Por JM Cunha Santos/Blog do John Cutrim/Jornal Pequeno
A insistência com que repetem na mídia eletrônica que o grupo Sarney acabou, me fez ligar o desconfiômetro. Acabou mesmo? Mas quem deu início a essa conversa foi o sobrinho-neto do próprio Sarney, Adriano Sarney muitas vezes apontado como herdeiro político preferencial do clã. Seria seguido em suas elucubrações pelo deputado Stênio Rezende, um dos mais ranzinzas sarneisistas da história do Maranhão e imediatamente referendado pelo deputado César Pires, o último dos líderes do governo Roseana.
Roseana instalou-se em Miami, Sarney não tem mais mandato, não conseguiu nomear um único ministro, mas é de se perguntar até que ponto isso significa o fim do grupo Sarney no Maranhão. É de se indagar se Adriano Sarney faria essa declaração sem o aval do tio-avô e quais seriam os reais interesses de Stênio Rezende e César Pires em apressar o fim da oligarquia de que se beneficiaram durante tanto tempo. Como diria minha avó, nesse mato tem coelho.
Afinal de contas, mal chegamos a duas semanas da vitória de Flávio Dino e o grupo que dominou o Maranhão durante 50 anos decreta a própria extinção? Com o que reforça as auditorias, medidas anticorrupção, apuração em torno da propina recebida por Roseana e descoberta na “Operação Lava-Jato”, privatização da Fundação da Memória Republicana, dentre outros atos decretados pelo novo governo que podem levar à punição do alto clero da cúpula sarneisista. Está me parecendo fácil demais.
Um sinal de que de alguma forma posso ter razão é o enfraquecimento da liderança do deputado Roberto Costa no PMDB de João Alberto e o crescimento da deputada Andrea Murad dentro do mesmo partido. A parlamentar se dispõe até a enfrentar a candidatura de Humberto Coutinho à Presidência da Assembléia, tida por sacramentada entre a maioria dos parlamentares.
Por fim, é bom lembrar que Sarney sempre agiu em silêncio, como fogo de monturo, esperando o momento certo para incendiar tudo e botar até os bombeiros para correr. Se dissessem que o grupo se reduziu, que muitos acostumados a mamar nas tetas do governo vão passar para o lado adversário, seria mais fácil absorver. Mas o fim do grupo Sarney, decretado por parentes e aderentes, em menos de duas semanas, me cheira mais a estratégia de guerra e conversa pra boi dormir.