Os invernos de Tuntum


Por Emerson Araújo

Com  o advento das primeiras chuvas, neste Janeiro de 2018, em Tuntum, me veio as boas lembranças da  infância quando aportava por aqui em época de férias. O meu destino final, neste período,  sempre foi a Rua São Raimundo com suas poucas casas, mas de uma intensidade de convivência entre vizinhos como eu jamais vi por aqui depois.

Tuntum nunca foi uma foto de parede, uma lembrança longínqua, um papa da memória sem importância por onde residi depois, Floriano, Oeiras, Picos, Recife, Brasília, Teresina e depois Teresina a vida toda. Na verdade meu rincão sempre esteve em todas as minhas ações humanas e espirituais por onde passei. A prova disso ficou  marcada na época das primeiras chuvas nas outras cidades onde morei, quando a imagem da Rua São Raimundo encravada sempre  nas veias do coração modulavam ausências e vontade de voltar sempre ao meu Tuntum, diga-se de antemão.

Agora, as primeiras chuvas deste Janeiro/2018, confirmam algo que sempre soube, o meu amor por Tuntum sempre incondicional ao longo da vida,  mesmo reconhecendo, ainda, as suas debilidades em todas as áreas, mesmo encontrando uma parcela considerável do meu povo amargando pobreza nos umbrais, mesmo me deparando com dezenas de jovens migrando para o Oeste do país atrás do sonho do primeiro emprego e da necessidade do primeiro salário para a sobrevivência que eles não encontraram por aqui. 

Tuntum deve resistir neste frescor das primeiras chuvas, no meu sentimento de solidariedade ao povo sofrido e, até mesmo, nas falas desprovidas de esperanças que chegam cotidianamente via reclamações a favor de dias melhores para todos/todas com urgência. 

Que chova bastante no início, deste Janeiro/2018, em Tuntum, que a chuva serôdia que se aproxima agora não seja apenas crônica envergonhada, mas firme convicção  de que a  minha cidade será exemplo de convivência frutífera entre seus vizinhos nos próximos dias, meses e anos.