Jorge Vieira/Jornal Pequeno
Visivelmente emocionado, o deputado Bira do Pindaré fez ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa, seu discurso de despedida do PT, após 23 anos de militância. “Não é uma decisão fácil para uma pessoa como eu que sempre fiz da militância política a luta por um ideal, por mudanças sociais, por novas formas de fazer política e pela liberdade do povo maranhense”, observou.
Como militante petista, Bira alcançou posições importantes. Foi presidente do Sindicato dos Bancários, Delegado Regional do Trabalho e disputou os mandatos de senador e deputado estadual. Ele ressaltou sua candidatura ao Senado em 2006, quando não teve o apoio da Direção Nacional, que apoiou Cafeteira, inclusive com declarações do presidente Lula. Em 2010, houve a intervenção nacional impedindo a aliança com o PCdoB de Flávio Dino; na chapa, Bira seria novamente candidato ao Senado, conforme deliberação democrática tomada pela militância no Estado.
O parlamentar recordou uma série de fatos que o levaram a formar a convicção de se desligar da legenda, e citou como exemplo a pré-campanha eleitoral de 2012, quando as pesquisas indicavam o seu nome como a melhor opção do PT para prefeito de São Luís, mas foi preterido em favor da candidatura de Washington Oliveira, que terminou em quarto lugar. Destacou também a supressão de suas prerrogativas como dirigente da Executiva Estadual, onde exercia o cargo de secretário de Organização, pelo presidente do PT.
Bira disse que sua resistência acabou quando o vice-governador tornou público o convite para que os dissidentes da aliança com o PMDB se retirassem. “Não fosse o suficiente, negaram-me expressamente o direito de participação na propaganda partidária, preterindo a mim em relação a outros, e tudo isso oficializado em carta assinada pelo presidente do partido. Não me sobrou escolha. Sou forçado a sair do PT e procurar outro caminho. Não saio por opção, saio porque fui convidado mais de uma vez a deixar o partido”, declarou.
Após o pronunciamento de despedida, Bira recebeu a solidariedade de vários parlamentares da base da oposição e do governo.