Reflexão Bíblica: ISCA E ANZOL




Por ELIAS MUNIZ DE DEUS

Estou sentindo uma inquietação daquelas do tipo grilo que vai trilando pensamentos e produzindo visões surreais de coisas, e principalmente de pessoas que estão muito próximas de mim. Não sei como explicar o que pretendo dizer, mas o quanto me custa ser afável e comedido nas vias do mundo virtual, também sinto me corroer por dentro algo indigno e frívolo, se o foco da minha pretensão for considerado apenas do ponto de vista de quem prefere a isenção aos problemas, ou intrometimento descabido, se o que está visível não tiver consistência quanto à validade de outras experiências conhecidas que resultaram em malefícios e tragédias de ordem social, moral e espiritual, haja vista o recente caso da jovem Eloá, para omitir nomes de pessoas do nosso meio que sobrevivem à duras penas aqui bem ao lado do nosso quintal. 

Será que isto é apenas uma forma hiper-realista de ver coisas? Acho que não, talvez o excesso de zelo me coloque em ciúmes inconvenientes, mas eu sei que apesar do que parece, ainda prefiro ter esperanças, especialmente quando do mundo real me vem imagens que me proporcionam o encantamento pelo que é belo, particularmente quando as tais imagens arremetem ao lúdico passivo dos sonhos, aqueles chamados de sonhos bons que na verdade são somente presságios, visualizações cristalizadas do inconsciente, ideias que talvez nunca se realizem por absoluta incompatibilidade com o mundo real. 

Não vou negar que já vi muitas coisas aças perturbadoras por aí, gestos, olhares e palavras, que não se ajustam aos valores que atribuí ter algumas pessoas da minha melhor amizade, principalmente aquelas que me pareciam ser coerentes e com princípios bem formados, e sobre tudo, que em razão das crenças confessadas, não teria eu porque duvidar de ninguém, até mesmo pela simples razão de termos em comum os mesmos ambientes, o que em tese se constitui agravantes íntimos para as minhas conjecturas, trato de pessoas a quem me apeguei incondicionalmente, muitas das quais continuam tendo a minha admiração. 

Entretanto a angustia empalidece os olhares inquietos dos que procuram rumores, e não são poucos os que, sem nenhuma cautela leem nas entrelinhas, garimpam presunçosos qualquer comentário, que sirva de estilingue para estilhaçar de preferência os telhados transparentes dos vizinhos incomodados. 

Imagino que se perguntas fossem feitas diretamente, de pronto as respostas pipocariam, e com certeza seriam simáticas. Bisbilhotice e inconveniência são coisas tão inflamáveis que seria melhor não mexer no que está quieto. Mas como evitar o dano se o problema é real? E os que dele se ocupam o fazem muito mais pela distorção, propriamente dita, do que pela vontade de saber o que será feito para interromper o processo antes que seja tarde. O que torna isso preocupante é que, se calarmos agora consentiremos com a desgraça e infelicidade de pessoas que nos são muita caras, estaremos omitindo fazer a única coisa possível nestas circunstâncias “Gritar”, avisar, e tentar fazer ver que beira do abismo é a última parada antes do precipício, e que a gravidade do que está acontecendo não permite esperar que o tempo determine por si mesmo fazer os acertos na vida de cada um, não dá para confiar que no fim tudo se acomode, e que entre mortos e feridos todos se salvem. 

Sabemos que não é bem assim, e para acordar os desavisados recomendamos um olhar atento com disposição para aprender as lições praticas do caso de Peor em Números 25. Lá as mulheres cananitas serviram de iscas para atrair os homens hebreus e arrastá-los para as suas crenças e Deuses. Elas foram tão bem sucedidas ao ponto de que o Deus de Israel interveio castigando duramente o povo israelita. Acho que muitas pessoas imaginam que, dado a eficiência daquelas mulheres, o mesmo artifício se colocado em prática pelas hebreias resultaria em atrair os homens cananeus à conversão, ou seja: Eles seriam atraídos para a adoração ao Deus verdadeiro. Entretanto, é evidente que as coisas nunca funcionam assim, quando se trata da mistura entre os filhos de Deus e os filhos do mundo, as consequências serão sempre desfavoráveis para os filhos de Deus. 

Em outras palavras podemos afirmar que Deus não quer que as mulheres do seu povo sirvam de isca para ninguém, é errado achar que as moças crentes, as melhores moças das nossas igrejas sejam suficientemente fortes para conseguirem resultados diferentes, é desalentador perceber que há um consentimento dissimulado, não diria inocente, mas descuidado enquanto conveniente, uma leniência que não repudia dar pérolas aos porcos, há uma insensibilidade em não temer pela vida e os dissabores que virão em função das escolhas que ora estão sendo experimentadas, decisões que estão levando em conta apenas os sentimentos de carência afetiva, ou talvez algum azedume vingativo resultado de entreveros amorosos com quem, e de quem não era esperado acontecer. 

Ora todas estas coisas não contribuem para edificar, nem santificar vidas não convertidas, e nem garantirão a tão desejada felicidade que todos buscam. O que realmente está em curso é um ardil diabólico para que as pérolas (moças e rapazes) se deixem prender pelo primeiro que lhes faça um elogio, um gracejo simpático e pronto. E nisto o diabo "abana o rabo", pois, o que ele quer mesmo é seduzir para humilhar, para tirar a dignidade, para despojar de tudo, e se possível fazer com que se tornem imundos e rejeitados por Deus. 

Fico imaginando o poder de atração que uma isca apetitosa exerce sobre os peixes, qualquer um (predador ou descuidado), que se esconde sob as águas turvas do oceano mundano que nos cerca. Não é exagero, e mesmo quem nunca pescou com vara, sabe que o destino da isca é anzol. Jesus insistiu nesta advertência, “não atirem pérolas aos porcos.” – Portanto, não sejamos imprudentes, não se permita chafurdar na lama com os porcos, não foi para isso que o Espírito Santo nos encontrou e fez às transformações hoje conhecidas, filhos e filhas do mundo éramos, mas fomos feitos filhos de Deus, se cremos assim! 

Então sabemos que não está nos planos de Deus que, os que o conhecem caiam na sedução dos infelizes atrativos do diabo, e se permitam transformar em minhocas presas em anzóis, na mais humilhante e perversa condição de desprezíveis iscas que para nada mais servirão senão para fisgar lambaris, bagres ou piranhas.

ELIAS MUNIZ DE DEUS
Igreja Cristã Evangélica Peniel em Teresina PI.