247 - Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) nesta quinta-feira (28) expôs a violência atribuída às Forças de Segurança de Israel na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, desde o início do conflito com o grupo plalestino Hamas, no dia 7 de outubro. Segundo a coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL, "o relatório pede o fim imediato do uso de armas e meios militares durante as operações de aplicação da lei, o fim da detenção arbitrária e dos maus-tratos aos palestinos e o fim das restrições discriminatórias de movimento".
Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, a ONU registrou 300 mortes de palestinos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental, área que não é controlada pelo Hamas. As Forças de Segurança de Israel são responsáveis por pelo menos 291 dessas mortes, enquanto colonos mataram oito e uma morte foi atribuída a ações das Forças de Segurança ou colonos. Antes dessa data, 200 palestinos já haviam perdido a vida em 2023, marcando o maior número de mortes em um período de dez meses desde 2005.
Ainda segundo Chade, o relatório destaca que, a partir de 7 de outubro, as autoridades israelenses impuseram restrições rigorosas ao movimento palestino na Cisjordânia, incluindo o fechamento de entradas de vilarejos e desconexão de estradas principais. Isso resultou em uma série de ataques aéreos, incursões de veículos blindados e escavadeiras em áreas densamente povoadas, causando mortes, ferimentos e danos extensos a objetos e infraestrutura civis.
O documento revela preocupações sérias sobre a detenção de palestinos, incluindo jornalistas, com alegações de tratamento brutal. Mais de 4.700 palestinos foram presos, alguns submetidos a atos de violência, insultos e, em alguns casos, violência sexual e de gênero. Fotos e vídeos publicados por soldados israelenses retratam abusos, degradação e humilhação de palestinos presos, levantando questionamentos sobre a conduta das forças israelenses. "Alguns foram despidos, vendados e mantidos presos por longas horas com algemas e com as pernas amarradas, enquanto os soldados israelenses pisavam em suas cabeças e costas, eram cuspidos, jogados contra paredes, ameaçados, insultados, humilhados e, em alguns casos, submetidos à violência sexual e de gênero", denuncia a ONU.
O relatório também destaca um aumento acentuado nos ataques de colonos, com uma média de seis incidentes por dia, incluindo tiroteios, incêndios criminosos, saques e derrubada de oliveiras, árvores que constituem uma das fontes de renda da população palestina. Alguns desses colonos estavam acompanhados pelas forças israelenses, conforme documentado pela ONU.
"A desumanização dos palestinos que caracteriza muitas das ações dos colonos é muito perturbadora e deve cessar imediatamente. As autoridades israelenses devem censurar e impedir com veemência a violência dos colonos e processar tanto seus instigadores quanto seus perpetradores", disse o Alto Comissário da ONU para Direitos Humanos, Volker Türk.
"Peço a Israel que tome medidas imediatas, claras e eficazes para pôr fim à violência dos colonos contra a população palestina, para investigar todos os incidentes de violência por parte dos colonos e das Forças de Segurança de Israel, para garantir a proteção efetiva das comunidades palestinas contra qualquer forma de transferência forçada e para garantir a capacidade das comunidades de pastores deslocadas devido a repetidos ataques de colonos armados de retornar às suas terras", ressaltou Turk.