Como o tempo oscilante do inverno, alternando frio e calor na mesma semana, nesta nossa terra ciclotímica e vagotônica, vamos da fossa à euforia de um dia para outro, balançando ao sabor dos ventos.
Na belíssima e comovente festa de abertura da Olimpíada do Rio, sexta-feira, no Maracanã, demonstramos nossa capacidade de superação diante das dificuldades, oferecendo um raro espetáculo de talento, criatividade, beleza e emoção, que o mundo todo aplaudiu. Por algumas horas, recuperamos a auto-estima perdida e o orgulho de sermos brasileiros. No dia seguinte, vibramos com a vitória das meninas do futebol, na goleada por 5 a 1 contra a Suécia.
E amanhecemos no maior baixo astral nesta segunda-feira, depois de mais um vexame da nossa seleção de futebol masculino, que em dois jogos ainda não conseguiu marcar nenhum gol. No quadro de medalhas, estamos no 20º lugar, atrás do Cazaquistão (ganhamos até agora apenas uma de prata, no tiro).
Entre vitórias e derrotas na Olimpíada, narradores se esgoelam na televisão tentando manter o clima de festa da abertura, que aos poucos vai se desfazendo, na dura realidade das competições esportivas, mas não é só dentro das arenas que o Brasil balança.
No mundo da vida real, continuamos acompanhando perplexos as novelas do impeachment de Dilma, da cassação do Cunha e das delações da Lava Jato, que entram e saem do noticiário como assombrações, e prometem novos capítulos emocionantes para esta semana.
Nunca foi tão lembrada a definição de Nelson Rodrigues sobre nosso complexo de vira-lata, na convivência neurótica com a mania de grandeza de um eterno país do futuro, que ameaça, mas nunca chega lá.
Não sei se vocês repararam na expressão dos jogadores de Brasil e Iraque no momento em que eram executados os respectivos hinos nacionais. Os iraquianos lembravam guerreiros com a faca na boca, com a cara de mau de quem está pronto para matar ou morrer, enquanto nossos atletas pareciam assustados sobreviventes de um acidente ferroviário, contrariados por estar ali tendo que cumprir mais um compromisso na Olimpíada.
Daqui a duas semanas, a distração da Rio-2016 acaba, e vamos ter que nos defrontar com a dura decisão da disputa entre uma presidente afastada e um presidente interino, sem que nenhum dos dois inspire confiança e mostre capacidade para comandar o País em meio à tempestade. Tanto faz o número de medalhas que vamos conquistar. Voamos rumo ao desconhecido num mambembe 14 Bis perdido no espaço.
Blog Balaio do Kotscho