Site Página2 – Uma verdadeira avalanche de notícias falsas ameaça a credibilidade de parte dos meios de comunicação. Em todo o Brasil, vários sites especializados monitoram e oferecem aos leitores ferramentas para constatar a veracidade ou não da notícia. O fenômeno que alcançou o ápice na eleição de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, se espalha no Brasil com impressionante velocidade.
No Maranhão, a prática das notícias falsas não é por assim dizer uma novidade. O caso de maior repercussão ficou conhecido como “Reis Pacheco”. Em 1994, o Sistema Mirante de Comunicação, de propriedade do clã Sarney, divulgou reportagens que acusavam o ex-governador Epitácio Cafeteira de sequestrar, assassinar e ocultar o cadáver do mecânico da Companhia Vale do Rio Doce, Raimundo dos Reis Pacheco, que havia se envolvido num acidente automobilístico, em que faleceu o vereador Hilton Rodrigues, sogro de Cafeteira.
A notícia amplamente repercutida, durante a campanha eleitoral daquele ano, era comprovadamente falsa e a suposta vítima foi encontrada viva e desmentiu o fato. Tarde, porém, para evitar a derrota de Cafeteira para Roseana Sarney.
Nos últimos anos, cresceu a incidência de notícias falsas. Meios tradicionais, blogs e redes sociais. Desde 2014, os veículos de comunicação ligados ao clã Sarney e satélites, tem dedicado a maioria das pautas para criar factoides, especialmente contra a gestão do governador Flávio Dino.
“Nada mais provinciano do que a utilização dos meios locais de comunicação para criação de factoides com objetivos políticos”, afirma o ex-presidente da Associação Maranhense dos Magistrados (AMMA), Gervásio Protásio dos Santos, nas redes sociais.
Levantamento feito pelo Manchetômetro, este ano, mostra que o jornal O Estado do Maranhão inverteu completamente sua estratégia de noticiabilidade, a partir de 1º de janeiro de 2015.
No ano de 2014, último do governo Roseana Sarney 66% das manchetes do jornal sarneysista eram positivas quanto à gestão peemedebista. Apenas 5% eram notícias negativas.
No ano seguinte, os números e o comportamento do jornal se inverteram completamente. Apenas 8% das notícias eram positivas na abordagem ao governo, enquanto 53% eram negativas. As manchetes foram ainda mais desfavoráveis ao governo Flávio Dino, em 2016. Já eram apenas 5% de notícias positivas. Até junho deste ano, apenas 3% das manchetes eram favoráveis ao governo comunista, enquanto 62% eram negativas.

As mais recentes notícias falsas do Jornal “O Estado do Maranhão” pautaram um suposto aumento de impostos pelo governo e atribuíram a questões ideológicas a ausência do governador Flávio Dino em agenda com o embaixador de Israel.
O governador Flávio Dino foi enfático ao afirmar que não há projeto aumento de impostos tramitando na Assembleia Legislativa.
“Esclareço que não existe nenhum projeto de aumento de impostos tramitando. É apenas mais uma mentira de uns poucos inimigos da lei.”, escreveu o comunista nas redes sociais.
Ao negar o reajuste em impostos Flávio Dino criticou as mentiras do sistema Mirante. “Esse pessoal que vive metido em problemas na Polícia e na Justiça, em máfias e quadrilhas, não tem escrúpulos em mentir. Uma pena.”, disse.
Crítica semelhante foi disparada pelo líder do governo na Assembleia, Rogério Cafeteira (PSB). “Ontem foi o embaixador de Israel, hoje foi a Marcha para Jesus, qual será o factoide de amanhã, dessa oposição mimizenta??!!”, disse Cafeteira.
Em nota divulgada nas redes sociais, o governador Flávio Dino explicou que teve de cancelar toda agenda, na segunda-feira passada, por recomendação médica. “Império midiático de Sarney realmente não tem muito o que dizer. Aí desrespeita até o fato de eu ter adoecido por 48 horas. Sei que a mídia sarneysista se acostumou a me ver trabalhando muito, manhã, tarde e noite. Por isso estranham quando fico doente”.
A insatisfação com as falsas notícias é quase unânime. “Deixem o governador trabalhar em paz. Não tem nenhum governador do Estado do Maranhão, que fizesse em quatro anos o que esse rapaz já fez. E fica principalmente a Mirante falando mal do governador. Deixa o rapaz trabalhar em paz. Isso é perseguição política. Temos que acabar com esse negócio”, desabafou o policial militar Laerte, no programa Ponto Final da Rádio Mirante AM.
O secretário Márcio Jerry (Comunicação e Assuntos Políticos) critica a postura do jornal O Estado do Maranhão. “A coluna Estado Maior no jornal O Estado do Maranhão, repetiu a mentira também descaradamente. Povo assim sem vergonha de mentir”, disse Márcio Jerry, referindo-se às recentes notícias falsas.
Dono de um oligopólio de comunicação, o ex-presidente José Sarney confessou em entrevista à revista Carta Capital, em 2005, que utiliza os meios de comunicação como instrumento político. “A única atividade [de nossa família] em empresas é relativa à atividade [sic] política: jornal, rádio e televisão. Temos uma pequena televisão, uma das menores, talvez, da Rede Globo. E por motivos políticos. Se não fôssemos políticos não teríamos necessidade de ter meios de comunicação.”
A declaração de Sarney é autoexplicativa. Não por acaso, o Sistema Mirante de Comunicação bate recorde em fake news e ao que parece pouco importa que isto comprometa o que resta de credibilidade junto à população.