FRAUDADORES ATRÁS DAS GRADES
OSWALDO VIVIANI E G1 PARÁ
A Polícia Civil do Pará apresentou na segunda-feira (17), na Divisão de Investigação e Operações Especiais (DIOE), em Belém, dois homens acusados de estelionato. Os maranhenses de Bacabal Eduardo Fernandes Facunde e seu filho Eduardo Fernandes Facunde Júnior eram donos das lojas Eletromil, que oferecia produtos na modalidade compra premiada – um sistema semelhante ao consórcio ou à pirâmide financeira – mas que, segundo os clientes, não entregava as mercadorias para os sorteados, mesmo mediante o pagamento das parcelas. Os golpistas também atuavam no Maranhão e no Ceará. Só no Pará, havia 40 empresas especializadas no golpe da compra premiada.
De acordo com a polícia, pelo menos 10 mil pessoas teriam sido enganadas nos municípios de Belém, Capanema, Castanhal e Ananindeua, totalizando uma fraude estimada em R$ 30 milhões. No Maranhão, segundo o Ministério Público Estadual, a fraude alcançou igual montante, e lesou consumidores em cerca de 20 municípios.
Eles faziam todo um ardil, no sentido de enganar, lesar a população, fechando as portas antes do pagamento e fugindo, disse o delegado Neivaldo Silva, da DIOE.
Segundo a polícia, os dois suspeitos tinham prisão preventiva decretada desde 2012 e estavam foragidos. Na última segunda-feira, a DIOE recebeu a informação de que pai e filho estavam em Juazeiro do Norte, no Ceará.
Enquanto se deslocavam para o Nordeste, os policiais foram avisados de que os procurados haviam se mudado para Teresina (Piauí). Eduardo Facunde foi preso em uma loja de conveniências, enquanto o filho dele foi localizado na casa da sogra, horas depois.
Durante o funcionamento das lojas Eletromil, a polícia paraense chegou a receber 800 denúncias contra a empresa. Eduardo Facunde e Eduardo Filho também eram procurados no Maranhão, e devem responder pelos crimes de estelionato, formação de quadrilha e fraude, além de crimes contra o consumidor, como propaganda enganosa e indução do consumidor ao erro.
A também maranhense Maria Sailene Gomes Facunde, mulher e sócia de Eduardo Facunde e mãe de Eduardo Filho – que também tem prisão decretada desde 2012 -, continua sendo procurada pela polícia. Ela teria fugido para o interior do Ceará.
NO MARANHÃO – Após apurar nos órgãos de defesa do consumidor (Procon e Decon) que quase mil pessoas haviam registrado denúncias contra a Eletromil – sendo sorteadas e não recebendo os bens prometidos -, a 2ª Promotoria de Defesa do Consumidor do Maranhão, por meio da promotora Lítia Teresa Costa Cavalcanti, entrou, em abril de 2012, com uma Ação Civil Pública contra cinco empresas do grupo, que atuavam no estado desde 2011, com as seguintes denominações e endereços, nas cidades de São Luís, Bacabal e Açailândia:
Eletromil Administração e Participação Societária Ltda (Rua São Vicente de Paulo, 300 A, João Paulo); Empreendimentos Eletromil e Participações Ltda (Rua São Vicente de Paulo, 300 A, João Paulo); MS Gomes Facunde (Rua Getúlio Vargas, 578, Bacabal); EFF Comércio e Representação Ltda (Rua Tácito Caldas, 45, Açailândia); e Eletromil Comércio de Móveis Ltda (Rua Getúlio Vargas, 578, Bacabal).
Também foram acionados pelo MP Eduardo Fernandes Facunde; seu filho Eduardo Fernandes Facunde Júnior; sua filha Bruna Suellen Gomes Facunde; e sua mulher Maria Sailene Gomes Facunde – todos sócios da Eletromil.
O MP do Maranhão pediu, e a Justiça acatou, a prisão dos sócios da Eletromil, a interdição de todas as lojas da empresa no estado e o arresto de bens dos réus, assim como a anulação dos contratos celebrados e a reparação (indenização) dos consumidores pelos danos morais e patrimoniais sofridos.
Após decretada a prisão pela Justiça maranhense, ainda em abril de 2012, os donos da Eletromil fugiram do estado – deixando um rastro de prejuízos a milhares de pessoas em duas dezenas de municípios.