Em entrevista exclusiva ao 247, o senador Roberto Requião (PMDB-PR), agora presidenciável, afirma que o combate à corrupção que se instalou no País não pode servir de pretexto para a destruição de um projeto nacional de desenvolvimento; "O ódio ao PT está sendo utilizado como um instrumento de liquidação de um projeto nacional", afirma; entre os resultados desta ação, por exemplo, está a quebra de grande construtoras nacionais e da indústria naval, que já demitiu mais de 10 mil trabalhadores; Requião cita projetos que pretendem dar independência total do Banco Central, de privatização de estatais e de leis que precarizam as relações de trabalho como exemplos de investida política liberal; "O que estamos propondo é uma aliança do capital produtivo e do trabalho contra o liberalismo econômico", afirma
Por Aquiles Lins, 247 - O senador Roberto Requião (PMDB-PR) afirmou nesta terça-feira, 9, ao 247, que o combate à corrupção que se instalou no País a partir da Operação Lava Jato está sendo utilizado pela oposição e por setores ligados ao poder econômico para retirar conquistas de desenvolvimento que o Brasil obteve nas últimas décadas.
"O ódio ao PT está sendo utilizado como um instrumento de liquidação de um projeto nacional", afirma. Esse projeto de destruição está diretamente relacionado à quebradeira das construtoras brasileiras, atingidas em cheio pelas implicações da Lava Jato, assim como a indústria naval, que já demitiu mais de 10 mil trabalhadores.
Requião lembra também que, no esteio da crise, em grande parte provocada pelo combate à corrupção, estão sendo apresentados projetos que darão ainda mais poder ao capital financeiro, em detrimento do estímulo ao trabalho. Entre eles estão o que pretende dar independência total do Banco Central, defendido pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de privatização de estatais que ameaça um patrimônio de R$ 4,5 trilhões, proposto pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), e de leis que precarizam as relações de trabalho. "O que estamos propondo é uma aliança do capital produtivo e do trabalho contra o liberalismo econômico", afirma.
Segundo Requião, o projeto que ele está pondo ao debate pretende frear a onda de ações pautadas no liberalismo, que estão indo na onda da crise. Para ele, as denúncias envolvendo o PT estão sendo utilizadas para se conseguir uma espécie de "autorização da população" para retirar ainda mais direitos dos trabalhadores. "É evidente que ninguém se opõe à prisão de corruptos. Mas está se utilizando esse fato para se conseguir uma indulgência, uma autorização da população para destruir um projeto de desenvolvimento nacional", afirmou.
O senador do PMDB criticou a "seletividade" nas investigações de corrupção no Brasil. Embora apoie a investigação e o combate aos agentes que praticarem ilícitos, ele lembra que há diversos indícios envolvendo o PSDB e outros partidos de oposição ao governo que não estão recebendo a mesma atenção do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Como exemplo, ele citou as denúncias envolvendo Furnas Centrais Elétricas, recentemente relembrada pelo lobista Fernando Moura, que apontou o senador Aécio Neves (PSDB) como beneficiário de um terço da arrecadação de propina na estatal, e os casos envolvendo o governo do tucano Beto Richa (PSDB) no Paraná.
"Tem que haver uma resistência à destruição de um projeto nacional", finaliza.