“Como garantir que a mudança não seja apenas a mudança dos políticos, mas a mudança para o povo, das condições de vida”, refletiu Flávio Dino, governador eleito pelo PCdoB, no Maranhão, em entrevista à Rede Brasil Atual, publicada neste sábado (6).
Ao longo da entrevista, o governador comunista afirmou que “a questão de essência é essa. A desigualdade profunda que faz com que um estado com tantas potencialidades naturais, culturais e econômicas não consiga realizá-las a ponto de garantir qualidade de vida para o povo. Esse é o desafio número um: como garantir que a mudança não seja apenas a mudança dos políticos, mas a mudança para o povo, das condições de vida”.
Segundo ele, “a questão mais relevante é a alavancagem de investimentos públicos e privados que garantam crescimento, acompanhado de políticas sociais que assegurem serviços públicos universais, e melhorar a posição do Maranhão no que se refere ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) que, dependendo do atributo, sempre oscila entre as três últimas colocações do país, alternando com Piauí e Alagoas”.
Finanças
Sobre as finanças, Dino destacou que quando comparado a outros estados, as condições são favoráveis. “O problema na transição é que há uma conspiração permanente para piorar a situação fiscal. Ideias que nunca haviam sido apresentadas nas últimas décadas, de repente surgiram. Conseguimos judicialmente impedir uma licitação que iria terceirizar o presídio de Pedrinhas, produzindo gasto mensal por preso na ordem de R$ 8 mil, três vezes mais do que a média nacional. Compensaria mais investir diretamente nas famílias dos presos do que mantê-los em um sistema dominado pelo crime organizado, a ponto de terem, hoje, as chaves das suas próprias celas. Estamos o tempo todo tentando desativar essas tentativas”.
Mídia na oposição
Sobre a concentração dos meios de comunicação, Flávio Dino lembrou que essa situação é antiga. “Essa assimetria de meios, não só no que se refere à mídia, como ao poder econômico. Enfrentamos uma espécie de poder total, que tem múltiplos tentáculos. O importante é identificar isso como um obstáculo e ter as ações corretas para superá-lo. E a ação correta, no plano estadual, é avançar em mecanismos que democratizem a circulação de informações”.
Para tanto, Dino dstacou que é preciso pensar em uma projeto de reestruturação do sistema público de comunicação. “É possível, a partir de uma emissora pública de rádio, melhorar as condições de pluralidade na circulação de ideias na sociedade. Apoiar jornais regionais, pequenos jornais, blogs regionais e investir muito na extensão do acesso à internet, à banda larga, que é também um caminho para você diminuir essa assimetria absoluta, na medida em que eu não sou dono nem de rádio, nem de TV, nem de jornal, e não serei”.
Conjuntura
No que se refere à conjuntura política e os caminhos que se desenham, o governador eleito destacou que “dificuldades agudas se avizinham, independentemente dessa questão do personagem a, b, ou c. Como disse há pouco, esse mundo político institucional vai viver um terremoto nos próximos meses, então é natural que a presidenta Dilma vai estar cotidianamente posta diante de novos desafios, mas superáveis. Discordo profundamente de leituras catastrofistas de que o fim do mundo se avizinha”.
Reforma Política
Ao falar sobre a Reforma Política, Dino voltou a defender que o tema principal é o financiamento de campanha. “Enfrentar essa questão da subordinação do poder político ao mundo econômico-financeiro, nada é mais importante do que isso. Porque o sistema atual é uma usina de ficha suja”.
Segundo ele, “a questão principal é quem paga a conta da democracia. É a questão mais aguda no mundo, onde há eleições com características como as nossas. Um sistema que, de algum modo, dá maior peso ao financiamento público, me parece mais adequado”.
Da Redação
Com informações da Rede Brasil Atual