"Na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão destruindo os fundamentos da democracia no Brasil", é como classifica o advogado Luiz Fernando Pacheco sobre a caçada ao ex-presidente Lula; para o advogado, a comprovação da perseguição arquitetada fica evidente pela seletividade da Operação Lava Jato; "Os processos em Curitiba, pelo menos até agora, são bastante seletivos. Você não ouve falar em PSDB, nas denúncias que fizeram contra o Aécio Neves, nas denúncias gravíssimas que fizeram contra José Serra, de ter recebido 27 milhões na campanha. Tudo isso parece que Curitiba esquece", diz Pacheco
Eduardo Maretti, da RBA - "Na tentativa de destruir uma corrente de pensamento, estão destruindo os fundamentos da democracia no Brasil." Esta é a frase que o advogado Luiz Fernando Pacheco destaca no artigo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva publicou hoje (18) no jornal Folha de S. Paulo.
"Compactuo com o pensamento do presidente Lula de que existe uma perseguição judiciária arquitetada entre setores do Judiciário e setores da mídia para destruir a figura do ex-presidente e acabar com o PT", afirma Pacheco, advogado do ex-presidente do partido José Genoino, no processo do chamado "mensalão".
No artigo, o presidente da República de 2003 a 2010 afirma que "não é o Lula que pretendem condenar: é o projeto político que represento junto com milhões de brasileiros".
Para o advogado, a comprovação da perseguição arquitetada fica evidente pela seletividade da Operação Lava Jato. "Os processos em Curitiba, pelo menos até agora, são bastante seletivos. Você não ouve falar em PSDB, nas denúncias que fizeram contra o Aécio Neves, nas denúncias gravíssimas que fizeram contra José Serra de ter recebido 27 milhões na campanha. Tudo isso parece que Curitiba esquece", diz Pacheco.
No início de agosto, foi divulgada a informação de que executivos da construtora Odebrecht disseram à força tarefa da Lava Jato que Serra, atual ministro das Relações Exteriores, do PSDB, recebeu R$ 23 milhões da empreiteira por meio de caixa dois para sua campanha presidencial em 2010.
No artigo publicado na Folha, Lula diz que nos depoimentos que prestou a delegados e promotores "nada se perguntou de objetivo sobre as hipóteses da acusação". "Tenho mesmo a impressão de que não passaram de ritos burocráticos vazios, para cumprir etapas e atender às formalidades do processo. Definitivamente, não serviram ao exercício concreto do direito de defesa", escreveu o ex-presidente.
Luiz Fernando Pacheco corrobora a avaliação de Lula sobre os objetivos políticos das operações e da perseguição indisfarçada ao próprio Lula e ao partido, o que se evidencia na prisão de dois ex-ministros do governo comandado pelo metalúrgico. "Essa perseguição fica muito clara na prisão do (ex-ministros) Antonio Palocci e do Guido Mantega, presos à véspera do pleito eleitoral. A Lava Jato foi se concentrando primeiro na pessoa da cúpula do partido, para agora centrar fogo no líder principal do Partido dos Trabalhadores", diz o advogado.
No artigo, Lula destaca: "Basta observar a reta final das eleições municipais para constatar a caçada ao PT: a aceitação de uma denúncia contra mim, cinco dias depois de apresentada, e a prisão de dois ex-ministros de meu governo foram episódios espetaculosos que certamente interferiram no resultado do pleito".
Em abril de 2015, Pacheco afirmou à RBA que, "com a Operação Lava Jato, começa a ganhar corpo no Brasil uma nova forma de se tratar o direito penal, que é o direito penal do terror". Um ano e meio depois, o advogado reafirma a atualidade dessa observação. "Reitero a frase, que é mais atual do que nunca. A Lava Jato vem num crescendo nas arbitrariedades que perpetra", diz.