Lideranças de peso das forças progressistas brasileiras, núcleo de uma frente ampla democrática, manifestaram-se nesta segunda-feira (1), com um artigo assertivo, taxativo, na Folha de S. Paulo para não deixar dúvida quanto ao golpe de 1964: foi um golpe de Estado, implantou uma ditadura e os militares escreveram "páginas de horror" entre 1964 e 1985. O artigo é assinado por Fernando Haddad, Guilherme Boulos, Sônia Guajajara, Flávio Dino e Ricardo Coutinho.
Fernando Haddad foi o candidato do PT à Presidência da República em 2018; Guilherme Boulos, foi candidato do PSOL à Presidência da República em 2018 e a líder indígena Sônia Guajajara, sua companheira de chapa; Flávio Dino (PCdoB), é governador do Maranhão; Ricardo Coutinho (PSB) foi governador da Paraíba, entre 2011 e 2018. Ele não usaram de meias meias-palavras no artigo: "O que se seguiu ao golpe perpetrado há 55 anos está fartamente documentado: torturas, desaparecimento de pessoas, censura a artistas e intelectuais. A repressão descarada, as Obans, os Doi-Codis, as valas comuns no cemitério de Perus e em tantos outros em todo o país. O empoderamento dos esbirros nos Dops. A prepotência e as muitas cassações arbitrárias: mandatos parlamentares, professores universitários, ministros do Supremo Tribunal Federal. Cassaram o sagrado direito de pensar diferente e a liberdade de expressão. E puniram quem se insubordinasse a esta ordem".
Os autores disseram que o golpe militar "rasgou a Constituição de 1946" e rememoraram as aflições econômicas pelas quais passou a população brasileira durante o regime militar.
Os cinco autores a tentativa do governo Bolsonaro de comemorar o golpe, assinalando que "nenhum outro país do nosso continente, que também passou pelo mesmo processo histórico, aceita discutir qualquer aspecto de comemoração ou rememoração de suas ditaduras militares". [...] "Não há o que comemorar ou rememorar", acentuaram.
O artigo critica duramente o "desgoverno" de Jair Bolsonaro, "que rapidamente se esgota", condena suas políticas internas e externa; faz a defesa da atividade política democrática e um chamado à luta pelo Estado democrático de direito.
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