Roseana Sarney, governadora do Maranhão.
Roma falou. Ou melhor: Brasília.
A
crise da segurança Pública no Maranhão agravou-se desde o mês passado.
Finalmente, na última sexta-feira, a presidente Dilma Rousseff postou
sete mensagens consecutivas em seu twitter.
Para
dizer que acompanha a crise, que despachou para São Luís seu ministro
da Justiça e que providências para controlá-la começaram a ser tomadas.
Citou algumas. E voltou a se calar.
Todo
cuidado é pouco. Dilma é candidata à reeleição. Há quatro anos, depois
do Amazonas, foi o Maranhão, feudo da família Sarney há meio século, o
Estado a lhe conferir a maior vantagem de votos sobre Serra (PSDB) – 79%
dos válidos no segundo turno.
Primeiro
cacique a se incorporar em 2002 à campanha de Lula, José Sarney foi o
único a acompanhá-lo no avião que o devolveria a São Paulo oito anos
depois.
Lula aprendeu a gostar dele.
No passado, em comício no Maranhão, chamou Sarney de “ladrão”. No
governo, encantado com seu apoio, batizou-o de “homem incomum” e fez-lhe
quase todas as vontades.
A
crise da segurança pública que provocou até aqui a decapitação de
presos, atentados contra delegacias e a morte de uma criança queimada
por bandidos, veio em má hora para os Sarney – e, por tabela, para
Dilma.
Há um candidato favorito ao
governo do Maranhão e ele é adversário da família – Flávio Dino,
advogado, ex-deputado federal, filiado ao PC do B e atual presidente do
Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur).
No
plano nacional, o PC do B está com a candidatura Dilma e não abre. No
Maranhão, Dino está com a candidatura a presidente de Eduardo Campos
(PSB), governador de Pernambuco. E também não abre.
Ali,
na mais recente eleição municipal, o PSB apoiou Edivaldo Holanda Junior
(PTC) para prefeito de São Luís, e indicou seu vice. Eduardo participou
ativamente da campanha de Edivaldo. Que agora é eleitor de Dino.
Em Pernambuco, empurrada por Lula e Eduardo, Dilma teve três quartos dos votos. Agora não terá mais.
Minas Gerais presenteou-a no segundo turno com quase 60% dos votos válidos.
O
candidato majoritário de Minas Gerais à vaga de Dilma é o senador Aécio
Neves (PSDB). Que espera colher em São Paulo, com a ajuda do governador
Geraldo Alckmin, candidato à reeleição, uma vitória igual ou maior do
que a de Serra em 2010.
A luz amarela
está acesa nos bastidores da campanha por ora informal de Dilma. Vê só
por que ela aparenta estar alheia ao que acontece no Maranhão?
Alguém
viu por aí a ministra dos Direitos Humanos? Ela não deveria ter viajado
ao Maranhão? Roseana vetou – e Dilma acatou o veto.
O
procurador geral da República deverá pedir intervenção federal no
Maranhão. A ministra dos Direitos Humanos empenhou-se para que seus
conselheiros não pedissem. Foi bem-sucedida.
Roseana deixará o governo em abril próximo para ser candidata ao Senado.
Somente na semana passada ela quebrou o silêncio e falou sobre a crise.
Foi
um desastre. Agrediu o bom senso. Revelou-se despreparada para o
exercício do cargo que ocupa pela segunda vez. Traiu a arrogância de
quem está acostumada a não dar satisfações ao distinto público.
Cometeu
a frase desde já candidata à frase do ano: “Um dos problemas que está
piorando a segurança é que o Estado está mais rico”.
O
Maranhão tem a pior renda per capita entre os 27 Estados brasileiros.
Está em 26º lugar em matéria de Índice de Desenvolvimento Humano. Quase
40% de sua população são pobres.
Ali, manda a família comum de um homem incomum.
Publicado no Blog do John Cutrim/Globo