MERCADANTE: EDUCAÇÃO SERÁ TRATADA COM FUNDAMENTALISMO

247 - Obscurantismo, perseguição à liberdade de cátedra, com altas doses de fundamentalismo. Este é o cenário descrito pelo ex-ministro Aloizio Mercadante ao analisar a nomeação do antimarxista Ricardo Vélez Rodríguez para o ministério da Educação, professor ligado ao exército e indicado por Olavo de Carvalho, espécie de "guru" do governo Bolsonaro. Em análise à TV 247, Mercadante também afirma que "o governo eleito já sinaliza que irá ignorar os indicadores e metas educacionais, baseando-se em discursos conservadores e pautas comportamentais".

Para falar sobre o tema do desmonte da educação, Mercadante recebeu como convidados no programa Brasil Primeiro o ex-secretário de Educação Básica do MEC e ex-secretário de Educação do Município de São Paulo César Callegari e o ex-reitor da Universidade Federal do Ceará Jesualdo Farias.


Callegari diz estar "preocupado" com o descompromisso de Bolsonaro com a educação. "O futuro governo ignora o Plano Nacional de Educação (PNE) e se prende às demandas comportamentais conservadoras, perseguindo a liberdade de expressão dos professores", critica.

Mercadante aponta que toda a reflexão do ministro eleito "não tem proximidade alguma com a educação" e "que ele chega para dividir e não somar".

"O ministério da Educação será marcado pelo obscurantismo e fundamentalismo, perseguição ao marxismo cultural e pautas comportamentais. Não existe compromisso algum desse governo em sanar os desafios da educação", argumenta Mercadante.

Jesualdo Farias salienta que "está em desconstrução um projeto de democratização e expansão da educação que ganhou força durante os governos do PT".

Lei da mordaça 

Apesar de o Projeto de Lei da Escola sem Partido ter sido arquivado na Câmara nesta semana, Bolsonaro é um ativo defensor da proposta e já sinalizou que não irá medir esforços para combater o que ele "chama de ideologia de gênero nas escolas", que, na verdade, nada mais é que uma cortina de fumaça para perseguir professores em sala de aula. 

Como forma de resistência contra a perseguição dos docentes, Mercadante destaca o recém-lançado "manual de defesa contra a censura na sala de aula", organizado por mais de 60 entidades atuantes na educação. 

O manual está estruturado em torno de 11 casos reais envolvendo perseguições, intimidações e assédio a professores e/ou escolas. A partir deles são oferecidas estratégias político-pedagógicas e jurídicas para enfrentar ofensas similares. O material privilegia o enfrentamento político-pedagógico dos problemas em vez de soluções judiciais individualizadas. 

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