Por Ariovaldo Ramos/Pastor Evangélico
Raul Seixas, de saudosa memória, compôs uma poesia que continha frase que ficou famosa: “eu devia estar contente”!
Eu sou religioso, logo, um homem movido por convicção. Eu devia, portanto, estar contente, porque, a cada dia que passa, decisões e mais decisões, no Brasil, são tomadas por convicção, por parte de pessoas investidas de autoridade.
O ministro da Secretaria de Governo, segundo notícia veiculada pelo site de notícias G1, em 26/5 às 11:56, afirma que o governo formou convicção de que existe a prática de um locaute no movimento de protesto dos caminhoneiros, e que a Polícia Federal já tem inquéritos abertos para investigar os casos.
Não é a primeira vez que autoridades do Estado promulgam as suas decisões baseadas em convicções:
Há o procurador federal que desenvolveu um PowerPoint para deixar claro que, ainda que não tivesse provas, tinha convicção;
Há o juiz que condenou sem provas deixando claro que, embora, não pudesse comprovar o crime tinha convicção;
Há o mesmo juiz que, exposto em fotos, ao lado de políticos nada isentos, e que poderiam comprometer sua postura ética, garante estar convicto de absoluta isenção, porque o réu que, pasme, ele condenou, sem provas, também, pousa com políticos.
Verdade que o réu, em questão, é político e o fazia por força de ofício… Talvez isso seja um mero e insignificante detalhe.
Pois é, eu não consigo ficar contente num país, cujas autoridades estão eivadas de convicção, é de lamentar que um religioso, como eu, esteja sem nenhuma convicção quanto à seriedade de tais protagonismos, porém, acumulando, pela força dos fatos, cada vez mais provas de que estamos diante da irresponsabilidade, da incompetência e da desfaçatez!
Me lembro de um filme, que mereceu remaker: “o dia em que a Terra parou”, que contava como alienígenas em vez de destruírem os seres humanos, por sua alta periculosidade para o “Cosmos”, subtraíram toda a energia do planeta para dar-nos a oportunidade de recomeçar.