Foto: Abed Khaled/AP
O meu sopro das pontas dos dedos na partilha
Na convivência entre irmãos sob a mesma terra
Que emanou mel e maná um dia.
Sei que não poderei virar a face de lado
E esquecer os címbalos pelos caminhos
As harpas de adoração nos fossos
Recheados de corpos e sangue e lágrima
Sob a epígrafe da guerra imbecil.
A palavra é dura eu sei nesta manhã de todos os janeiros
Todas as janelas abertas para o cântico lúgubre
Dos passarinhos que anunciam o legado da rosa escarlate
Da lágrima diante do irmãozinho que agora é óbito
Que agora é caderno espalhado na frente da escola
Ornado de sangue e fezes e odor de anjo.
Aqui não há clima para estes homens que sob capacetes e turbantes
Fazem a sua guerra própria, a sua guerra maléfica que a menosprezo
Que não cabe em nenhuma trajetória espiritual
Em nenhuma oratória musical dos escombros de Gaza
Onde as meninas não podem se fartar
Diante das bombas que não são minhas
Nem da poesia que seja a mais dura possível.
Sei que este canto carece de linguagem
Mas nesta manhã abomino todas as linguagens
Todos os homens de guerra
E me faço poeta
Entre a música e a lágrima
Os escombros e a solicitação de socorro
Que chegam de Gaza
Do olhar dos meninos de Gaza
Dos soluços das meninas de Gaza.
Que emanou mel e maná um dia.
Sei que não poderei virar a face de lado
E esquecer os címbalos pelos caminhos
As harpas de adoração nos fossos
Recheados de corpos e sangue e lágrima
Sob a epígrafe da guerra imbecil.
A palavra é dura eu sei nesta manhã de todos os janeiros
Todas as janelas abertas para o cântico lúgubre
Dos passarinhos que anunciam o legado da rosa escarlate
Da lágrima diante do irmãozinho que agora é óbito
Que agora é caderno espalhado na frente da escola
Ornado de sangue e fezes e odor de anjo.
Aqui não há clima para estes homens que sob capacetes e turbantes
Fazem a sua guerra própria, a sua guerra maléfica que a menosprezo
Que não cabe em nenhuma trajetória espiritual
Em nenhuma oratória musical dos escombros de Gaza
Onde as meninas não podem se fartar
Diante das bombas que não são minhas
Nem da poesia que seja a mais dura possível.
Sei que este canto carece de linguagem
Mas nesta manhã abomino todas as linguagens
Todos os homens de guerra
E me faço poeta
Entre a música e a lágrima
Os escombros e a solicitação de socorro
Que chegam de Gaza
Do olhar dos meninos de Gaza
Dos soluços das meninas de Gaza.
Emerson Araújo in Címbalos, Lutas e Olhares (2015)