“Nada contra emprego e renda. Nada contra o livre mercado, desde que exercido por quem respeita os direitos sociais e trabalhistas. Por quem respeita a liberdade de expressão, a democracia, os direitos humanos. Não é o caso do personagem caricato, aventureiro, por trás da Estátua da Liberdade”, diz o manifesto da petição do movimento, intitulado “Aqui Não”, e que acumula, até agora, 2.800 assinaturas.
Além disso, a petição alega que uma réplica de 35 metros da Estátua da Liberdade em São Luís não é compatível com a cultura e arquitetura da cidade, que é considerada Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Os organizadores cobram o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por uma reação contra o monumento de Luciano Hang.
“Alguém consegue imaginar uma Estátua da Liberdade em Olinda, Ouro Preto ou Diamantina? Não dá. A exemplo de São Luís, são cidades tombadas pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Em qualquer um desses sítios urbanos, instituições como o Iphan reagiriam com rigor”, escrevem os organizadores, que afirmam que a Estátua da Liberdade da Havan insulta a história da cidade.
Nem todas as lojas da Havan tem o monumento na frente. A petição questiona a quem interessa a instalação da réplica na cidade e pede a “resistência do povo de São Luís”.
Na última semana, o senador bolsonarista Roberto Rocha, sem partido, também foi alvo de críticas por querer erguer uma Estátua da Liberdade na cidade de Nova Iorque, no sul do estado. A Havan não está abrindo uma loja no município onde vivem cerca de 5 mil pessoas, mas Rocha afirmou que pediu ajuda de Luciano Hang para a construção do monumento.
“Estou tentando conseguir uma doação do empresário Luciano Hang, das lojas Havan, aproveitando a oportunidade de ele estar construindo grandes lojas no Maranhão”, escreveu o senador em uma rede social, dizendo também que está sofrendo ataques de “comunistas do Maranhão” pelo pedido a Hang. Com informações de Guilherme Amado
Leia a íntegra da petição do movimento:
Impeça Luciano Hang de agredir capital maranhense com réplica da Estátua da Liberdade
A quem interessa a instalação de uma réplica da Estátua da Liberdade, de 35 metros de altura, em São Luís, cidade que tanto se orgulha de suas tradições culturais, de seu conjunto arquitetônico, de suas raízes históricas e de sua mestiçagem? Sem que a população da capital maranhense tenha sido consultada a respeito, a loja de varejo Havan, do empresário Luciano Hang, está erguendo esse monumento à cafonice, ao mau gosto, em plena avenida que leva o nome de Daniel de La Touche, o navegador que deu por inaugurada a França Equinocial no Brasil, em 1612.
Aos maranhenses, seguramente não interessa. Nós estamos dizendo NÃO a essa aberração estética que agride a paisagem urbana de São Luís e insulta nossa história. A Estátua da Liberdade é o símbolo maior de Nova Iorque e uma das principais alegorias da cultura dos Estados Unidos.
E o que nos identifica com Nova Iorque, afinal? Talvez “o inferno de Wall Street” presente nos versos de Sousândrade, que expõe a racionalidade capitalista em contraposição ao genocídio de povos indígenas. Talvez. Nada mais!
Alguém consegue imaginar uma Estátua da Liberdade em Olinda, Ouro Preto ou Diamantina? Não dá. A exemplo de São Luís, são cidades tombadas pela Unesco como Patrimônio da Humanidade. Em qualquer um desses sítios urbanos, instituições como o Iphan reagiriam com rigor.
São Luís não merece uma réplica da Estátua da Liberdade. NÃO nos curvamos a símbolos que não nos pertencem! NÃO aceitamos falso patriotismo! A estátua NÃO nos representa! Não faz o menor sentido um mero monumento ao marketing na terra de tão ricas manifestações artísticas.
Nada contra emprego e renda. Nada contra o livre mercado, desde que exercido por quem respeita os direitos sociais e trabalhistas. Por quem respeita a liberdade de expressão, a democracia, os direitos humanos. Não é o caso do personagem caricato, aventureiro, por trás da Estátua da Liberdade. Liberdade não é souvenir de loja de departamento!
Assim como São Luís, outras cidades já rejeitaram a estátua, por razões culturais, ambientais ou jurídicas. Não importa se a estátua está sendo erguida em área privada. Não importa se a área não é tombada pelo patrimônio histórico. Há, entre outras violações, o impedimento moral.
Acreditamos na reação firme das nossas instituições fiscalizadoras. Confiamos mais ainda na resistência do povo de São Luís.
AQUI NÃO! AQUI NUNCA!
Blog do John Cutrim