não há, mas ultimamente as decisões estão longe de ter amparo regimental. Como o representado é o presidente e como o que ficou é preposto dele, não dá para ter segurança de nada. Espero que não aconteça para o bem do processo, para o bem da Casa e para a segurança jurídica de todos", afirmou.

Defesa

Cunha alega que não mentiu à CPI da Petrobras, em 2015, porque não se tratava de uma conta no exterior e sim de um truste do qual ele é beneficiário. Ele argumenta que, pela legislação em vigor na época, não precisaria declarar esse fato à Receita Federal.

Eduardo Cunha afirma ser inocente e ressalta não ter cometido nenhuma irregularidade. Cunha diz que foi "escolhido" para ser investigado como parte de uma tentativa do governo Dilma Rousseff de calar e retaliar a sua atuação política.

ALIANÇA COM ELIZIANE ABRE DISSIDÊNCIA NO PSDB


A opção das executivas estadual e municipal do PSDB em declarar apoio à pré-candidatura da deputada Eliziane Gama abriu dissidência no ninho dos tucanos; setores do partido que defendiam o lançamento de candidatura própria ameaçam cruzar os braços e se manter indiferente à decisão do partido em disputar a sucessão na capital coligado com a representante do PPS; o ex-vereador Chico Viana já havia usado as redes sociais para se manifestar contra a decisão e anunciou que vai levar seu nome para ser apreciado na convenção da legenda tucana

Blog do Jorge Vieira - A opção das executivas estadual e municipal do PSDB em declarar apoio à pré-candidatura da deputada Eliziane Gama abriu dissidência no ninho dos tucanos. Setores do partido que defendiam o lançamento de candidatura própria ameaçam cruzar os braços e se manter indiferente à decisão do partido em disputar a sucessão na capital coligado com a representante do PPS.

O ex-vereador Chico Viana já havia usado as redes sociais para se manifestar contra a decisão e anunciou que vai levar seu nome para ser apreciado na convenção do PSDB. Viana recebeu a solidariedade de vários internautas que aproveitaram a postagem para condenar a aliança dos tucanos com Eliziane e criticar os dirigentes pela posição assumida.

No último sábado (28), o secretário de Desenvolvimento Social do Governo, deputado licenciado Neto Evangelista, até então pré-candidato, após ser rifado em sua pretensão de disputar o pleito majoritário, disse em entrevista ao Jornal Pequeno que não vê como ponto positivo a escolha e classificou a decisão dos dirigentes tucanos como um “retrocesso para a legenda”

Ao ser questionado sobre a decisão da direção municipal e estadual do partido, respaldada pela direção nacional, de fazer aliança com o PPS, Neto Evangelista fez a seguinte observação: “Trata-se de um grande retrocesso e certamente os responsáveis por esta tomada de decisão sentirão isso lá na frente. Não vejo nenhum ponto positivo nessa escolha. Absolutamente nenhum. Em minha opinião, esta atitude foi um grande erro”.

Assim com Neto Evangelista, outros segmentos da legenda, como a Juventude do PSDB,por exemplo, também já se manifestaram contra a aliança e contra a decisão dos dirigentes de abrir mão de lançar candidatura própria para apoiar uma candidatura de outro partido, o que implica em afirmar que a deputada terá o tempo do partido em sua campanha, mas não contará com militância, que deve cruzar os braços.

CAI FABIANO SILVEIRA, A SEGUNDA BAIXA DE TEMER EM 17 DIAS DE GOVERNO




O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, entregou na noite desta segunda (30) a carta de demissão do cargo; a decisão do ministro foi tomada após a enorme repercussão negativa da divulgação de sua conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na qual ele criticou a condução da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da República (PGR); "Jamais intercedi junto a órgãos públicos em favor de terceiros. Observo ser um despropósito sugerir que o Ministério Público possa sofrer algum tipo de influência externa, tantas foram as demonstrações de independência no cumprimento de seus deveres ao longo de todos esses anos", diz Fabiano na carta; inicialmente, Temer havia avaliado que o caso de Fabiano era “menos grave” que o do senador Romero Jucá (PMDB-RR), que foi o primeiro a deixar o governo, também por conta das gravações de Sérgio Machado; durante toda esta segunda, servidores do Ministério da Transparência protestaram contra a permanência de Fabiano Silveira; a Transparência Internacional, organização não-governamental de combate à corrupção em todo o mundo, divulgou nota pedindo a exoneração do ministro; a Globo chegou a produzir um editorial pedindo a cabeça do agora ex-ministro

O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Fabiano Silveira, não aguentou a pressão e entregou na noite desta segunda-feira (30) a carta de demissão do cargo.

A decisão do ministro foi tomada após a enorme repercussão negativa da divulgação de sua conversa com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), na qual ele criticou a condução da Operação Lava Jato pela Procuradoria Geral da República (PGR). A conversa foi gravada por Sérgio Machado e divulgada na noite de ontem pela Globo.

Temer havia avaliado inicialmente que o caso de Fabiano Silveira era “menos grave” que o do senador Romero Jucá (PMDB-RR), também flagrado em gravações de Machado sugerindo um "pacto" para barrar a Operação Lava Jato. Em razão da repercussão negativa dos áudios, Jucá teve de deixar o comando do Ministério do Planejamento na semana passada.

Durante toda esta segunda-feira, servidores do Ministério da Transparência (antigo CGU) protestaram contra a permanência de Fabiano Silveira. A Globo produziu um editorial pedindo a cabeça do agora ex-ministro. Alguns chefes do ministério nos Estados haviam pedido demissão.

A Transparência Internacional, organização não-governamental de combate à corrupção em todo o mundo, divulgou nota pedindo a exoneração do ministro. A entidade disse que suspenderia os contatos com a pasta "até que uma apuração plena seja realizada e um novo ministro com experiência adequada na luta contra a corrupção seja nomeado".

Abaixo a carta na íntegra:

Recebi do Presidente Michel Temer o honroso convite para chefiar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

Nesse período, estive imbuído dos melhores propósitos e motivado a realizar um bom trabalho à frente da pasta.

Pela minha trajetória de integridade no serviço público, não imaginava ser alvo de especulações tão insólitas.

Não há em minhas palavras nenhuma oposição aos trabalhos do Ministério Público ou do Judiciário, instituições pelas quais tenho grande respeito.

Foram comentários genéricos e simples opinião, decerto amplificados pelo clima de exasperação política que todos testemunhamos. Não sabia da presença de Sérgio Machado. Não fui chamado para uma reunião. O contexto era de informalidade baseado nas declarações de quem se dizia a todo instante inocente.

Reitero que jamais intercedi junto a órgãos públicos em favor de terceiros. Observo ser um despropósito sugerir que o Ministério Público possa sofrer algum tipo de influência externa, tantas foram as demonstrações de independência no cumprimento de seus deveres ao longo de todos esses anos.

A situação em que me vi involuntariamente envolvido - pois nada sei da vida de Sérgio Machado, nem com ele tenho ou tive qualquer relação - poderia trazer reflexos para o cargo que passei a exercer, de perfil notadamente técnico.

Não obstante o fato de que nada atinja a minha conduta, avalio que a melhor decisão é deixar o Ministério da Transparência, Fiscalização e Controle.

Externo ao Senhor Presidente da República o meu profundo agradecimento pela confiança reiterada.

Brasília, 30 de maio de 2016.
Fabiano Silveira

Fonte: Brasil 247

A missão maior de Dilma Rousseff



CELSO RAEDER/Brasil 247


A presidente Dilma Rousseff sabe que dificilmente voltará a governar o país. Poderá até ser reempossada no cargo. Mas governará com que Congresso? Com que percentual de apoio popular? Com que canal de diálogo no Supremo, se os "caras" estão putos com ela? Que equipe nomeará, com a certeza de que o escolhido não será o próximo investigado na Lava Jato? Definitivamente, Dilma não governará mais o país. No entanto, por mais paradoxal que seja, o Brasil precisa que Dilma leve sua luta até o fim.

Dilma Rousseff não é uma política carreirista. Para ela, ficar inelegível por oito anos tanto faz como tanto fez. Com ela não tem acordo nem acerto. Sua luta é solitária. Ela não precisa nem de Lula e muito menos do PT. Aliás, de certo modo, eles até atrapalham. Na posição em que se encontra, Dilma escreve um importante capítulo na História do Brasil. Não é o Moro nem o Janot que estão passando esse país a limpo. É ela!

É o que está registrado nas várias conversas entre o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, e mandarins da política brasileira que se perpetuam no poder. Romero Jucá, José Sarney, Renan Calheiros, Pauderney Avelino, Aécio Neves, Eduardo Cunha, Mendonça Filho, todos unidos para apear Dilma do poder, com o único propósito de salvar suas peles carcomidas.

Os diálogos gravados revelam a estratégia desses políticos asquerosos: afastar a presidente para desmobilizar as ruas, limpar a barra na base da conversa com os "caras" do STF e aprovar leis que alterem os mecanismos de concessão de delação premiada. No âmbito do Planalto, o ministro da Justiça se articula para acabar com o sistema democrático de escolha do procurador-geral da República, nomeando-se aquele que mais agradar aos interesses do Temer. O estratagema poderia dar certo, não fosse a obstinação de Dilma em brigar pela presidência. Se ela renuncia, legitima Michel Temer. Se permanece na luta, o transforma num cafetão de cabaré.

O senador Antonio Anastasia e seus pares indecentes não terão qualquer pudor em cassar o mandato de Dilma Rousseff em definitivo. Lá estarão pessoas citadas inúmeras vezes no curso da investigação da Lava Jato e, também, nas gravações de Sérgio Machado. Falarão em decência, moral e honestidade, apontando seus dedos necrosados pela corrupção para as câmeras de TV. O rito de acusação e defesa será cumprido. Mas José Eduardo Cardoso, que defende a presidente, sabe que perde seu tempo diante de uma farsa que já tem até data marcada: 2 de agosto.

Nesses pouco mais de dois meses até o desfecho da maior crise política no Brasil pós-ditadura, Dilma Rousseff pode tomar decisões capazes de mudar o rumo dessa história. A mais importante é a retomada do controle do processo político, assumindo o protagonismo das ações exigidas pela sociedade. Mas, para isso, terá de deixar seu desejo de ocupar a presidência em segundo plano. Para ser mais didático, o que proponho é que Dilma Rousseff empunhe a bandeira da realização de novas eleições, em janeiro de 2016, não apenas para presidente, mas também para deputados federais e senadores. Esse deveria ser o compromisso um e único do seu discurso daqui para frente.

Ao assumir esse compromisso, Dilma trará o povo para o seu lado. Milhões de brasileiros que foram às ruas pelo fim da corrupção estão ainda mais revoltados com o que surgiu após o afastamento da presidente. Dilma precisa fazer um pacto com a sociedade, que não está nada disposta a perder conquistas sociais importantes, apenas para atender aos investidores internacionais atraídos pela política econômica de Henrique Meirelles. A corrupção é um câncer instalado num organismo em estado de metástase. Isso já ficou claro nestas duas semanas de instalação de um governo de azougues.

As investigações da Lava Jato correspondem a, no máximo, 1% de toda corrupção praticada no país. Isso decorre das estruturas corroídas das instituições públicas, que precisam passar por reformas que assegurem transparência e lisura nas ações. Dilma Rousseff tem exatos dois meses para mobilizar o país para essas reformas. Uma pauta de compromissos para o próximo governo, eleito em 2016, que reduza o número de partidos, que acabe com as castas de parentes na política, que democratize o processo de escolha de membros do Poder Judiciário, que torne a economia um modelo de desenvolvimento nacional, protegendo empresários da burocracia e do achaque, ao mesmo tempo em que preserva direitos dos trabalhadores.

Dilma lutará por seu mandato. É direito dela. Mas pode fazer algo muito maior por ela e pelo Brasil se enfrentar o Sistema, essa hidra de sete cabeças, que vai engolir o Moro e o Janot.

O que falta para finalizar o golpe, por Jari da Rocha


Por Fernando Brito/Tijolaço

A finalização da operação-golpe depende do sucesso das próximas e decisivas jogadas.

Descaracterizar a Lava-jato como instrumento criado para derrubar definitivamente Dilma, prender Lula e inviabilizar o PT para as próximas eleições, cassando, inclusive, a sigla.

Estava dando tudo certo, até a foto oficial do novo governo. A imagem rodou o mundo.

Um projeto dessa magnitude, promover a destituição de um governo legitimamente eleito, seria inviável sem o bombardeio midiático recheado de matérias ardilosamente preparadas.

A ideia era criar confusão mental capaz de fazer crer que, justamente, o governo que mais beneficiou o povo necessitado foi o que mais roubou na história do país.

Foi a fórmula encontrada para desqualificar os avanços do país, invertendo completamente a realidade. E a crise veio a calhar.

Porém, o ruído da imprensa internacional, mesmo a mais tradicional como inglês The Economist e o alemão Die Zeit, foram causando desconforto a essa falsa credibilidade da imprensa nacional, que se vê, no momento mais crucial, desmentida e contrariada.

As tentativas de legitimar o governo interino foram caindo no vazio.

“O rombo (veja a proximidade de grafia e, principalmente, de pronúncia das palavras rombo e roubo) de 170 bilhões, causado pelo governo Dilma, acabou com o país”.

O objetivo do bombardeio era fazer as pessoas mais humildes escandalizarem-se com o montante de dinheiro que a presidenta ‘roubou’.

Mas isso era e foi pouco, mesmo manipulando números e adotando ‘novos’ critérios de análise. E como dar cabo da operação em meio a essa guerra de versões de legitimidade?

Bem provável que dando um novo “banho de loja” na operação Lava-jato.

Para isso, no entanto, “haver-se-ia” de sacrificar bispos, torres e cavalos. Significa dizer que o comando do plano se torna mais restrito e que nem todos se salvarão. O xeque-mate exige sacrifícios de peças dispensáveis.

Novos vazamentos.

Cansados de não ter argumentos contra a blindagem dos políticos partícipes do golpe, os defensores do impeachment poderão, a partir de agora, encher a boca. A justiça – finalmente, ufa! – é igual para todos, independentemente de partidos.

Curioso que, desta forma, grande parte dos ‘cidadãos de bem, apolíticos e apartidários’ será atendida em seus desejos mais nobres de justiça.

As novas gravações, envolvendo um número considerável de pessoas meticulosamente escolhidas para serem jogadas aos tubarões, atingem alguns dos mais representativos caciques da política, porém, ao mesmo tempo, desmoraliza o Supremo Tribunal a ponto de não ter alternativas senão negar qualquer recurso que possa garantir a defesa do mandato de Dilma e salvar Lula da cadeia.

As duas novas operações da Lava-jato, “Senatus” e “do Barba”, seriam as derradeiras?

Tudo leva a crer que o PSDB seria preservado, mesmo que tenha que jogar Aécio – e suas atuais poucas carnes – às piranhas, e Temer seria conduzido até 2018. No entanto, se algo der errado, o interino será jogado, sem cerimônias, no azeite quente.

Possivelmente veremos o descarte de peças até então protegidas, mas que, em caso de necessidade de preservar o núcleo duro, não serão poupadas. Lembra muito “O Poderoso Chefão” do Mário Puzo, porém, numa escala muito maior.

Uma nova eleição seria alternativa somente em caso de presidente interino frito, já sem os riscos do PT disputar.

Hoje, quase três meses depois da tentativa de prender Lula (em 4 de março), o cenário parece mais favorável para finalizarem o golpe.

O que falta, porém, é ainda combinar tudo isso com a população que já entendeu que qualquer coisa vinda dessa turma será engodo.

Tem uma peça que ainda não fecha.

Eles acreditam que, no caso de Lula ser preso, não haverá nenhuma revolta popular? Acreditam que poderão silenciar a mídia alternativa ou, até mesmo, expulsar os correspondentes internacionais indesejáveis, como supõe o editorial do Estadão?

Se sim, o que lhes dá tamanha segurança? A resposta pode estar na própria pergunta: segurança, reforçada, repressiva.

Ah, e sem esquecer: censura ampla, geral e irrestrita.

AVE RARA BRASILEIRA É REDESCOBERTA APÓS 75 ANOS


Conhecida como rolinha-do-planalto, a Columbina cyanopis está criticamente ameaçada de extinção. O último registro comprovado da espécie antes da redescoberta aconteceu há 75 anos, em 1941. Agora, um grupo de pesquisadores anunciou para a comunidade de especialistas a redescoberta da ave, que é uma das mais raras do mundo

Um grupo de pesquisadores, com o apoio do Observatório de Aves - Instituto Butantan e da Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil), anunciou recentemente para a comunidade de especialistas a redescoberta de uma das aves mais raras do mundo. Conhecida como rolinha-do-planalto, a Columbina cyanopis está criticamente ameaçada de extinção. O último registro comprovado da espécie antes da redescoberta aconteceu há 75 anos, em 1941.

Nos últimos meses, os pesquisadores têm trabalhado simultaneamente no registro científico da redescoberta e em um plano de conservação, com o objetivo de assegurar a sobrevivência da ave no longo prazo. A rolinha-do-planalto, espécie exclusiva do Brasil, está ameaçada principalmente pela destruição do Cerrado brasileiro, seu habitat. Até o momento, os ornitólogos encontraram apenas 12 indivíduos da espécie.

"Nossa preocupação agora é a conservação da ave. Estamos estudando diversas linhas de atuação no desenho deste plano. A principal delas é garantir que a região onde a espécie foi detectada seja transformada em uma área de conservação, o que beneficiaria não apenas a rolinha-do-planalto, mas também outras espécies ameaçadas que ocorrem na área", explica o ornitólogo Rafael Bessa, que redescobriu a espécie.

As principais características da ave são olhos azuis claros e manchas azuis escuras nas asas, que se destacam da plumagem predominantemente castanho-avermelhada. "É uma ave linda e extremamente rara. Redescobrir uma espécie exclusiva do Brasil praticamente desconhecida e tão emblemática é um feito científico extraordinário. É um acontecimento que está sendo muito celebrado, já que alguns especialistas cogitavam que a espécie poderia estar extinta. Conhecer melhor a biodiversidade brasileira é o primeiro passo para garantirmos sua conservação. E, ao fazer isso, estamos contribuindo com o aumento da qualidade de vida e a saúde de todas as espécies, incluindo a nossa", afirma Luciano Lima, do Observatório de Aves - Instituto Butantan.

Assim que avistou a ave, em junho de 2015, o ornitólogo Rafael Bessa estabeleceu contato com Lima, do Observatório de Aves - Instituto Butantan. Com o apoio do Instituto e da SAVE Brasil, representante da BirdLife International que apoia e financia a pesquisa, foram iniciados os estudos sobre a espécie. Para isso, foi montada uma equipe de cinco pesquisadores que inclui também os ornitólogos Wagner Nogueira, Marco Rego e Glaucia Del-Rio, os dois últimos associados ao Museum of Natural Science of Louisiana State University (EUA).

No âmbito do plano de conservação, os pesquisadores desenvolvem estudos sobre a biologia da espécie, que abordam aspectos como o comportamento, reprodução e alimentação, por exemplo. Além disso, os ornitólogos ainda realizam expedições a alguns lugares com geografia e características similares às do primeiro ponto de incidência, em busca de novos indivíduos. Os locais de busca são identificados por imagens de satélite e por uma técnica chamada modelagem ecológica. Com base nas características ambientais das áreas onde a espécie ocorre, um software cruza informações e aponta lugares com características semelhantes.

"Até o momento visitamos diversas áreas em três estados, mas a espécie só foi localizada em dois locais muito próximos, ambos no estado de Minas Gerais, o que reforça a necessidade de medidas urgentes para garantir a sua sobrevivência", alerta o ornitólogo Wagner Nogueira. Com o objetivo de preservar o animal, os pesquisadores não divulgarão o local exato de ocorrência da ave até que o plano de conservação seja concluído e as ações possam ser viabilizadas.

O anúncio da redescoberta foi feito para a comunidade de ornitólogos, cientistas e observadores de aves durante o 11º Encontro Brasileiro de Observação de Aves (AvistarBrasil 2016), realizado no Instituto Butantan. Até a redescoberta não eram conhecidas imagens e filmagens da rolinha-do-planalto viva, ou mesmo de seu canto. Durante o evento, os ornitólogos que integram a equipe de pesquisa apresentaram esses registros e informações sobre a espécie, até então conhecida apenas por exemplares em museus e relatos sem comprovação.

Sobre o Observatório de Aves - Instituto Butantan

Fundado em 2014, sob a coordenação do Museu Biológico do Instituto Butantan, o Observatório de Aves - Instituto Butantan é a primeira iniciativa dessa natureza no Brasil. O foco do Observatório é o monitoramento de longo prazo da avifauna de diferentes áreas com o objetivo de acompanhar mudanças nas populações de aves silvestres ocasionadas por fenômenos como as mudanças climáticas e de realizar vigilância ambiental em saúde. Além disso, também são estudados aspectos ligados à biologia e à ecologia das aves. O Observatório também desenvolve atividades educativas para a difusão da ciência a diversos públicos. Entre elas está o #vempassarinhar, caminhada mensal de observação de aves promovida no campus do próprio Instituto, uma ilha de 80 hectares de floresta dentro da área urbana da cidade de São Paulo.

Sobre a SAVE Brasil

A Sociedade para a Conservação das Aves do Brasil (SAVE Brasil) nasceu de um projeto da BirdLife International, aliança global que compartilha políticas e programas de conservação, para identificação e ações imediatas com foco em evitar a extinção de espécies no território brasileiro. A organização trabalha na elaboração e implantação de estratégias de conservação em parceira com organizações locais, órgãos públicos, empresas, líderes comunitários, pesquisadores e membros da sociedade civil.

Fonte: Brasil 247

OPERAÇÃO PRENDE EX-SECRETÁRIO DE ANASTASIA




Minas 247 - Uma operação do Ministério Público de Minas Gerais, em parceria com a batalhão de Rondas Táticas Metropolitanas (Rotam) da Polícia Militar e a Polícia Federal, prendeu o tucano Nárcio Rodrigues, ex-presidente do PSDB de Minas e ex-secretário de Ciência e Tecnologia no governo de Antonio Anastasia (PSDB), entre 2011 e 2014. 

Ainda não foram confirmados os nomes dos outros políticos presos na operação, que é realizada nesta segunda-feira (30) na região Centro-Sul de Belo Horizonte e em Frutal, no Triângulo Mineiro. A ação cumpre 16 mandados e, segundo a PF, seis pessoas foram presas.

Batizada de Aequalis, a operação teria como fim apurar desvios da ordem de R$ 2 bilhões, segundo a imprensa mineira.

Segundo reportagem da Folha, há provas de que Rodrigues se valeu de contratos relacionados ao projeto Hidroex para captar recursos ilícitos para campanhas eleitorais do PSDB em 2012 e 2014. A investigação teve início na Controladoria-Geral do Estado de Minas Gerais.

COM APENAS 7 ANOS, FILHO DE TEMER JÁ TEM PATRIMÔNIO DE R$ 2 MILHÕES EM IMÓVEIS


Dois conjuntos comerciais de alto padrão foram doados para "Michelzinho" como antecipação de herança, segundo informou a assessoria do presidente interino; entre 2006 e 2014, o patrimônio declarado do presidente interino subiu de R$ 2,3 milhões para R$ R$ 7,5 milhões – mais do que dobrou acima da inflação nesse período

Com apenas 7 anos de idade, Michel Miguel Elias Temer Lulia Filho, conhecido como Michelzinho, já é um milionário.

Ele herdou do pai dois imóveis cujos valores somados superam R$ 2 milhões, segundo informa reportagem de José Roberto de Toledo e Daniel Bramatti. Segundo a assessoria de Temer, os imóveis foram doados como antecipação de herança.

"Localizados no Edifício Lugano, no Itaim-Bibi, zona sul da capital paulista, cada conjunto tem 196 m² e valor venal de R$ 1.024.802, segundo a Prefeitura de São Paulo – os dados são públicos e podem ser consultados na internet. O valor de mercado costuma ser de 20% a 40% mais alto do que o valor de referência usado pela Prefeitura para calcular o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU)", diz o texto.

Os jornalistas, no entanto, apontam que os imóveis foram declarados abaixo do valor real. "Mesmo assim, na declaração de bens que Temer apresentou à Justiça Eleitoral em 2014, cada conjunto é avaliado em apenas R$ 190 mil. Isso é comum nas declarações de políticos, pois os imóveis costumam ser declarados pelo valor de quando foram comprados. A legislação não obriga a atualização do valor."

A reportagem também revela que o patrimônio declarado de Temer cresceu bem acima da inflação nos últimos anos. "O patrimônio do presidente interino cresceu rapidamente desde 2006. Naquele ano, Temer foi candidato a deputado federal e declarou bens no valor de R$ 2.293.645,53. Se corrigido pelo IGP-M da Fundação Getúlio Vargas, eles corresponderiam, em 2014, a R$ 3.678.526,22. Porém, seu patrimônio declarado à Justiça Eleitoral em 2014 já havia crescido para R$ 7.521.799,27. Ou seja, mais do que dobrou acima da inflação entre duas eleições – e isso sem levar em conta a valorização dos imóveis."

Fonte: Brasil 247

Em livro, blogueira conta aspectos negligenciados sobre o diabetes

A publicitária Marina de Barros Collaço com seus produtos temáticos sobre diabetes

JULIANA CUNHA/Folha de São Paulo

Aos 15 anos, Marina de Barros Collaço, 31, era uma adolescente saudável. Ela praticava seis horas de judô por dia e vinha perdendo peso, sentindo cansaço e muita vontade de fazer xixi. Os sintomas pareciam justificáveis pelo excesso de atividade física e não a preocupavam.

O pano caiu quando Marina passou mal na escola e foi imediatamente internada por três dias. Ela teve uma cetoacidose (aumento descontrolado no nível de glicose do sangue) severa que resultou em um coma diabético.

Até então, Marina não sabia que era diabética, e tinha uma vaga ideia sobre a doença. O médico que a acompanha estima que ela tenha ficado dois anos com a doença antes do diagnóstico.

"Existem dois tipos de diabetes, mas no fim são todos do tipo ruim", diz Marina, que há dois anos mantém o blog "Diabética tipo ruim", onde reflete sobre o "lado b" da doença, e acaba de lançar um livro com o mesmo título.

"Gosto de escrever sobre os aspectos negligenciados e que causam constrangimento. Falo da impotência sexual comum em diabéticos, de candidíase [corrimentos vaginais causados por fungos], de chefes que nos acham folgados quando precisamos faltar no trabalho por conta de uma hiperglicemia [pico de açúcar no sangue], do sentimento de impotência que às vezes temos por conta das limitações, da falta de paciência para cumprir um monte de regras", diz ela, que sofre de diabetes do tipo 1, que leva a uma deficiência completa na produção de insulina.

Para Marina, existe uma tendência de levar a diabetes como um problema menor do que ele de fato é. "Como hoje em dia os tratamentos são eficientes, as pessoas acham que é tranquilo ter diabetes. Mesmo muitos diabéticos insistem que levam uma vida completamente normal, mas normal para mim é sair de casa sem ter que calcular quanto tempo vou passar fora ou se estou levando insumos o suficiente para a minha bomba de insulina", diz. "De açucarado basta meu sangue, não quero fazer um retrato cor de rosa da doença".

No Brasil, mais de 16 milhões de adultos (8,1% da população nessa faixa etária) sofrem de diabetes e a doença mata 72 mil pessoas por ano, segundo um relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgado este ano.

Marina acredita que diabéticos tentam passar uma visão amenizada da doença para evitar estigmas. "Minha vida é funcional, mas é cheia de pequenas limitações. Eu preciso faltar o trabalho uma vez no mês para buscar meus remédios na Secretaria de Saúde, por exemplo, e pelo menos uma vez no mês é possível que eu tenha uma hiperglicemia que me deixe com muita dor de cabeça. Nem sempre consigo 'agendar' essa crise para um fim de semana, e chefes não costumam ser compreensivos", explica.

Outro percalço comum é a falta de medicamentos na rede pública. Agora mesmo, Marina está há quatro meses sem receber insulina. "E a gente agradece quando o que falta é a insulina, que custa R$ 150 por mês. Pior é quando falta cateter para a bomba, que custa R$ 700", diz ela.

Marina, que era publicitária em uma agência, hoje trabalha de casa, fazendo ensaios fotográficos e usando o blog para vender artigos para diabéticos como camisetas, adesivos para enfeitar a bomba de insulina, porta-pílulas e bolsas térmicas para guardar os remédios.

"O aspecto mais difícil da diabetes é o psicológico. Aceitar que temos uma limitação para a vida toda é difícil para todo mundo. Para mim, escrever sobre o assunto e abraçar a diabetes como parte da minha personalidade foi a forma de aceitar a doença", diz.

DIABÉTICA TIPO RUIM
AUTORA Marina de Barros Collaço
EDITORA Book Express
PREÇO R$ 45 (62 págs.)

Fred o carrasco do Botafogo(Assista ao gol)

STF está envolvido no processo do golpe, afirma professor da UnB



Em dezembro de 2015, Marcelo da Costa Pinto Neves, Professor Titular de Direito Público da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília e Visiting Scholar da Faculdade de Direito da Universidade de Yale (EUA), divulgou um parecer classificando o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, acolhido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB), como “inconsistente e frágil, baseando-se em impressões subjetivas e alegações vagas”. “Os denunciantes e o receptor da denúncia”, disse ainda o constitucionalista, “estão orientados não em argumentos jurídicos seguros e sustentáveis, mas sim em avaliações parciais, de caráter partidário ou espírito de facção”. “Denunciantes e receptor afastam-se não apenas da ética da responsabilidade, mas também de qualquer ética do juízo, atuando por impulsos da parcialidade, do partidarismo e da ideologia, em prejuízo do povo brasileiro”, acrescentou.

Passados cerca de seis meses, a abertura do processo de impeachment foi aprovada na Câmara e o mesmo encontra-se atualmente tramitando no Senado, com o afastamento da presidenta Dilma por um período de até seis meses. Enquanto isso, o vice Michel Temer assumiu o governo, trocando não só todo o ministério e escalões intermediários do governo, mas também o programa do governo eleito pelas urnas em 2014. Impeachment ou golpe? Em entrevista ao Sul21, Marcelo Neves não tem dúvidas em apontar a segunda opção. “É um golpe fundado numa ideologia, numa criação ilusória de que se está atuando de acordo com a Constituição, quando, na verdade, está se atuando para corroer a Constituição, prejudicando o funcionamento normal da ordem constitucional”, afirma o professor da UnB. Para ele, o processo golpista envolve parlamentares, o TCU, a grande mídia e o Judiciário, incluindo o próprio Supremo Tribunal Federal que, em tese, deveria zelar pelo cumprimento da Constituição:

“Acho que o STF está envolvido neste processo, pois está muito parcial. Ele tem tomado medidas que, às vezes, são muito duras para setores do governo e muito parcimoniosas, lenientes e favoráveis a grupos pertencentes à política tradicional brasileira. Além disso, o STF tem se manifestado e prejulgado casos que ainda vai avaliar”.

Sul21: O senhor é autor de um parecer, divulgado em dezembro de 2015, que classificou o pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff como frágil e inconsistente. Passados quase seis meses da divulgação desse parecer e com o processo de impeachment já tramitando no Senado, como definiria a situação política que estamos vivendo hoje no país?

Marcelo Neves: A situação do impeachment foi uma criação para destituir a presidente que não tem nenhum fundamento. Toda a estrutura desse processo configura o que tem se chamado de golpe, um golpe parlamentar com a ajuda do Judiciário e da grande mídia, que não tem nada a ver com a prática de crime de responsabilidade pela presidente da República. Há vários elementos que apontam no sentido oposto. O afastamento da presidente tem a ver, principalmente, com a tentativa de abafar as investigações para que elas não atingissem certos políticos hegemônicos da tradição brasileira. Recentes gravações mostram que a presidente vinha permitindo as investigações sem interferência, deixando o Ministério Público e a Polícia Federal com autonomia para atuar. A questão é que isso incomodava muitos grupos. Um ponto fundamental foi esse.

Outro, evidentemente, é que as políticas sociais incomodavam grupos tradicionais das elites brasileiras. Esses foram os elementos fundamentais. Crise econômica, nós já passamos mais graves no governo Sarney e no governo Fernando Henrique. Isso não justificou o impeachment desses presidentes porque, no presidencialismo, uma política econômica frágil e mal conduzida em certo momento não é suficiente para a destituição do chefe de governo. Isso ocorre no sistema parlamentarista.

As chamadas pedaladas fiscais não configuram caso de crime de responsabilidade. Já existem muitos estudos sobre isso. Além disso, essas pedaladas foram praticadas abundantemente antes pelo próprio presidente Fernando Henrique Cardoso, que abusou de decretos para a abertura de créditos suplementares. Na época, o Tribunal de Contas da União só encaminhava recomendações para que as contas fossem saneadas. Nunca houve sequer reprovação das contas, quanto mais um impeachment que implica crime de responsabilidade. Então, o TCU também está envolvido nesta trama, na construção deste casuísmo para enfraquecer a presidente e permitir esse impeachment que, na verdade, fere a Constituição porque a tipificação do crime de responsabilidade inexiste.

No presidencialismo, a destituição de um presidente exige que se caracterize o crime de responsabilidade ou o crime comum, que iria para o Supremo. Mas não há caracterização de crime comum nem de crime de responsabilidade. Então, o que vem se dizendo sobre o golpe justifica-se amplamente.

Sul21: O senhor concorda, então, que estamos vivendo um golpe em curso ou mesmo já efetivado?

Marcelo Neves: Sim, é um golpe que está em curso e que pode se consumar. Não é um golpe clássico, no sentido estrito do termo, com o emprego de violência. É um golpe fundado numa ideologia, numa criação ilusória de que se está atuando de acordo com a Constituição, quando, na verdade, está se atuando para corroer a Constituição, prejudicando o funcionamento normal da ordem constitucional.

Sul21: Quais são as possíveis consequências dessa quebra da ordem constitucional para a vida do país no médio e longo prazo?

Marcelo Neves: O que pode ocorrer, caso se consume um abuso desse tipo, é termos sempre um perigo pairando sobre qualquer governo contrário aos interesses das elites dominantes. Esse governo não vai conseguir se manter no poder, pois sempre se poderá recorrer a esse precedente. O grande perigo é que essa prática se torne uma rotina na nossa vida política, tendo como alvo presidentes que tenham uma postura transformadora, vinculada a movimentos populares. Isso cria mais instabilidade inconstitucional no país.

Sul21: O senhor mencionou a participação do Judiciário neste processo de construção do golpe, juntamente com parlamentares e a grande mídia. O STF, que é a nossa última trincheira constitucional, também foi arrastado para essa crise ou está envolvido ativamente nela. Qual sua avaliação sobre a conduta do STF neste processo do golpe?

Marcelo Neves: Acho que o STF está envolvido neste processo, pois está muito parcial. Ele tem tomado medidas que, às vezes, são muito duras para setores do governo e muito parcimoniosas, lenientes e favoráveis a grupos pertencentes à política tradicional brasileira. Além disso, o STF tem se manifestado e prejulgado casos que ainda vai avaliar. Isso tem acontecido com vários ministros, como Gilmar Mendes, Celso de Mello e Carmen Lucia, que se manifestaram dizendo que o que está acontecendo não é golpe. Estão se manifestando sobre algo que eles podem ter que vir a julgar. Isso fere todas as normas de imparcialidade. Eles não poderiam se manifestar sobre o assunto exatamente porque eles poderão ter que julgar se há vícios no processo do impeachment. Eles estão prejulgando ao falar antecipadamente. Isso poderia, em certos casos mais graves, levar até mesmo ao impeachment de um ministro do Supremo se a gente estivesse atuando, realmente, de acordo com as regras do Estado de Direito.

Sul21: Considerando que o STF é o guardião da Constituição, a quem a sociedade pode recorrer quando ocorre uma quebra da ordem constitucional e aquele que deveria ser o principal defensor do Estado de Direito se comporta dessa maneira?

Marcelo Neves: Acho que aí vamos precisar dos movimentos populares. Isso tem que vir mais de baixo. A mobilização popular pode pressionar e provocar uma modificação da situação atual e reorientar algumas posições. Como a coisa está ficando tão descarada com as recentes gravações, isso também vai aumentando o constrangimento dos poderes públicos. É possível que até mesmo o Supremo se veja constrangido a mudar suas posições e ser mais rigoroso com esses grupos de elites tradicionais, em relação aos quais eles não tomam nenhuma providência em processos que duram de cinco a dez anos. Políticos como Sarney e Renan tem um poder muito grande no Judiciário porque eles definem normalmente quem entra lá. Você não pode ir para o Supremo sem beijar a mão de Sarney. Isso torna muito difícil esses ministros fazerem alguma coisa contra esses políticos que controlam as nomeações para os altos postos do Judiciário.

Toda a estrutura está corrompida. O Judiciário também está corrompido, neste sentido. Agora, a natureza das gravações que estão surgindo pode aumentar o constrangimento desses poderes e, em certo momento, inverter o jogo, pois pode ficar mais difícil justificar certas decisões.

Sul21: Há alguns dias, o senhor advertiu para o risco do surgimento de um Estado policial no Brasil em função do perfil de Alexandre de Moraes, novo ministro da Justiça de Michel Temer. Qual a dimensão desta ameaça, na sua opinião?

Marcelo Neves: O perfil do atual ministro da Justiça é um perfil muito mais de repressão. A ligação dele com os cargos públicos sempre foi ligada à dimensão repressiva e nunca à dimensão dos direitos. Então, evidentemente, vai haver uma fragilização dessa dimensão dos direitos e uma ênfase na repressão. Isso já foi dito explicitamente e está registrado em gravações. Em uma delas, o ex-ministro do Planejamento, Romero Jucá, disse que já tinha falado com os militares para reprimir o MST. Ou seja, há toda uma ordenação de um aparelho repressivo mais eficiente contra os movimentos sociais. Não há pessoa com perfil mais adequado à essa orientação do que o atual ministro.

Sul21: Na sua avaliação, a Constituição de 1988 deixou alguma fragilidade institucional que está ajudando a desestabilizar a relação entre os poderes e a própria democracia brasileira?

Marcelo Neves: Acho que o problema básico não é a Constituição como texto elaborado. A Constituição sempre deixa um campo aberto para as práticas constitucionais. O problema é a forma como ela foi construída. É claro que é possível pensar novos mecanismos de participação como, por exemplo, para a escolha de ministros do Supremo. Mas isso, me parece, não é o mais importante. O que é mais importante está ligado à prática de funcionamento das instituições. Em um país onde existem algumas pessoas muito privilegiadas, que eu chamo de sobrecidadãos, que estão acima da lei, e uma massa de pessoas, que eu chamo de subintegrados ou subcidadãos, que não têm acesso aos direitos básicos, é muito fácil para os primeiros manipular a Constituição. Então, eu penso que é mais o momento da realização, da prática, que acaba deformando a Constituição.

O modelo americano de escolha é muito parecido com o nosso, mas o Senado tem um papel muito sério. Quando um ministro é indicado pelo presidente para assumir a Suprema Corte americana, professores e especialistas são convidados para avaliar esse nome. Há um amplo debate público e funciona relativamente bem. No Brasil, essa indicação virou apenas um jogo particulatista de esquemas políticos para colocar uma pessoa que vai corresponder não a uma determinada visão de mundo, mas sim a determinados particularismos de grupos. Aí, realmente, a deformação e a deturpação da Constituição se tornam o problema mais grave no nosso caso.

Sul21: O “ativismo jurídico” tornou-se uma expressão muito repetida hoje no debate político e jurídico brasileiro. Qual sua avaliação sobre o sentido dessa expressão?

Marcelo Neves: Esse ativismo judicial que seria uma tendência à judicialização da política tem sido entendido como se o Direito se ampliasse no campo político. Essa é uma interpretação um pouco infeliz porque, na verdade, em grande parte o que há é uma politização do judiciário. Não é que o Judiciário, com critérios jurídicos, se amplia e se torna forte para controlar o poder político. No caso brasileiro, há uma dimensão mais grave neste fenômeno: o Judiciário é politizado e acaba se vinculando aos interesses de grupos políticos. Isso é muito mais grave e representa uma ameaça para o próprio funcionamento da democracia. São pessoas com poder vitalício, adquirido sem eleição e sem periodicidade, podando e prejudicando o funcionamento do processo democrático.

Sul21: O senhor defende a possibilidade de eleição no Poder Judiciário?

Marcelo Neves: Não. Acho que isso seria problemático. O que defendo é que o Judiciário reconheça as suas funções e seus limites, ficando ligado à Constituição e aos critérios constitucionais. Em alguns países como a Suíça, em nível municipal, e os Estados Unidos, os juízes são eleitos pela comunidade. Acho que no Brasil isso seria um tanto catastrófico em função da forma pela qual o nosso sistema eleitoral é conduzido.