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Por Emerson Araújo
Volta e meia sabemos notícias de suicídio na cidade de Tuntum - Maranhão como prática recorrente entre os seus moradores. Sem querer adentrar profundamente nas razões para este procedimento mórbido que tem atingido jovens, senhores e senhoras deste município da região centro sul maranhense, há de se lamentar profundamente que famílias sejam abaladas por estes atos que tem levado a finalização de vidas prematuramente.
O vocábulo suicídio vem do latim sui (de si mesmo) e cidium (“morte, assassínio”), forma do verbo caedere (“cortar, matar”) (Dahlke, 2009; Neves, Corêa & Nicolato, 2010a). O suicídio é um comportamento extremamente autodestrutivo, motivado pelo estado psicológico do indivíduo, suas crenças e normas sociais, caracterizado pela resolução psicótica bastante má de escolher morrer, solução encontrada para escapar de uma insuportável dor psicológica, uma vez que se encontra sem coragem para enfrentar os desafios da vida (Kalina & Kovadloff, 1983, Schneidman citado por Sperb & Werlang, 2002; Fensterseifer & Werlang, 2003; Dahlke, 2009; Schneidman; Kral citados por Teixeira, 2010).
Conforme o parágrafo acima, os casos de suicídio em Tuntum estariam associados ao estado psicológico autodestrutivo para escapar de uma dor insuportável do ponto de vista psicológico e incapaz de enfrentar os desafios que a vida na cidade tem imposto aos jovens, senhores e senhoras?
O sociólogo francês Émilie Durkhein produziu um estudo sobre o suicídio, classificando-o em três categorias sociais: o suicídio egoísta, o altruísta e o anômico. Mais tarde, ele acrescentou à sua tese o suicídio fatalista.
* O suicídio egoísta. Seria o resultado de um individualismo excessivo, ou seja, a falta de interesse do indivíduo pela comunidade.
* O suicídio altruísta ou heroico. A pessoa é levada a cometer o suicídio por um excessivo altruísmo e sentimento de dever, muito comum nas sociedades primitivas e orientais.
* O suicídio anômico. Em grego, o termo significa “sem lei”, mostrando a desorientação e o choque produzidos na vida de uma pessoa por uma mudança abrupta qualquer.
O suicídio fatalista, por sua vez, seria aquele decorrente do excesso de regulamentação da sociedade sobre o indivíduo cujas “paixões” são reprimidas, de forma violenta, por uma disciplina opressiva.
Talvez os casos de suicídio em Tuntum estejam enquadrados na classificação de Durkhein, mas mesmo assim, não se justifica que pessoas desta comunidade recorram para solução de seus problemas psicológicos, afetivos, espirituais ou/e sociais a morte de si mesmo em índices tão alarmantes.
Sem querer responder de maneira científica aos casos recorrentes de suicídio em Tuntum se reconhece que eles precisam ser atacados através de um trabalho de acompanhamento psicológico das famílias da cidade por parte de instituições médicas como o CAPS e outros, além da ajuda espiritual de grupos ligados as Igrejas Cristãs(Evangélicas e Católica) e uma forte política pública de oportunidades no campo educacional e na geração de emprego e rendas, oriundas da gestão pública em todos os níveis como forma de nutrir a esperança social de jovens, senhores e senhoras deste município da região central do Maranhão e a consequente diminuição de casos de automorbidez.