Reflexão Bíblica: UMA CRUZ PARA MIM (I)


ELIAS MUNIZ DE DEUS

Havia um homem que andava atribulado e sofria muito por causa da sua cruz, era uma cruz de madeira simples, sem estilo ou qualquer outro arranjo que lhe diferenciasse, mas ele não entendia por que; não sendo grande e nem de madeira pesada aquela cruz lhe causava tanto desconforto, porque pesava tanto? Todos os dias saia ele com aquela cruz ao ombro e mal começava andar a opressão o tomava, o fôlego faltava, os ombros doíam e o corpo todo arqueava sob o peso descomunal daquela cruz. Gemendo e reclamando de sua infelicidade ele parava a caminhada e ficava olhando para os amigos, os conhecidos de sua rua e todos que passavam por ele, cada um levando cruzes maiores sem gemidos sem qualquer expressão de cansaço ou desfalecimento. Ele então perguntava aos passantes se eles não queriam trocar suas cruzes pela sua, mas, ninguém lhe dava atenção, até que alguém lhe disse: Porque você não vai ao carpinteiro? Talvez ele resolva o seu problema! Ele foi e lá no carpinteiro ele deu suas explicações, queixou-se do tamanho, do peso e do formato da cruz que penosamente tentava carregar e não conseguia. O carpinteiro, porém, ouvia tudo sem nada questionar ao visitante, e muito calmo deixou que ele derramasse todo o seu desabafo e frustração. 

Depois de um breve silêncio o carpinteiro então abriu- lhe uma porta disse venha! 

Veja neste depósito de cruzes qual delas mais lhe agrada, deixe a sua e siga o seu caminho com aquela que melhor lhe parecer ou agradar. Cuidadosamente e cheio de esperanças o homem pôs se a experimentar as cruzes, grandes e pequenas, cruzes robustas, cruzes delgadas e singelas, cruzes com adereços e outras não, experimentava e logo descobria um peso, um desconforto, um inconveniente. E assim depois de tantas provas frustradas em sem expectativa de achar uma cruz especial perguntou ao carpinteiro se não tinha mais cruzes, ao que ele respondeu sorrindo, há uma só, uma que alguém abandonou junto à porta, mas que ele podia experimentá-la. Ele então avistou uma que separada das demais, não lhe parecia ser o que procurava, não lhe agradava aos olhos, parecia tosca demais para o seu bom gosto, mas, por falta de opção ele a tomou, colocou-a sobre os ombros e sentiu que ela parecia ajustar-se à sua envergadura, deu alguns passos e percebeu que o tamanho dela correspondia à sua estatura e não lhe impedia de caminhar, por fim abaixou, levantou, trocou de ombros e aquela cruz em tudo correspondia, e tinha as medidas certas para ser carregada dali em diante. 

Convencido o homem chamou o carpinteiro e comunicou que havia encontrado a cruz ideal para a sua jornada, ao que o carpinteiro assentiu para que a tomasse e seguisse o seu caminho. Saindo com a cruz que escolhera o homem parecia satisfeito e bem a vontade agradecia por haver o carpinteiro aceito ficar com a velha e pesada cruz que era sua. Ao que o carpinteiro lhe disse: Amigo não tem porque agradecer-me, a cruz que tens sobre os ombros e que te parece ser agora mais leve e menos pesada não é outra, é a mesma que trouxeste, é a tua cruz, pensaste haver trocado, mas, por fim escolheste esta porque ela somente ela pertence-te a ti. Segue o teu caminho, vai em paz. 

“Então, disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se NEGUE, tome a sua CRUZ e siga-me” (Mt. 16, 24). 

ELIAS MUNIZ DE DEUS
Acadêmico de Teologia da FATEPI 
E membro da ICE PENIEL em Teresina (PI)