Carlos Madeiro
Do UOL, em São Luís
A imposição do diretório nacional do PT para que o partido se coligasse com o PMDB do candidato ao governo do Maranhão, o senador Lobão Filho, obrigou parte da militância e candidatos petistas a improvisarem e até usarem artifícios ilegais para apoiar o candidato da oposição, Flávio Dino (PC do B).
Ainda em julho, os dissidentes deram o primeiro passo ao criarem o comitê da militância petista, na avenida Beira-Mar, onde distribuem material de campanha de Dino e de Dilma Rousseff.
O comitê fica ao lado de outro, do candidato Lobão Filho, que exibe com destaque a foto de Lobão ao lado de Dilma e Lula. Os dois ficam em área nobre da capital maranhense.
Em São Luís, o UOL encontrou muitos cartazes com fotos de Dilma e Flávio Dino juntos, mas sem identificação da coligação que o fez –o que não é permitido pela legislação eleitoral.
Procurada, a assessoria do candidato Flavio Dino negou que os cartazes com a foto dele com Dilma tenham sido espalhadas pela sua campanha. Disse ainda que, como tem o apoio de PSB e PSDB, não declara o voto para presidente.
Para fugir de punições e censura nas propagandas, candidatos petistas a deputado criam táticas para pedir votos ao comunista.
Um caso interessante é do candidato a deputado federal Márcio Jardim. Para demonstrar apoio a Dino, escolheu a mistura dos números do PT com o PC do B. “Meu número é 1365. Vou repetir. Entendeu, né? É 13… 65″, diz ele na propaganda de TV, que ficou conhecida no Estado justamente pela ironia.
Nesta sexta-feira (3), ele fez campanha ao lado do comunista na periferia de São Luís, usando militância com duas placas, uma com o número 13 e outra, maior, com o número 65, chamando a atenção.
“Apoio Dino para manter uma coerência do PT de combate à oligarquia Sarney no Maranhão. Como o partido da transformação, o PT não poderia ficar fora dessa mudança no Estado”, disse ao UOL.
Mais adeptos
Segundo Elias Pereira, coordenador do comitê da militância petista, o número de candidatos do partido que se rebelam contra a candidatura de Lobão cresce a cada dia. “Todo mundo sabe que foi uma aliança feita pelo diretório nacional do PT num acordo nacional para o Michel Temer ser vice da Dilma. Mas essa não é vontade da nossa presidente, nem do Rui Falcão [presidente nacional do PT]. Com a campanha se fortalecendo, o número de petistas nessa campanha cresceu muito”, disse.
Para justificar o pedido supostamente irregular de votos contra o candidato da chapa do PT, Pereira usa o argumento nacional. “O PC do B faz parte da aliança nacional, então não há nada incoerente. O que seria incoerência era apoiar essa oligarquia, que domina o Estado há 50 anos”, afirmou.
Sem visitas
Durante a campanha, Edison Lobão contou apenas com um depoimento de Lula, em vídeo, pedindo votos para ele. Segundo petistas ouvidos pelo UOL, nem Lula, nem Dilma, nem qualquer dirigente nacional petista veio ao Maranhão por conta da resistência da militância local em subir no palanque do candidato da família Sarney.
A visita de maior expressão ao Maranhão foi do vice-presidente Michel Temer, que veio ao Estado e, num palanque ao lado de Roseana e José Sarney, pediu votos para Lobão Filho.