Eleições no Nordeste impõem derrotas a Renan e Sarney em seus redutos

Pedro Ladeira/Folhapress

O ex-presidente José Sarney (PMDB) e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB), dois importantes caciques políticos nordestinos, saem derrotados, respectivamente, das eleições em São Luís e Maceió.

Na capital do Maranhão, tanto o prefeito reeleito, Edivaldo Holanda Júnior (PDT), quanto o adversário Eduardo Braide (PMN) se recusaram a receber apoio da família Sarney, hoje rejeitada por parte da população de São Luís. 

"Ninguém queria a família Sarney. O PMDB e a família Sarney apoiaram a candidatura do Eduardo Braide. Foi uma consolidação da vitória do [governador Flávio] Dino, com o governo do Estado e a prefeitura da capital contra a família Sarney. Pela primeira vez, você tem a consolidação de uma força antifamília Sarney", observou o cientista político Vanuccio Pimentel.

Dois anos após perder o governo do Maranhão para Flávio Dino (PC do B), o grupo político do ex-presidente chegou às eleições municipais dividido entre os quatro principais candidatos à Prefeitura de São Luís. Sem um nome competitivo para disputar as eleições na capital, o grupo do ex-presidente viu o PMDB lançar a candidatura do vereador Fábio Câmara à revelia de caciques do partido, como a ex-governadora Roseana Sarney e o senador Edison Lobão. O candidato não chegou ao segundo turno.

Alagoas 

Já na capital alagoana, o tucano Rui Palmeira derrotou o deputado federal Cícero Almeida (PMDB), seu antecessor no cargo e candidato apoiado pelo filho do presidente do Senado, Renan Calheiros, o governador de Alagoas, Renan Filho.

"Renan Filho provavelmente vai ter um adversário forte no futuro. O Rui [Palmeira] já teve uma primeira vitória com votação expressiva e derrotou o Cícero Almeida que foi um prefeito muito bem avaliado, prefeito por duas vezes de Maceió. Há um projeto de renovação política com dois novos líderes políticos bastante jovens: Renan Filho e Rui Palmeira", afirma Pimentel.

Para o jornalista Jamildo Melo, uma possível candidatura de Rui Palmeira ao governo pode atrapalhar os planos de Renan. "Possivelmente Rui Palmeira pode sair candidato ao governo do Estado e trombar com o Renan Filho. O Renan [pai] também tem os problemas com a Lava Jato e pode chegar muito fragilizado em 2018."

Investigado em nove inquéritos no STF ligados à operação Lava Jato e envolvido em polêmicas com o Poder Judiciário, Renan também deve enfrentar dificuldades para manter seu mandato no Senado em 2018, pois perdeu importantes aliados durante a campanha municipal, a exemplo do ex-governador Ronaldo Lessa (PDT).

Uol