
Por João Batista Rodrigues De Andrade/Advogado
Já dissera há mais de 40 anos que a civilização caminhava para o fim. Todos os dias episódios me levam a crer nesta assertiva maluca, mas bem provável. E não vamos para o apocalipse porque o apóstolo João predisse. Também não tem esta história de bestas e de Nostradamus. Vamos porque estamos plantando ricas sementes de destruição. O homem é o centro de inteligência da nossa Galáxia, mas arderá em chamas em bem menos que mil anos, e nem com o transcurso desse tempo chegaremos a outra Galáxia, isto é, na confortabilidade de eventual Planeta fresco. Esqueçamos Marte (que é nosso vizinho), porque nem sabemos que minhocas vivem por lá. É plausível que já tenham estado por lá quando havia água... mas agora, não. O solo marciano é inóspito e a vida, gelada demais, não é para humanos.
Bem, dito isto... mais como um assopro de decrepitude que de profetização, o fato é que simples gestos e atos do cotidiano têm me mostrado que a cegueira humana se alastra pela civilização inteira desde o fiat do homem na terra, e de lá até nossos dias são quatro milhões de anos... sempre num crescente de destruição: ora para sanear, ora para plantar, ora para criar, ora para dejetar; seja lá como for, melhor sorte tiveram os dinossauros que não vivem os nossos dias para não se engasgarem com as nossas geringonças férreas ou mesmo plásticas, como estão a sentir os ursos polares e a fauna marítima.
A primeira Revolução Agrícola é culpada por um bocado de erros da humanidade, mas aqueles sapiens nem tinham consciência disso, mas nós temos. E dai? Daí é que fabricamos neném de proveta, fazemos sexo pela internet, outrora reduzíamos os peitos, e agora os aumentamos, e haja sutiãs cavalares. Nos falamos por zap e mandamos beijos e abraços para quem nunca vamos beijar nem abraçar... e ainda há quem, na hora do adeus, sem pejo algum, diga: “beijos, me liga!”
Hoje ao andar pelo centro velho da cidade vi uma senhora decrépita portando dois ou três panos de prato por sobre o braço, em exposição para venda. Na volta pelo mesmo lugar eu a vi novamente, mas noutra esquina, lá estava ela com os mesmos panos. Ninguém os havia comprado. Pus-me a pensar sobre o quanto uma idosa de derradeira sobrevida poderia ganhar com a venda daqueles parcos panos... e não só isso: já não é tempo de viver assim, mas a senhora, por certo, arrisca a ganhar algum trocado, ao menos para enganar a fome, ou mesmo para dar uma balinha a um bisneto ou afim. Esta é a pólis, ou, aliás, ou o que sobrou dela. Não há humanidade nem dignidade. No fundo e no fim penso que estamos no caldeirão social e cada um tem por flâmula o “salve-se quem puder”.
A Copa do Mundo reuniu diversas tribos para proporcionar à humanidade não só divertimento, mas para apontar um vencedor! Assim estamos dando continuidade ao esporte dos mais remotos ascendentes: impor, sobrepor, vencer, ou como se diz no vulgo da plebe rude e ignara: detonar!
Pois é, mas há um componente bem esquisito nesse seara de nações, a figura do imigrante, hoje tão em voga na Europa, mas não porque chegam, mas porque não devem chegar. Países os recusam aos montes, como se fossem manadas de zibelinas ou de gado pé-duro. Todavia, países há que os adotam para servirem no esporte, como os gladiadores de outrora: núbio, trácio, bitínio etc. Veja-se a exemplo, a França (cuja a seleção de futebol) com 78% de originários de imigrantes, claro, a maior parte de suas ex-colônias. Paradoxal, diria o intelectual. E assim vamos: Vive la république, vive la liberté! Ah, só para terminar: liberdade e igualdade não cabem no mesmo prato, mas servem de pano para muitas lutas!
Para I.L.
SP, 16/7/2018, 20h58.