Povoado do PI entra em pânico após matança e nova ameaça de assassino



Folha de São Paulo/PI

Um povoado de 200 pessoas vive clima de terror e insegurança no interior do Piauí, após chacina que deixou cinco moradores mortos – entre eles um avô e neto.

O crime ocorreu nesta quinta-feira (30) no município de São Miguel do Tapuio, a 227 km de Teresina. Segundo relato de moradores, um rapaz de 34 anos teve um surto e iniciou a matança ao disparar cinco tiros contra a sua mulher, a primeira das vítimas.

Todos foram assassinados à queima-roupa, no horário do almoço, em um raio de menos de 500 metros, no povoado Palmeira de Cima, a 42 km da sede do município.

A Folha esteve no local horas depois da chacina. O clima era de medo e desolação entre os moradores. Segundo relatos, o assassino escolheu as vítimas uma a uma, fugiu em seguida e prometeu retornar para uma nova matança.

O trabalhador rural Arlindo Rodrigues Sousa, 68, disse que o temor no povoado é que ele cumpra a promessa de voltar para "terminar o serviço". "Estamos com muito medo. Ele é uma pessoa perigosa e está armado. Prometeu voltar para terminar o serviço."

Na fuga, o suspeito levou uma pistola ponto 40, de uso restrito da policia, e um revólver calibre 38.

O assassino, identificado como Clewilson Vieira Matos, era casado havia 18 anos com a agente de saúde Maria Moreira do Nascimento, 35, que tinha dois filhos, um de 14 e outro de 17 anos.

Entre os mortos, estão o professor de informática Roberto Crisóstomo, 50, e o comerciante Cláudio de Oliveira, 43, além do avô e o neto Juvêncio dos Reis da Silva, 65, e Sidney Tavares Silva, 18, respectivamente.

O delegado da cidade, Laércio Evangelista, disse que o surto teria ocorrido após o assassino tomar conhecimento de um abaixo-assinado feito pelos moradores para expulsá-lo da comunidade.

"Ele era uma pessoa temida na região, que vivia com arma de fogo, ameaçando moradores e soube do abaixo-assinado. Isso poderia ter causado um surto com alucinações que levou às mortes", disse o delegado, ressaltando que o suspeito responde na Justiça por crime de tráfico.

O coordenador de operação do Grupamento Tático Aéreo Policial, Josuer Saraiva e Silva, acredita que o assassino "surtou" após consumir drogas. "Ele só não matou mais gente porque a arma falhou. Ele estava sob o efeito de drogas, pelos relatos das testemunhas", disse.

O sogro de Matos, João Bento do Nascimento, 59, disse, no entanto, que o genro não tinha histórico de transtornos mentais e que ele nunca soube de agressões anteriores contra sua filha. "Isso é que nos causa surpresa. Ele era até ontem um marido e pai exemplar", afirmou.

Cerca de 30 policiais estão no povoado reforçando a segurança da região. Um helicóptero e a força tática da Polícia Militar ajudam a procurar o assassino.