Faço, estudo e lido com jornalismo há 60 anos.
Vi o ofício prometer modernidade e, triturado aos poucos, retornar aos mais lamentáveis parâmetros antigos de parcialidade e empáfia.
Ou se muda a estrutura da mídia brasileira ou não teremos jamais democracia: fatos recentes atestam a obviedade disso aí.
Mas é preciso reformatar o jornalista brasileiro. Torná-lo autor – senhor e responsável pelo que escreve, produz ou edita, não inteligência alugada pelo imbecil-e-corrupto-patrão que molda a realidade a seu gosto porque tem dinheiro-poder-cacife para garantir a própria impunidade e a de seus agentes.
Em lugar e lhes ensinarem uma teoria inaplicável, dotá-los de visão idílica do mundo, jornalistas precisam aprender a concretizar seus sonhos e fazer jornalismo de verdade, não serem feitos pelo simulacro de jornalismo que está aí.
Assim, buscar honestamente a verdade sem prejuízo das próprias convicções.
Ginecologistas não são eunucos, advogados de criminosos não são criminosos e comandantes de exércitos ferozes podem ser doces criaturas.
A profissão é uma segunda personalidade, um papel social que se assume e passa a significar compromisso, imagem externa e armadura, como um alter ego.
O jornalista precisa dominar seus recursos técnicos, o que, além das linguagens, inclui coleta e processamento de dados no mundo real e no mundo virtual, estatística e noção de valores, gestão de sistemas de comunicação e do contexto econômico em que os veículos atuam.
Assumir uma atitude e ter visão básica do mundo social. Um tanto de desconfiança, outro de distanciamento-e-paixão. O resto a profissão, o estudo pessoal, a experiência ensinam.
O jornalismo se pratica em qualquer lugar em que se produzam informações para consumo público.
Jornalistas não devem ser próceres nem cínicos e jamais podem ser marionetes.