A Advocacia Geral da União e o Ministério da Justiça vão fazer uma análise minuciosa nos áudios das ligações divulgadas pela operação Lava Jato com o objetivo de verificar se houve alguma ilegalidade na maneira como o grampo foi realizado; uma das gravações deixa em dúvida se o telefone interceptado pelos policiais era algum vinculado à presidente Dilma Rousseff ou se era o do segurança Valmir Moraes da Silva, um militar que trabalha com o ex-presidente Lula “Não é normal ouvir a voz de alguém que não é o alvo da investigação antes da chamada iniciar. Se isso ocorreu, pode ser que os dois telefones estivessem interceptados”, diz o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luís Boudens
247 - A Advocacia Geral da União e o Ministério da Justiça vão fazer uma análise minuciosa nos áudios das ligações divulgadas pela operação Lava Jato com o objetivo de verificar se houve alguma ilegalidade na maneira como o grampo foi realizado. Uma das gravações deixa em dúvida se o telefone interceptado pelos policiais era algum vinculado à presidente Dilma Rousseff ou se era o do segurança Valmir Moraes da Silva, um militar que trabalha com o ex-presidente Lula. O motivo é que antes de Moraes atender à chamada é possível ouvir a voz de uma mulher dizendo: “Ela quer falar com o Lula e ‘tá’ na sede...”. Na sequência, o segurança atende o telefone, ouve da funcionária da presidente que ela quer falar com o líder petista e passa o telefone a ele.
“Não é normal ouvir a voz de alguém que não é o alvo da investigação antes da chamada iniciar. Se isso ocorreu, pode ser que os dois telefones estivessem interceptados”, ponderou o presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais, Luís Boudens, que por 14 anos trabalhou com o programa de escutas Guardião.
A chamada em questão ocorreu às 13:02 do dia 4 de março, poucas horas após Lula ser conduzido à força para prestar depoimento na Polícia Federal, em São Paulo. A ligação saiu de um telefone fixo de Brasília para o celular de Moraes no momento em que Lula estava na sede do PT paulista participando de uma reunião com militantes e congressistas aliados ao Governo.
Na ocasião, a presidente queria saber detalhes sobre a condução coercitiva de Lula. O então ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, também falou com ele na mesma chamada.
O sinal de alerta foi tamanho que o recém empossado ministro da Justiça, o procurador de Justiça Eugênio Aragão, já foi escalado para tratar do assunto. “Existem várias circunstâncias que sugerem que tenha sido feita uma interceptação ilegal e nós vamos atrás delas. Vamos com muito rigor atrás delas e vamos tirar as consequências disso, doa a quem doer”, afirmou.