Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus,
de todo o teu coração, de toda a tua alma
e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhante a este, é:
Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Mateus 22:37-39
Mateus 22:39, após revelar o primeiro Mandamento que é amar a Deus acima de tudo diz: “O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. O que Jesus fez foi resumir com estas palavras e por meio de sua vida que a Lei baseia-se no amor, a partir do qual, a obediência é uma expressão consciente e voluntária. O apóstolo Paulo afirmou : “... sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor. Porque toda a lei se cumpre em um só preceito, a saber: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Gl. 5:13-14); e: “Levai as cargas uns dos outros e, assim, cumprireis a lei de Cristo” (Gl. 6:2). Deste modo entendemos que todos os Mandamentos baseiam-se e resumem-se em relacionamento segundo a lei pelo amor e não o contrário (amor pela lei) como as seitas da época de Jesus e da nossa entendem e praticam o legalismo.
Norman Geisler diz que “O amor cristão é um amor que dá. O amor cristão não é, nem o amor romântico (erótico), nem o amor-amizade (fílico). O amor cristão é um amor sacrificial (agápico)” (Ética Cristã, p.47). O entendimento deste amor (agápico) é que ele é uma atitude deliberada, não um sentimento. É uma escolha e não uma vontade. É uma doação e não uma intenção. É imediato e não mediato. É previsto e não imprevisto. É voluntário e não forçado. O amor erótico pensa somente em si mesmo, não se importa com o outro senão em satisfazer-se prioritariamente. É neste sentido que compreendemos o amor erótico como egoísta, solitário e instável. O amor-amizade baseia-se em reciprocidade, em dar enquanto recebe, uma fallha de um dos lados pode comprometer toda a relação. Mas o amor sacrificial contempla o bem no outro sem expectativa de receber algum benefício. Este amor é utópico para o mundo porque ele não se importa com nada mais além de doar pelo bem que fará.
Nos amamos, naturalmente, por causa de nós mesmos. No fundo, temos a convicção de que nossa importância é uma norma e nossos interesses uma prioridade, mesmo quando entramos em conflito com a importância de Deus e o interesse do nosso próximo. Na realidade, nascemos sob o pecado de crer em nós como superiores. Esta é a razão de tantos dilemas em nossa sociedade como corrupção financeira, fraude institucioinal, exploração da inocência alheia, desprezo da necessidade dos pobres, falta de humildade, etc, quando nos dedicamos com todo o nosso coração, toda a nossa alma, e todo o nosso entendimento para criar circustâncias de satisfação, segurança e honra em torno de nós mesmos. Segundo o paradigma de “amar a Deus” (“semelhantemente”), amar o próximo deve ser uma atitude além de si mesmo. A Bíblia não ensina deixar de nos amar (“como a ti mesmo”) para fazer o bem ao outro (Mt. 7:12), mas que isto deve ser o resultado de amar a Deus acima de tudo e todos. Sem relacionamento autêntico com Deus e compreensão bíblica do que é amar, amar o próximo poderá se tornar apenas um credo ou apenas obras sociais para justificar alguma acusação na consciência religiosa. O amor genuíno exige que façamos o bem ao próximo por amor a Deus acima de tudo, sem interesse de receber alguma recompensa da pessoa beneficiada (Mt. 6:1-4), somente de Deus ao obedecê-Lo segundo a lei pelo o amor.
Ericson Martins