A família do entregador de frangos Márcio Ronny da Cruz, de 37 anos, que teve 72% do corpo queimado após tentar salvar duas crianças de um ônibus em chamas, no Maranhão, pede doações de sangue. Ele está internado no Hospital de Queimaduras, em Goiânia, e precisa de quatro bolsas por dia. “Precisamos de ajuda, pois ele já usou mais de 100 bolsas de sangue e o banco pede que a gente leve doadores. O problema é que minha família está toda em São Luís (MA) ”, afirmou ao G1 a irmã de Márcio Ronny, a educadora Assunção da Cruz Neves.
A mulher diz que a situação do entregador é delicada. “Ele apresenta alguns períodos de melhora, mas de repente fica instável de novo. Até que essa situação se resolva, os médicos não dão uma previsão do que será feito”, diz. Segundo o boletim médico, divulgado nesta terça-feira (21), o paciente segue em estado grave e respira com a ajuda de aparelhos.
Assunção conta que o irmão já passou por duas cirurgias para o implante de pele. “Cerca de 25% do tecido morto em função das queimaduras de terceiro grau foram removidos, mas ele ainda tem uma batalha muito grande pela frente. Mas continuamos com esperança de que ele vai superar tudo isso”, ressaltou Assunção.
Para acompanhar Márcio Ronny, ela se mudou temporariamente para Goiânia. “Estou em um abrigo de uma igreja e muita gente tem me procurado para oferecer ajuda. Mas o que mais precisamos agora é de voluntários para doar sangue mesmo. Por isso, peço para quem puder que faça esse ato de solidariedade”, pediu a educadora.
O entregador de frango é uma das cinco vítimas dos ataques a ônibus ocorridos no último dia 3 de janeiro, em São Luís (MA). Ele voltava do trabalho para casa quando o ônibus em que estava, na Vila Sarney Filho, foi incendiado. O homem teve 72% do corpo queimado quando ajudou a retirar do veículo duas meninas, entre elas Ana Clara Santos Sousa, 6 anos. Ele a abraçou ao sair, pois a criança estava em chamas. A garota teve mais de 90% do corpo queimado e morreu no dia 6 de janeiro.
Márcio Ronny foi transferido para o Hospital Geral de Goiânia (HGG) no último dia 8. Após passar pela segunda cirurgia, ele foi levado para o Hospital de Queimaduras, no dia 13, onde permanece internado.
A irmã diz que ainda não tem a dimensão da violência a que o entregador foi submetido. “A situação toda foi horrível, um ataque em pleno transporte coletivo, mas até agora parece que a ficha não caiu. Mas tenho fé de que Deus está à frente de tudo e vai salvá-lo”, disse Assunção.
As doações de sangue podem ser feitas no Instituto Goiano de Oncologia e Hematologia (Ingoh), que fica na Rua 87, nº 598, Setor Sul (próximo a Faculdade Universo), em Goiânia, das 7h às 17h. É preciso ter entre 16 e 67 anos, sendo que os menores precisam de autorização dos pais. O doador precisa levar um documento oficial com foto. A lista completa com os requisitos pode ser consultada no site do Ingoh.
Do Jornal Pequeno