A explosão de um pesadelo: o impacto dos fogos de artifício na vida de pessoas autistas

 
Por Emerson Araújo

Para muitas pessoas, a explosão de fogos de artifício representa momentos de alegria e celebração. No entanto, para indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essa mesma explosão pode ser um pesadelo sensorial.

Hipersensibilidade sensorial:

Pessoas com TEA frequentemente experimentam hipersensibilidade sensorial, o que significa que seus sentidos podem ser facilmente sobrecarregados por estímulos como sons, luzes e texturas. Os fogos de artifício combinam todos esses elementos de forma intensa e abrupta, criando uma experiência extremamente desconfortável e até mesmo dolorosa para autistas.

O barulho estrondoso:

Os sons altos e repentinos dos fogos podem ser aterrorizantes para pessoas com hipersensibilidade auditiva. Imagine um trovão constante e amplificado, sem aviso prévio, que causa estresse, ansiedade e até mesmo ataques de pânico. Para autistas, essa é a realidade durante as celebrações com fogos.

As luzes estroboscópicas:

As luzes brilhantes e intermitentes dos fogos podem ser igualmente perturbadoras para autistas com hipersensibilidade visual. Essa sobrecarga sensorial pode causar tontura, náusea e desorientação, além de agravar problemas de processamento visual já existentes.

Impacto emocional:

O medo, a ansiedade e a frustração causados pelos fogos de artifício podem ter um impacto significativo na saúde mental e emocional de pessoas com TEA. As explosões podem desencadear crises de choro, comportamentos repetitivos e até mesmo automutilação.

Isolamento social:

Para evitar o desconforto dos fogos, muitas pessoas autistas se isolam durante as celebrações, perdendo a oportunidade de participar de momentos importantes com familiares e amigos. Essa experiência pode contribuir para sentimentos de solidão e exclusão.

Um apelo à inclusão:

É importante consciencializar a sociedade sobre o impacto negativo dos fogos de artifício na vida de pessoas com TEA. Podemos buscar alternativas mais inclusivas para celebrar, como shows de luzes silenciosas ou espetáculos com efeitos visuais e sonoros menos intensos.

Ao considerarmos as necessidades de todos, podemos construir uma sociedade mais justa e acolhedora para todos, incluindo aqueles que experimentariam o mundo de forma diferente.

Emerson Araújo é especialista em educação e avô de criança com TEA.