Do Opera Mundi - Indicado por Olavo de Carvalho para assumir a chancelaria brasileira, as práticas e pensamentos do ministro das Relações Exteriores do governo Bolsonaro, Ernesto Araújo, marcam uma ruptura no histórico da diplomacia brasileira, além de possuir contradições e serem conduzidas por teorias da conspiração. É o que diz uma reportagem publicada nesta segunda-feira (26/02) pela revista norte-americana Jacobin, que expõe os problemas lógicos das crenças de Araújo, além de classificar o ministro como "o pior diplomata do mundo".
De acordo com a revista, o chanceler brasileiro é "um ávido discípulo de Olavo de Carvalho, o pseudointelectual, guru da extrema direita do Brasil, que veiculou por décadas as conspirações que ajudaram na ascensão de Bolsonaro".
Araújo é um defensor das ideias do escritor, como uma "definição elástica de comunismo" e um pânico do "marxismo cultural", uma teoria da conspiração que sugere que líderes da esquerda possuem controle sobre "todos os aspectos do pensamento na sociedade moderna".
A Jacobin, que tem linha editorial 'à esquerda, ainda aponta para as palavras do ministro a respeito de Carvalho, elogiando o escritor por ter sido "a primeira pessoa do mundo [...] a usar a palavra 'comunismo' para descrever a estratégia do PT", enquanto o mundo todo pensava que isso "havia morrido com a União Soviética".
Segundo o periódico, Araújo uniu o combate ao comunismo e a postura "antiglobalista" com o comprometimento incondicional com os Estados Unidos, em uma "onda transnacional reacionária" que mudou a forma como se fazia diplomacia no Brasil.
Por apostar em uma parceira exclusiva com os EUA e desconsiderar outros parceiros comerciais importantes para o Brasil, como Rússia e China, o chanceler brasileiro recebeu críticas da revista neoliberal The Economist e do jornal New York Times.
"O que ele irá fazer, por exemplo, se Trump não se reeleger em 2020? As relações que o Brasil rejeita hoje poderiam facilmente transformar o país em um pária amanhã", afirma a reportagem da Jacobin.
Além disso, destaca o periódico, "Araújo pode ver uma luta civilizacional compartilhada que coloca o Brasil ao lado dos Estados Unidos, mas os presidentes americanos nunca trataram a maior nação da América Latina como um parceiro igual".
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